O grupo do Prof. Wolfenson, de Israel, avaliou o intervalo entre o estro, pico de LH e ovulação em vacas de leite de alta produção, visando detectar possíveis fatores hormonais responsáveis pela menor concepção em vacas de leite de alta produção (Factors affecting the time intervals between estrus, LH surge and ovulation in high-yield dairy cows. J. Dairy Sci., vol. 84, suppl. 1, 2001, pg. 464).
A pequena sobrevivência dos gametas femininos e masculinos no trato genital da fêmea requer momento acurado para a inseminação artificial.
Foram examinados os efeitos de estação do ano, ordem de lactação, produção de leite, condição corporal e concentração de esteróides e pico de LH antes do estro, nos intervalos: estro-ovulação (E-O), estro-pico de LH (E-LH), e pico de LH-ovulação (LH-O), além da curva de progesterona pós-ovulação.
Vacas holandesas em lactação (n=74), entre uma e 5 lactações, com 60-80 dias em lactação, produzindo entre 35-57 kg leite/dia, foram examinadas.
Após a sincronização, as vacas foram examinadas nos dias próximos ao estro subseqüente.
Amostras de sangue foram colhidas a cada dois dias nos ciclos antes e após o estro, e a cada 3 a 8 horas em torno do estro e da expectativa de ovulação.
As vacas foram observadas continuamente por cinco dias antes da data prevista do estro. Após a detecção do estro, 20 horas após o início, o momento da ovulação foi checado por ultra-sonografia a cada 4 horas.
Para a maioria das vacas (73%) com intervalo E-O <30h, os intervalos E-O, E-LH e LH-O foram 27 ? 0,3; 2,3 ? 0,4 e 24 ? 0,4h, respectivamente (intervalo normal); 17% das vacas tiveram intervalo E-O de 31-35h (intervalo longo) e 10% (n=7) ovularam entre 35 a >50h após o estro (43 ? 2,6h, intervalo muito longo).
Intervalos E-O, E-LH, e LH-O não foram influenciados por estação de parição, ordem de lactação, produção de leite, composição do leite ou condição corporal.
A amplitude do pico de LH nos animais com intervalo muito longo, foi de 40% do observado nos outros grupos (P<0,01).
A concentração de estradiol antes do pico de LH tendeu a ser menor (P<0,08), e a de progesterona antes do estro foi menor (P<0,03) nos animais com intervalos muito longos, que nos outros dois grupos.
A concentração de progesterona pós-ovulação foi menor nos animais com intervalos longos e muito longos em relação ao grupo normal (P<0,03).
Estes dados mostram que existe um subgrupo de animais com maiores intervalos estro-ovulação, que está associado com menor concentração de esteróides e menor pico de LH antes da ovulação, e com menor concentração de progesterona pós-ovulação, que pode resultar em não ótimo momento para inseminação, comprometendo a taxa de concepção e diminuindo a fertilidade deste grupo de animais.