Por Vasconcelos, J.L.M.1 e Garcia, P.H.M.2
Resumo enviado para o Ruminant Reproduction Symposium que será realizado em Agosto de 2006, na Nova Zelândia.
Há poucos trabalhos mostrando fatores que influenciam a taxa de ovulação. Diferentes formas de estresse podem levar à falha da ovulação, que é um fator importante a ser considerado ao se avaliar causas de infertilidade em rebanhos leiteiros. Lopez-Gatius et al. (2005) não encontraram evidências de efeito da produção de leite e do número de serviços anteriores na taxa de ovulação, porém, verificaram que existe uma chance 3,9 maior da falha da ovulação em estações quentes em relação a estações frias.
Demétrio (2006) trabalhando com vacas Holandesas lactantes verificou que das 387 vacas que manifestaram estro após a aplicação de PGF2α, apenas 84,8% (328/387) possuíam CL no dia 7, ou seja, 15,2% das vacas tiveram falha de ovulação.
O objetivo do presente estudo foi avaliar se detecção de falha de ovulação (presença de CL entre os dias 7 e 13 após a IA) associada à re-sincronização rápida aumentava o número de vacas gestantes em 28 dias.
Este experimento foi realizado em uma fazenda localizada no município de Inhaúma, MG, em 2005. Foram utilizadas vacas Holandesas lactantes (n=3876) com produção de 26,7 ± 8,3 kg leite/dia, com 213,7 ± 130,6 dias em lactação, que foram inseminadas após detecção do estro em tempo fixo (IATF)
O protocolo utilizado para IATF consistiu na inserção de um dispositivo intravaginal de P4 (CIDR® 1,9mg de progesterona, Pfizer Saúde Animal, Brasil), associado com injeção de GnRH (1mL Fertagyl® Intervet) no dia zero. Após sete dias, o CIDR® foi removido e os animais receberam uma injeção de PGF2α (5mL Lutalyse® Pfizer Saúde Animal, Brasil), e 24 horas após, uma injeção de Cipionato de Estradiol (0,5mL ECP® Pfizer Saúde Animal, Brasil). As vacas foram inseminadas 48h após a aplicação de ECP.
As vacas foram divididas aleatoriamente em dois grupos:
G1 (n=2989) - as vacas não foram avaliadas por ultra-sonografia (US) para presença de CL.
G2 (n=887) - as vacas foram avaliadas por US para presença de CL, sendo que 597 vacas estavam no dia 7 após a IATF e 290 vacas estavam entre os dias 7 e 13 após a IA. Vacas do G2 detectadas sem CL, foram re-sincronizadas com o protocolo citado acima.
O diagnóstico de gestação foi realizado por US entre os dias 28 e 34 após IA. Vacas que apresentaram cio entre a IA e o diagnóstico de gestação, foram inseminadas novamente.
Avaliação de presença de CL por US não influenciou a taxa de concepção: G1: 23,0% (687/2989) e G2: 23,8% (211/887).
Nas vacas avaliadas para presença de CL, a taxa de falha de ovulação nas inseminadas pós-detecção de estro foi de 24,5% (71/290) e nas que receberam IATF foi de 24,1% (144/597).
Vacas com presença de CL tiveram taxa de concepção de 28,3% (62/219) após IA convencional e de 32,9% (149/453) após a IATF.
Vacas sem presença de CL foram re-sincronizadas e a taxa de concepção foi de 25,6% (55/215).
A taxa de detecção de cio nestes 28 dias e a taxa de concepção foram, respectivamente, 49,9% (1148/2302) e 23,6% (271/1148) para G1 e 70,1% (323/461) e 20,7%(67/323) para G2. A taxa de detecção do estro foi maior (P<0,01) no G2, provavelmente devido às vacas com falhas de ovulação terem sido re-sincronizadas.
A porcentagem de vacas gestantes em 28 dias foi maior (P<0,01) no G2: 37,5% (211 + 55+ 67 / 887) do que no G1: 32,2% (687 + 271 / 2989).
Estes dados mostram que falha de ovulação é um fator negativo importante no decréscimo da concepção de vacas Holandesas lactantes. Diagnóstico precoce de vacas vazias (ausência de CL por US) não influenciou a concepção e associado com re-sincronização rápida aumentou a taxa de prenhez.
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1DPA-FMVZ-UNESP, Botucatu, SP.
2Fazenda São João, Inhaúma, MG.