Marcos Veiga dos Santos
Ultimamente, a demanda de vacinas contra mastite parece ter aumentado. Entretanto, diversos produtores e técnicos têm tido dificuldades de encontrar no mercado brasileiro vacinas contra mastite que tenham eficácia cientificamente comprovada através de estudos sérios. É importante, então, conhecermos quais as vacinas que atualmente podem ser recomendadas como ferramentas auxiliares no controle da mastite para evitarmos a utilização de produtos muitas vezes disponíveis no mercado e com eficácia questionável.
Deve-se destacar que o uso de qualquer tipo de vacina não é recomendado para tratamento de infecções existentes e não substitui o emprego de um programa de controle de mastite, cujo conjunto de medidas preventivas têm o objetivo de prevenir e reduzir a ocorrência de mastite no rebanho. Levando isto em conta, pode-se dizer que uma estratégia eficiente para aumentar a capacidade de resposta imune da vaca se dá através da vacinação, tendo como objetivo elevar a concentração de anticorpos no sangue e no leite contra um agente específico.
São conhecidas atualmente dois tipos de vacinas contra mastite que comprovadamente apresentam efeitos positivos no controle de mastite. As vacinas disponíveis no mercado são a J5, contra mastite causada por coliformes e a vacina baseada em antígeno capsular de Staphylococcus aureus. Ambas as vacinas tem sido comprovadamente eficazes na diminuição da severidade dos casos clínicos e aumento da taxa de cura espontânea, apresentando boa relação custo:benefício.
Deve ser ressaltado o papel importante da nutrição sobre a saúde da glândula mamária, principalmente de micronutrientes e vitaminas, entre eles o selênio, vitamina E e cobre, os quais possuem efeito de aumentar a capacidade de resposta imune do animal contra infecções. Pesquisas recentes indicam que deficiências de vitamina E e selênio resultam em aumento da incidência de mastite. Desta forma, um adequado fornecimento deste nutrientes é fundamental para aumentarmos a capacidade de resposta imune da vaca.
Em termos de agentes causadores de mastite, o S. Aureus é considerado o principal microrganismo causador das mastites contagiosas, sendo transmitido principalmente no momento da ordenha, apresentando alta prevalência entre os rebanhos. Este patógeno apresenta grande dificuldade de controle devido à:
* Dificuldade de identificar os animais infectados;
* Existência de múltiplos reservatórios do agente: animais infectados, mãos dos ordenhadores, lesões nos tetos;
* Resistência do organismo à maioria dos antibióticos disponíveis;
* Inadequado manejo de ordenha e mau funcionamento do equipamento de ordenha.
A seguir apresentamos os resultados de alguns experimentos com vacinas contra mastites causadas por S. aureus. Em experimentos realizados na Argentina utilizando-se 2 doses de uma vacina baseada em antígeno capsular de S. aureus novilhas, houve redução de mastite clínica de 1,6% para 0,4% nas novilhas vacinadas. Para a mastite subclínica, houve diminuição de 8,6% para 3% com o uso da vacina. Para aninais adultos, o índice de mastite clínica diminuiu de 2,3% para 0,6% entre os animais não vacinados e vacinados, respectivamente, enquanto a mastite subclínica foi reduzida de 10,7% para 6,8%.
Quanto à mastite ambiental, este grupo de agentes tem aumentado a sua importância, uma vez que alguns rebanhos começaram a implantar medidas de controle da mastite contagiosa, o que leva ao aumento relativo dos casos clínicos de mastite ambiental. Os experimentos realizados com a vacina J5 demonstraram que pode ocorrer redução de 70 a 80% de casos clínicos severos, sendo que a vacinação anual dos animais é economicamente viável quando o rebanho apresenta incidência superior a 1% de casos clínicos de mastite causado por coliformes. Em termos práticos, a principal vantagem da vacinação contra mastite causada por coliformes é a redução de mortes e diminuição da severidade dos sintomas dos casos de mastite ambiental. Paralelamente à vacinação, é importante propiciar aos animais um ambiente que seja limpo, seco e confortável, o que auxilia na redução das novas infecções intramamárias.
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fonte: MilkPoint