ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Nutrição de precisão alia produção e sustentabilidade na pecuária leiteira

JULIO CESAR PASCALE PALHARES

EM 16/07/2020

7 MIN DE LEITURA

2
3

A nutrição de precisão ganha força no Brasil como aliada dos produtores de leite no desenvolvimento de uma pecuária ambientalmente eficiente. Estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) comprovou que o equilíbrio entre nutrientes na alimentação de vacas em período de lactação é capaz de garantir ganhos de produtividade, ao mesmo tempo em que minimiza impactos ambientais. Além de reduzir custos de produção, com a diminuição de nitrogênio e fósforo, o manejo nutricional preciso facilita a obtenção da licença ambiental para a propriedade.  

Pesquisadores avaliaram, por um ano, dois grupos de vacas durante o período de lactação com dietas contendo teores de proteína diferentes. O Grupo 1 recebeu concentrado com 20% de proteína bruta. Já o Grupo 2 teve o teor proteico do concentrado ajustado de acordo com as exigências nutricionais e a produção leiteira. De acordo com o coordenador da pesquisa na Unidade, Julio Palhares, o objetivo foi conhecer o impacto dessa intervenção no balanço de nutrientes e nos indicadores de desempenho ambiental.

O manejo nutricional reduziu os excedentes de nutrientes, como o nitrogênio (N) e o fósforo (P). Para a zootecnista Táisla Novelli, que participou do estudo a campo, a nutrição de precisão é uma ferramenta a mais para auxiliar o produtor, com bons resultados na produção, além de benefícios ambientais. 

Produtor satisfeito e meio ambiente conservado

Quando há consumo excessivo de nitrogênio por meio da dieta aumenta-se o risco ambiental. O nitrogênio nas fezes e urina tem potencial de volatilização, causando impacto na qualidade do ar, podendo contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Já o fósforo é o elemento responsável pela eutrofização nos corpos d'água. Ou seja, em grande concentração na água, esses elementos podem alterar o ambiente aquático, com aumento da população de determinadas algas que irão depreciar a qualidade da água. 

A variação no concentrado oferecido ao grupo 2 reduziu o excesso de nitrogênio no sistema produtivo em 7,6%; e o de fósforo em 6,3%. No caso do potássio, o excesso foi maior nesse grupo 1. “A redução de excedentes dos nutrientes significa fazer uma pecuária ambientalmente eficiente, com isso o produtor terá mais facilidade no manejo dos resíduos e na obtenção da licença ambiental da fazenda. Os custos da produção de leite também são impactados. "Com a quantidade ajustada de nitrogênio, produziu-se a mesma quantidade de leite da dieta com excesso do elemento. Isso significa redução do custo de produção, pela menor necessidade de aquisição do alimento proteico”, destaca Palhares. 

A maior parte do excesso de nitrogênio no grupo da dieta convencional vem da fertilização do solo e dos alimentos concentrados oferecidos aos animais. No caso do fósforo, do capim e do concentrado.

Experimento avaliou 14 vacas durante um ano

A pesquisa foi realizada no Sistema de Produção de Leite (SPL) da Embrapa Pecuária Sudeste. Durante 12 meses, 14 vacas das raças Holandesa e Jersolanda foram avaliadas. Para o cálculo do balanço de nutrientes do sistema de produção, os animais foram divididos em dois grupos, cada um com sete vacas em lactação. 

Os dois grupos receberam a mesma dieta, porém com percentuais proteicos diferentes na formulação do concentrado, à base de milho, farelo de soja, bicarbonato de sódio e sal mineral. No pasto, as vacas alimentaram-se de gramínea tropical (Tanzânia) e receberam silagem de milho e o concentrado contendo níveis de proteína bruta diferenciados. No grupo 1, a dieta continha 20% de proteína bruta por toda a lactação. No 2, o ajuste proteico do concentrado foi realizado de acordo com as exigências nutricionais e a produção de leite média no mesmo período. 

Resultados associam nutrição de precisão à redução de riscos ambientais

A estratégia nutricional dos animais, que leva em consideração a necessidade de nutrientes e a produção de leite, demonstrou-se eficiente na redução dos excedentes de nitrogênio e fósforo no sistema de produção da Embrapa Pecuária Sudeste.

O total de excesso de nitrogênio por hectare foi de 605 kg no grupo 1; e de 556 kg N por hectare no 2. Em ambos, os menores excessos foram verificados nos primeiros três meses da lactação. A eficiência média de uso de nitrogênio foi de 21% para o grupo 1; e de 22,7% para o grupo 2. O nitrogênio é de alta mobilidade no solo. Dependendo do manejo feito na pastagem e da intensidade de chuvas, ele pode ser transportado para os corpos d’água superficiais e subterrâneos. Conforme Palhares, o nitrogênio em elevadas concentrações na água é tóxico para humanos e animais que a consumirem. O alimento concentrado e a adubação das pastagens representaram a maior parte das entradas desse elemento.

Em relação ao fósforo, o total de excesso por hectare do sistema produtivo foi de 93 kg por hectare no grupo 1; e de 86 kg por hectare no grupo 2. A eficiência média de aproveitamento do fósforo no grupo 1 foi de 25,3%; e no grupo 2, de 26,5%. Os maiores excessos ocorreram no verão, nos dois grupos. “Tal fato está relacionado à proximidade do fim da lactação, onde a produção de leite estava reduzida, aliado ao possível consumo excessivo de fósforo pelos animais, principalmente via pastagem”, diz o pesquisador. O alimento concentrado ainda representou mais de 70% das entradas de fósforo para os dois grupos. 

Já o potássio não teve a mesma eficiência em relação aos outros dois nutrientes quando a dieta foi ajustada.

O total de excesso de potássio por hectare do sistema produtivo foi de 296 kg/ha no grupo 1; e de 322 kg/ha no grupo 2. Diferentemente do observado para o nitrogênio e para o fósforo, o consumo de concentrado não representou a maior entrada de potássio, mas o consumo de pastagem. O potássio apresentou uma eficiência média de uso de 14,2% para o grupo 1; e 1 de 2,6% para o grupo 2. “O potássio não é um elemento com grande representatividade no impacto ambiental. É mais uma questão de uso correto do elemento de acordo com a exigência das vacas. Como todo nutriente custa dinheiro, então por que usar em excesso se não vai reverter em produção de leite? Ou seja, o produtor vai jogar dinheiro fora”, adverte Palhares.

Os resultados demonstram que a precisão no uso da proteína na dieta determinará menor potencial de dano ambiental, como poluição das águas e do solo e emissão de gases.

Ferramenta valiosa de análise ambiental

Segundo Palhares, no Brasil o balanço de nutrientes não é considerado pelo setor produtivo e pelos órgãos gestores como ferramenta de análise ambiental. “Essa realidade não se justifica, pois o balanço é um instrumento eficaz, considerado nos programa de gestão ambiental para pecuária de vários países do mundo”, explica. Novelli endossa a opinião do pesquisador da Embrapa, ressaltando que a abordagem do balanço de nutrientes mostrou-se adequada para explicitar a eficiência de uso de nutrientes pelos animais e avaliar o desempenho dos indicadores ambientais ao longo da lactação.

O balanço é eficiente porque mostra o desequilíbrio que pode ocorrer entre a quantidade de nutrientes utilizada pelo sistema de produção e a que é produzida na forma de leite. “O balanço expõe a eficiência de uso de nutrientes. Quanto maior a eficiência, melhor será o sistema de produção em termos ambientais e econômicos. Já os sistemas com baixa eficiência significam alto impacto ambiental e menos dinheiro no bolso”, conta Palhares.

Uma das vantagens de calcular o excedente de nutrientes por área ao mês, segundo o estudo, é que permite decisões mais acertadas em relação ao regime de fertilização das pastagens, levando-se em consideração o excedente do mês anterior. Isso reduz a necessidade de aquisição de fertilizantes químicos, diminuindo os custos de produção, otimizando o uso de resíduos de animais como fertilizantes, melhorando a segurança ambiental da fazenda e facilitando a adaptação às legislações ambientais.

Para Palhares, utilizar o balanço de nutrientes para avaliação da eficiência de uso de elementos como nitrogênio e fósforo no sistema de produção de leite é uma forma simples e acessível para evitar danos ambientais. “A partir do balanço eu posso identificar onde estou sendo ineficaz no uso dos nutrientes e intervir de forma precisa. Com isso se reduzirá a disponibilidade de nutrientes no ambiente, reduzindo o risco de poluição”, ressalta.

Balanço de Nutrientes

No balanço de nutrientes calcula-se a diferença entre a entrada desses elementos no sistema de produção na forma de alimentos, fertilizantes, água, etc., e a saída em produtos como leite, carne e venda de animais. A diferença entre a entrada e a saída resulta no excedente ou déficit de nutrientes no sistema de produção. A abordagem do balanço tem sido utilizada como uma ferramenta valiosa para auxiliar a tomada de decisão e dimensionar os impactos ambientais de sistemas pecuários.

As informações são da Embrapa.

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JAN VAN DEN BROEK

PARANAPANEMA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/07/2020

Há de se considerar o espaço de tempo para avaliação da eficiencia. Elevação de fertilidade do solo com materiais organicos leva tempo e de certa forma absorve nutrientes no sistema que nao necessariamente serão lixiviados ou volatilizados mas passarão a formar parte da materia organica de mineralização lenta. Primordial é não considerar o solo um substrato (como na hidroponia) mais sim a de um ecosystema agricola.
JULIO PALHARES

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 19/08/2020

Caro Jan, agradeço o comentário e concordo com ele. O solo é um organismo vivo que sofre os impactos sejam positivos ou negativos ao longo do tempo. Os processos de lixiviação, volatização, escorrimento, etc, são dependentes de vários fatores produtivos e ambientais. Sabemos como reduzi-los por meio de boas práticas agrícolas.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures