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Será mesmo um Fla x Flu?

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 01/11/2001

3 MIN DE LEITURA

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Recentemente, o ministro da educação e cultura, Paulo Renato de Souza, perguntou ao presidente FHC se a disputa ao cargo de candidato do governo à presidência ficaria mesmo no “Fla x Flu”, numa alusão que, na briga política que travam os pré-candidatos José Serra e Tasso Jereissati, não cabe mais ninguém.

A julgar pelas últimas informações que a mídia tem publicado, vale a pena ponderar se este “Fla x Flu” não pode também ser transposto ao setor de captação e processamento de leite no Brasil, envolvendo a Parmalat e a Nestlé. E há alguns fatos concretos, algumas declarações e especulações que permitem supor que estas duas empresas têm sido e vão ser “players” cada vez mais importantes no setor.

A recente aquisição, por parte da Parmalat, da unidade de lácteos brasileira da Kraft Foods, envolvendo as marcas Glória e Avaré (percebe-se que a concentração na área de laticínios vem ocorrendo há um bom tempo no país: Glória, Avaré, Kraft ...) e as 3 fábricas da empresa, em Cerqueira César (SP), Itaperuna (RJ) e Jaraguá do Sul (SC), revela a retomada dos planos de expansão da empresa no mercado nacional, após a desaleceração nas aquisições pós-Batavo.

A Parmalat, que fatura US$ 6 bilhões no mundo inteiro, vem de assombrosas 25 aquisições na década passada. No entanto, este crescimento não foi suficiente para garantir um balanço positivo à empresa: há 3 anos, a Parmalat fecha no vermelho (tabela 1).

Tabela 1. Vendas e lucro líquido da Parmalat nos últimos 5 anos – em milhões de dólares* (Fonte: Revista Exame, 31/10/2001)


* cotação de 31/12/2000
** Parmalat Indústria e Comércio de Laticínios
*** Parmalat Brasil
NI – não informado

A empresa trocou de presidente 3 vezes nos últimos 2 anos, sendo a troca mais bombástica justamente a última, ocorrida há duas semanas, que colocou o ex-presidente da arqui-rival Nestlé no comando da empresa: o executivo Ricardo Gonçalves, cuja missão é colocar novamente a empresa na rota do lucro, o que tem envolvido demissões, fechamento até agora de 3 fábricas (não está descartado o fechamento de mais 3 ou 4 fábricas, diz a matéria) e 4 centros de distribuição.

A Nestlé tem tido estratégia oposta, permanecendo sem grandes aquisições e com crescimento lento na captação de leite nos últimos anos. Porém, isto pode vir a mudar daqui para a frente. Segundo matéria da Revista Exame (31/12/2001), a Nestlé, que vende US$ 2,5 bilhões no Brasil, acha que pode chegar aos US$ 5,0 bilhões, o que envolve, possivelmente, aumento da produção, com prováveis reflexos no processamento de leite, que poderiam vir pelo aumento da captação ou, de forma mais rápida, por aquisições. A Exame voltou a levantar, na mesma edição, a possibilidade da Itambé ser vendida, sugerindo inclusive que a Nestlé já se candidatara a comprar parte da empresa.

Verdade ou não, o fato é que a Nestlé parece ter planos mais ousados do que outrora, não só no Brasil, mas a nível global, sendo o exemplo mais contundente a associação com a Fonterra, esta resultado da associação entre as duas maiores cooperativas de lácteos da Nova Zelândia, com impactos que sentiremos em breve por aqui. A empresa vive um momento interessante, tendo sido considerada a melhor do país em seu setor pela edição Melhores e Maiores, da Exame, e a marca mais lembrada na pesquisa Top of Mind.

Outro fato indiscutível é que a Itambé tem se preparado para um possível venda de parte da empresa, visando ganhar musculatura para competir no mercado, venda que até agora não se concretizou. Mas entre estes fatos e a conclusão, há um longo caminho, é bom que se diga.

De qualquer modo, há expectativa de maior concentração no setor industrial, com um provável peso crescente para as multinacionais Nestlé e Parmalat, ainda mais se contabilizarmos que, no grupo dos principais laticínios, pairam as dúvidas de sempre sobre a capacidade de recuperação da Paulista após a venda parcial para a Danone e sobre o Grupo Vigor, que já foi vendido para a New Zealand, mas acabou devolvido meses depois.

Por outro lado, os números de captação de leite indicam que estamos longe de uma polarização evidente entre Nestlé e Parmalat que, juntas, captam algo em torno de 13% da produção nacional (incluindo a Batávia nesta conta), ou talvez o dobro disso considerando apenas o leite formal. Há sutilezas atrás destes números, que suspendem conclusões prematuras: em algumas regiões, a competição entre empresas captadoras está diminuindo, o que tende a se acentuar pelas últimas notícias de fechamento de unidades das grandes empresas. Desta forma, mesmo que em termos absolutos não exista supremacia de uma ou outra empresa, a nível regional, isto tende a ocorrer.

Enfim, pode não se tratar (pelo menos ainda) de um “Fla x Flu” como sugeriu o ministro. Mas que preocupa quem produz leite, isso preocupa ...

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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