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S. uberis: agente contagioso ou ambiental

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 02/06/2003

3 MIN DE LEITURA

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Tradicionalmente os reservatórios de agentes ambientais da mastite são o próprio ambiente da vaca e a transmissão dos novos casos ocorre pela exposição da extremidade do teto aos microorganismos, enquanto o reservatório dos agentes contagiosos é o úbere infectado de um animal doente, sendo que neste caso a transmissão ocorre de vaca para vaca. Esta classificação é muito útil, pois permite identificar os pontos mais críticos que devem ter prioridade no controle da mastite ambiental e contagiosa.

No entanto com o aparecimento do conceito de que dentro de uma espécie de agentes causadores de mastite podem ocorrer diferentes "cepas", algumas delas não mais podem ser classificadas de maneira tão simples. O conceito de cepa bacteriana pode ser grosseiramente representado pelo conceito de raça em animais, que dentro de uma mesma espécie existem animais com determinadas características fenotípicas similares e bem definidas que os diferenciam de outras raças. Ainda que possa ser útil para identificar a compreensão, a tipagem de bactérias não é ainda tão padronizada, podendo ser realizada por vários métodos.

O Streptococcus uberis apresenta inúmeras cepas e os estudos mais recentes apontam para uma dificuldade de classificação estrita deste agente como contagioso e ambiental. Por exemplo, quando várias vacas dentro de um rebanho estão infectadas com diferentes cepas de S. uberis a transmissão desta infecção não deve ter ocorrido de vaca para vaca, pois neste caso todas as cepas seriam iguais. Diversos estudos que encontraram esta situação reforçam a evidencia de que o S. uberis é um agente ambiental. Contudo, ainda dentro de um mesmo rebanho, outros estudos dão conta de que uma mesma cepa de S. uberis infecta diferentes vacas e em alguns casos diferentes quartos da mesma vaca e, portanto pode-se sugerir que também ocorra a transmissão de vaca para vaca, caracterizando o S. uberis como um agente contagioso.

Estas evidências de estudos utilizando técnicas de biologia molecular foram realizadas em diversos países do mundo, sugerindo, assim, que pode co-existir no mesmo rebanho a transmissão a partir do ambiente e a de vaca para vaca (contagiosa), o que depende da cepa específica que predomina neste caso.

As diferenças epidemiológicas entre várias regiões do mundo podem ser resultado de diferenças de manejo adotadas, grau de resistência da vaca e tipo de cepa encontrada.

Paralelamente às pesquisas moleculares de tipagem de S. uberis, podemos utilizar as informações de epidemiologia deste agente obtidos nos rebanhos leiteiros em outros estudos. A maioria das informações, neste caso, confirma que as infecções causadas por S. uberis tem como origem o ambiente. Como exemplo este agente foi isolado a partir de diversas origens do ambiente (esterco, cama), além de causar infecções em vacas secas e novilhas, o que aponta para a transmissão a partir do ambiente, visto que estas categorias de animais não são submetidas à ordenha. Além disso, as medidas empregadas tradicionalmente para o controle de mastite contagiosa não têm completo sucesso no controle de S. uberis para estas cepas.

Por outro lado, as medidas de controle de mastite contagiosa auxiliam na redução da transmissão do S. uberis em vacas em lactação, como pela utilização de desinfetantes de teto e terapia de vaca seca. Mais uma vez as evidências de estudos epidemiológicos dos rebanhos leiteiros reforçam a idéia de que o S. uberis pode ser tanto um agente contagioso quanto um agente ambiental.

Em termos estratégicos de manejo, o controle do S. uberis deve enfocar tanto medidas para a sua redução em novilhas e vacas secas (adequada nutrição e controle ambiental) quanto a prevenção, da transmissão do agente de vaca para vaca (desinfecção dos tetos, tratamento, segregação e manejo de ordenha adequado). Em resumo, esta dupla natureza da via de transmissão do S. uberis o torna um agente de difícil eliminação do rebanho. Na representação esquemática abaixo, o S. agalactiae (S. ag.) é considerado totalmente contagioso e a E. coli totalmente ambiental, sendo que os demais agentes apresentam padrões intermediários de modo de transmissão.

Figura 1: Escala comparativa de classificação entre agentes causadores de mastite contagiosa e ambiental.
 


Fonte: Zadocks e Schukken, Encontro Anual NMC, 2003.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 05/01/2015

Prezado José, a mastite ambiental tem como origem principal os locais onde a vaca fica alojada, assim como depende da higiene de ordenha. Na minha opinião, a venda do rebanho e retorno posterior NÃO  resolve o problema, pois a mastite é um desafio constante e não pode ser erradicada e sim controlada com um programa preventivo e curativo. O objetivo é conviver com o problema de forma controlada.



A minha sugestão seria que entrasse em contato com um veterinário que possa visitar a fazenda e fazer recomendações com base nas condições do local.



Atenciosamente, Marcos Veiga
JOSÉ JAIME GIANETTI

AIMORÉS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/12/2014

Tenho mastite ambiental em minha propriedade, já fiz todos os procedimentos que me

indicaram e não resolveu. Se eu vender todo o rebanho e retornar após 1 ano com novas

vacas, vai resolver o problema?

Qual a melhor alternativa?



Desde já, agradeço.


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