Fatores que afetam a taxa de concepção após inseminação artificial ou transferência de embriões em vacas holandesas em lactação

Por Daniela G.B.D.¹, Carlos A.R.², Ricarda M.S.¹, Clarice G.B.D.³, José Renato C.⁴, José Luiz M.V.¹

O objetivo deste experimento foi avaliar os fatores que podem afetar a taxa de concepção de vacas holandesas em lactação que receberam embrião fresco produzidos em vacas não lactantes, comparadas às vacas que foram inseminadas após observação de cio.

O experimento foi conduzido em uma fazenda localizada em Descalvado/SP, durante os meses de outubro de 2003 a setembro de 2004. As vacas eram ordenhadas 3 vezes ao dia e alimentadas com ração total devidamente balanceada.

Vacas ciclando (n=1025) produzindo 33,3kg a 7,2kg de leite por dia com 162 a 103,7 dias em lactação (DEL) receberam uma aplicação de PGF2&alfa;e foram divididas aleatoriamente em dois grupos: IA ou TE. As vacas que apresentaram cio 48 a 96h após aplicação de PGF2&alfa; receberam IA (n=227) 12h após detecção do estro ou TE (n=160) 6 a 8 dias após.

Todas as vacas da TE receberam embriões frescos (grau I ou II) de vacas holandesas não lactantes produzidos in vivo.

Analisou-se a produção de leite média de -7 a 14 dias após o cio. A temperatura corporal foi aferida e amostras de sangue foram coletadas para análise da concentração sérica de P4 por radioimunoensaio, nos dias 7 e 14 após o cio.

O diagnóstico de gestação foi realizado aos 25 e 39 dias por ultra-sonografia. A morte embrionária precoce (MEP) foi considerada quando as vacas gestantes no dia 25 estavam vazias no dia 39.

As variáveis taxa de ovulação, taxa de concepção e MEP foram analisadas pelo modelo logístico (GLM) com finalidade de verificar a influência das co-variáveis na probabilidade de sucesso. Os modelos foram ajustados no software R.

A taxa de ovulação foi de 84,8% (328/387) e foi afetada negativamente pelo número de dias em lactação (p=0,05). Não foi detectado efeito da qualidade e estágio do embrião, e sincronismo entre doadora e na taxa de concepção do grupo TE.

A taxa de concepção no dia 25, das vacas ovuladas foi 37,9% (74/195) para IA e 59,4% (79/133) para TE (p<0,01). A temperatura corporal no dia 7 influenciou negativamente (p=0,02) a taxa de concepção nos dois tratamentos.

Para avaliação os efeitos da concentração sérica de P4, foram consideradas somente as vacas com sincronismo zero do grupo IA e TE. Das 191 vacas com sincronismo zero, 49,2% (94/191) estavam gestantes aos 25 dias, sendo 37,5% (39/104) no grupo da IA e 63,2% (55/87; p<0,01) no grupo da TE.

Verificou-se que no grupo IA houve evidência do efeito da P4 do dia 7 (p=0,03), temperatura corporal no dia 7 (p=0,09) e da produção de leite (p=0,04). No grupo TE não houve evidência do efeito da P4 do dia 7, nem da produção de leite, mas sim da temperatura corporal no dia 7 (p=0,08).

A MEP foi 11,1% (8/74) para IA e 21,5% (17/79) para TE (p=0,06). Houve uma tendência de aumento da MEP quando as temperaturas corporais do dia 7 (p=0,10) foram maiores.

A taxa de concepção no dia 39 das vacas ovuladas foi 39,0% (66/195) para IA e 46,6% (62/133) para TE (p=0,02), superior, mesmo após a perda embrionária. Altas temperaturas afetaram taxa de concepção e MEP, independente do tratamento (IA ou TE).

A produção de leite afetou a probabilidade de concepção na IA, mas não na TE, ou seja, influencia negativamente antes do dia 7.

Os resultados obtidos confirmam a importância da concentração sérica de P4 no desenvolvimento embrionário antes do dia 7, já que as vacas do grupo TE não foram influenciadas pela concentração sérica de P4, provavelmente porque receberam embrião desenvolvido em condições adequadas (vacas não lactantes).

A transferência de embriões frescos produzidos em vacas não lactantes deve ser utilizada para evitar os efeitos negativos no desenvolvimento embrionário inicial, aumentando as taxa de concepção de vacas em lactação.

Uma das grandes vantagens da TE em relação à IA é que na TE há uma prévia avaliação da presença do CL no momento da inovulação. A avaliação da taxa de ovulação pode minimizar o decréscimo da probabilidade de concepção por falhas de ovulação, fator não avaliado quando se utiliza inseminação artificial.

Este artigo é o resumo enviado para o ADSA Meeting que será realizado em julho de 2006, nos EUA.


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¹FMVZ-UNESP, Botucatu, SP
²Clínica Veterinária Samvet, São Carlos, SP
³ESALQ-USP, Piracicaba, SP
⁴SAMVET Embriões, Morrinhos, GO