Marcos Veiga dos Santos
O uso de tratamento com antibióticos contra a mastite tem sido uma das ferramentas muito utilizadas em rebanhos leiteiros, entretanto, para que a sua utilização seja realmente eficaz é importante conhecer mais sobre o assunto, de forma a compreender melhor a sua real importância dentro de um programa de controle.
Primeiramente, é importante destacar que para a grande maioria dos agentes causadores de mastite a taxa de cura com o uso de tratamento com antibiótico é baixa, o que associado à necessidade do descarte do leite com resíduos de antibióticos durante o tratamento e o período de carência, torna o tratamento de mastites subclínicas não recomendado, devido à relação custo:benefício desfavorável.
No entanto, o tratamento intramamário é recomendado em casos de mastite clínica, nos quais ocorre alteração do leite ou do úbere do animal, devendo-se começar o tratamento o mais rápido possível para aumentar as chances de sucesso no tratamento. Em rebanhos que apresentam alta prevalência de mastite causada por Streptococcus agalactie, um agente altamente contagioso, o tratamento é altamente recomendado pois este microrganismo é bastante sensível à maioria dos antibióticos.
Diferentemente do que pensa a maioria dos técnicos da área, a baixa eficácia do tratamento intramamário com antibiótico se deve a diversos fatores e não unicamente devido à resistência bacteriana a alguns tipos de drogas utilizadas. Dentre as diversas razões para falhas na terapia contra a mastite, podemos apontar:
* O antibiótico não chega ao sítio da infecção em concentrações adequadas
* Dormência de bactérias
* Bactérias com parede celular incompleta
* Bactérias encapsuladas
* Alguns antibióticos têm um efeito deletério sobre a função neutrofílica
* Reinfecção a partir do canal do teto, devido à falha na eliminação da infecção tratada
Deste conjunto de informações, podemos tirar como conclusão direta que ainda que possa ser utilizada como informação auxiliar na escolha do antibiótico a ser usado, os testes de sensibilidade in vitro (antibiograma) não devem ser usados com objetivo de selecionar o antibiótico para tratamento de uma vaca em específico. Isto se deve ao fato de que o antibiograma apresenta pouca correlação entre os resultados obtidos em laboratório e o que acontece no animal.
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fonte J. Dairy Sci. 1999. 82:1664-70.