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Dicas para aumentar o sucesso da IA - Parte 2

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 01/07/2008

6 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada pelo Dr. Tom Geary, no XII Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2008.

IA em tempo fixo

A IA em tempo fixo tornou-se bastante popular no Brasil por causa da redução de mão de obra que se associa com a detecção de cio, a dificuldade de detectar vacas no cio (principalmente à noite) e em muitos casos melhores taxas de prenhez com IA (Baruselli et al., 2004). Quando for provável que a cobertura ocorra em clima quente, é de se esperar que alterar os tratamentos de sincronização, de forma que a IA em tempo fixo seja realizada nas horas de temperatura mais fresca (ou levando ao período mais fresco do dia), ajude a superar os efeitos do stress térmico.

Não há nenhum protocolo de sincronização de ovulação que induza a ovulação de um óvulo fértil em uma janela de tempo estreita em vacas e novilhas de corte em anestro e ciclando. Grande parte desta variabilidade é devida a diferenças entre as vacas de um rebanho, tanto do ponto de vista da fertilidade como do ponto de vista fisiológico. É óbvio que as vacas com condição corporal ruim e as que estão em uma fase mais profunda do anestro sejam menos férteis ou respondam menos à sincronização. Da mesma forma, a resposta ovulatória será baixa entre as vacas que pariram durante uma estação de parição prolongada.

Com a sincronização da ovulação e IA em tempo fixo, vacas e novilhas que ovulam folículos maiores terão taxas de prenhez mais elevadas com IA (Lamb et al., 2001; Perry et al., 2005; 2007). O dia do ciclo estral em que o protocolo CO-Synch foi iniciado não afeta o tamanho do folículo ovulatório, mas a resposta à primeira injeção de GnRH afetou a resposta da ovulação e o tamanho do folículo ovulatório (Geary, dados não publicados). Além disso, as taxas de prenhez de vacas e novilhas que apresentaram estro dentro de um período de 24 horas da IA em tempo fixo tiveram taxas de prenhez mais elevadas com IA (Perry et al., 2005; 2007). As novilhas que ovularam espontaneamente folículos menores (isto é, depois da expressão do estro) tiveram taxas de prenhez menores com IA, mas isto não ocorreu com as vacas. As condições de manejo ou do ambiente que aumentam o tamanho do folículo ovulatório também podem aumentar a fertilidade.

O momento da IA

As vacas têm uma fertilidade ideal quando são inseminadas 6 a 10 horas antes da ovulação (Saacke, 2007). O momento ideal da IA para diferentes protocolos de sincronização da ovulação é identificado com isto em mente. Um estudo envolvendo 2.661 inseminações em 17 rebanhos leiteiros revelou que as taxas de concepção eram maiores entre as vacas que inseminadas entre 4 a 12 horas após o início do estro (Figura 1; Dransfield et al., 1998). Este estudo utilizou o sistema eletrônico de detecção de estro HeatWatch para identificar o início do estro com exatidão.


Figura 1.Taxas de concepção de acordo com o momento da inseminação a partir do início do estro em vacas leiteiras (Dransfield et al., 1998).


Estudos posteriores mostraram que a taxa de fertilização é efetivamente mais alta quando as inseminações ocorrem mais próximo do momento da ovulação, mas as perdas por morte embrionária são mais elevadas (Dalton et al., 2001; Figura 2). Esta morte embrionária geralmente ocorre antes do reconhecimento materno da gestação, de forma que a duração do ciclo estral não é alterada. É um caso em que há mais espermatozóides no local da fertilização quando a inseminação é feita mais próxima do momento da ovulação, o que resulta em taxas de fertilização mais elevadas.

Mas, como há uma menor seleção natural dos espermatozóides mais saudáveis fertilizando o óvulo, a qualidade do embrião pode ser comprometida. As inseminações mais próximas do início do estro resultam em menos espermatozóides viáveis quando a ovulação ocorrer, mas o espermatozóide que fertiliza o óvulo parece ser mais saudável, resultando em menor morte embrionária. Assim, o momento da inseminação poderia trazer a troca compensatória entre os espermatozóides ótimos e a viabilidade do óvulo(Figura 3).


Clique na imagem para ampliar.

Figura 2. Efeito do momento da IA após o início do estro (HeatWatch) sobre a fertilização e qualidade do embrião avaliado 6 dias mais tarde (Dalton et al., 2001).


Figura 3. Taxa de prenhez calculada com base nos dados apresentados na Figura 2 (Saacke, 2007) sugere que o momento da IA e a taxa de prenhez resultante é um meio-termo e está de acordo com um grande experimento de campo realizado com vacas leiteiras, apresentado na Figura 1 (Dransfield et al., 1998).


Depois destes estudos terem sido completados, informamos aos técnicos de IA que era melhor inseminar as vacas 4 a 14 horas depois do início do estro. Desde então, os efeitos do momento da IA sobre a taxa de fertilização e a qualidade do embrião foram relatados em um grupo menor de vacas Angus, que ovularam 31 horas depois do início do estro (Saacke, comunicação pessoal). A taxa de fertilização foi ainda maior quando a IA foi realizada 24 horas depois do início do estro, mas a qualidade do embrião não foi diminuída nas vacas Angus inseminadas neste período, como ocorreu nas vacas Holandesas. Da mesma forma, Hall et al. (2008) demonstraram que o momento da IA em relação ao início do estro em novilhas de corte (predominantemente Angus) foi similar na fertilidade entre 4 a 24 horas depois do início do estro (Figura 4).

Talvez não seja uma surpresa que o momento da IA é menos crítico em bovinos de corte uma vez que sua fertilidade é maior do que em bovinos leiteiros nos Estados Unidos.


Taxa de concepção % / Horas desde o estro até IA

Figura 4. Taxas de concepção de acordo com o momento da inseminação a partir do início do estro em novilhas de corte (Dorsey et al., 2008).


Assim, a pergunta passa a ser quais são as vacas que mais se parecem com as vacas Bos indicus, que muitas vezes estão expostas ao stress térmico. Em animais Bos indicus o intervalo desde o início do estro até ovulação é de aproximadamente 27 horas (similar ao do estudo com Holandesas), mas as vacas Angus tiveram um intervalo ligeiramente mais longo até o estro do que tinha sido relatado por outros autores. Não há dúvida de que existem algumas diferenças entre a fertilidade dos touros que poderiam afetar estes resultados. Como a fertilidade de bovinos de corte e leiteiros foi alta de 4 a 14 horas depois do início do estro, provavelmente seja mais seguro considerar este como o momento ideal para a IA de bovinos Bos indicus. Para que seja mais conclusivo, seria benéfico repetir o estudo sobre fertilização e avaliação do embrião em vacas Bos indicus em um ambiente tropical.

Estes achados proporcionam uma resposta mais clara a dois cenários comuns. Quando o cio das vacas é detectado em torno do meio-dia, elas devem ser inseminadas ao final da tarde e não na manhã seguinte. Também temos acreditado que quando o estro de uma vaca é detectado de manhã que ela estaria ainda em estro no final da tarde e que deveríamos esperar para fazer a inseminação na manhã seguinte. Esta maneira de pensar provavelmente está incorreta e a vaca deve ser inseminada o mais próximo possível de 12 horas depois do início do estro, percebendo que pode ser melhor errar por inseminar mais cedo do que mais tarde.

Os estudos que revelaram que a detecção intensa de estro era tão eficiente quanto a detecção eletrônica também revelaram que o início do estro foi detectado cinco horas mais tarde com a detecção visual do que com o sistema eletrônico. A manipulação adequada do sêmen torna-se ainda mais importante quando passamos a inseminar mais cedo, porque esperamos que os espermatozóides permaneçam viáveis por um período de tempo mais longo. O sêmen de alta fertilidade (ou sêmen com maior sobrevida no trato reprodutivo) irá reduzir a diferença observada com relação ao momento da inseminação.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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