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O que podemos aprender com a silagem de milho 2020?

POR DANIEL MONTANHER POLIZEL

E GUSTAVO SALVATI

ESALQLAB

EM 30/11/2021

7 MIN DE LEITURA

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A silagem de milho é a principal fonte de forragem no Brasil utilizada nas dietas de vacas leiteiras em lactação e bovinos de corte em confinamento. Isso se deve a sua alta produção de matéria seca por hectare (18 a 25 t/ha), facilidade de colheita, boa capacidade de fermentação no silo e por ser uma excelente fonte de energia (amido + fibra digestível) de baixo custo e de fibra fisicamente efetiva.

Analisando o banco de dados de 4258 amostras de silagem de milho do ESALQLab referente ao ano de 2020, tem-se uma boa ideia da qualidade nutricional da silagem de milho do Brasil neste ano (Figura 1).

O primeiro aspecto que destacamos é o teor de matéria seca (MS) de 33,7 %. O que defini esse item é o momento escolhido para colheita da planta de milho. O teor de MS ideal para colheita não é estático, pois depende do tipo de colhedora a qual será usada. Para colhedora de arrasto sem dispositivos para processar os grãos deve-se se colher entre 30 a 34% de MS e para autopropelidas consegue-se bons resultados de processamento de grãos na faixa de 34 a 38% de MS.

Há de se atentar que durante o processo de colheita a planta de milho aumenta seu teor de MS a uma taxa de 0,3 a 0,5 pontos percentuais por dia (depende das condições climáticas), portanto essa informação deve ser considerada para estimar a janela de colheita.

O teor de amido está atrelado a produção de grãos. A deposição de amido ocorre com decorrer da maturação da planta e é delimitada pela linha do leite, a qual divide a fração de amido já depositado da fração leitosa onde se encontra outros açúcares. Quando cessa a deposição de amido ocorre a formação da linha negra e nesse ponto o grão tem aproximadamente 68 a 72% de amido.

O fato de ter colhido a planta com 33,7 % de MS certamente foi um dos possíveis fatores que impactou o teor médio de amido de 28%, caso a planta tivesse sido colhida em um estágio mais avançado de maturação maior seria o teor de amido. No levantamento realizado no ano de 2012 (Bernardes e Rêgo, 2014) > 90% das colhedoras utilizadas pelos pecuaristas eram de arrasto, o que pode ser uma possível justificativa para esse valor de MS.

Vários fatores podem influenciar o teor de amido da silagem de milho. Primeiramente a região, é evidenciado na literatura que regiões com clima quente (temperaturas ≥ 30o C) prejudicam a ação da enzima amido sintetase a qual é responsável pela deposição desse nutriente.

Os tratos culturais da lavoura (adubação, espaçamento, etc), o híbrido, a falta de água no período de enchimento dos grãos, ataque de cigarrinha e geada são outros fatores que influenciam nesse aspecto. Por fim, a altura de colheita em relação ao solo, a qual se elevada vai aumentando a concentração de amido da silagem por estar deixando mais fração fibrosa (folhas e caule) no campo.

O teor de fibra em detergente neutro (FDN) é inversamente proporcional ao de amido, logo quando um aumenta o outro necessariamente irá reduzir, e isso ocorre, pois, os demais nutrientes (proteína, gordura e minerais) não sofrerem variações grandes conforme ocorre o enchimento dos grãos.

O teor de FDN aumenta com a maturidade da planta devido ao processo de espessamento da parede celular e lignificação da mesma, mas no caso específico do milho, com o enchimento dos grãos ocorre aumento circunstancial do amido em uma taxa superior ao ganho de fibra e com isso o amido dilui a % de FDN até o momento em que cessa a deposição de amido e desse ponto em diante retornar-se o aumento da FDN.

O famoso KPS, que significa Kernel Processing Score ou nota de processamento do grão, é uma medida que avalia a qualidade do processamento dos grãos durante a colheita. Para tal, uma amostra seca sem moer é utilizada e colocada em um agitador com um jogo de peneiras para a segregação. A peneira utilizada como referência é a de crivo 4,75 mm que foi definida pelo pesquisador David Mertens que apenas o grão quebrado em 4 pedaços seria passível de passar pela mesma.

No laboratório, separar os grãos da fração fibrosa seria um processo muito laborioso e por isso definiu-se usar o nutriente amido como traçador pois o mesmo está contido quase que exclusivamente no grão. Logo, o KPS é a % do amido que passou pela peneira de 4,75 mm. A classificação usando esse índice é a seguinte, < 50 % processamento está ruim, de 50 a 70% adequado e > 70% excelente. A silagem de milho desse levantamento apresentou um KPS ruim (48,6%).

Existem vários fatores que podem influenciar essa variável, tais como: maturidade da planta no momento da colheita, tipo de colhedora, tamanho de corte, distância entre os rolos processadores, tempo de uso do cracker, geometria do cracker, diferença de rotação entres os rolos processadores e possivelmente a vitreosidade do grão. O baixo valor de KPS médio da silagem brasileira pode estar atrelado principalmente a colhedora mais usada ser a de arrasto, a qual depende exclusivamente da faca para quebrar o grão.

A digestibilidade de fibra 30h é uma característica influenciada pela genética do híbrido cultivado, fatores ambientais, tratos culturais (ex: uso de fungicida) e altura de colheita. O ESALQlab possui uma plataforma gratuita que ajuda na escolha de híbridos chamada Guia da Forragem, que permite saber aspectos qualitativos e de produtividade dos híbridos em diferentes regiões do Brasil.

Para cada aumento de 1 ponto % na digestibilidade da FDN corresponde a um aumento 0,17 kg no consumo de matéria seca e 0,25 kg na produção de leite corrigido para 3,5% de gordura (Oba e Allen, 1999), logo essa variável é muito importante, principalmente quando a vaca está sendo alimentada no pico de lactação e a limitação do consumo se dá por mecanismos físicos.

Dois fatores que interferem nessa variável são a maturidade da planta e altas temperaturas ambientais (≥ 30º C), pois ocorre nesses cenários espessamento da parede celular e maior deposição de lignina, e esse composto por ser indigestível reduz a digestibilidade da fibra 30 h.

O Índice de Qualidade de Forragem é uma variável calculada com base nos resultados analíticos da silagem de milho, em especial o teor de matéria seca, teor de amido, teor de FDN, digestibilidade da fibra e KPS.

Esse índice cria uma classificação para as silagens analisadas, podendo ser enquadradas como padrão bronze, prata, ouro ou diamante. Em nossa coluna aqui no Milkpoint temos um artigo técnico descrevendo detalhadamente o IQS – Qual a qualidade da sua silagem de milho? Conheça o IQS. O valor de IQS médio da silagem de milho em 2020 foi de 79,1, sendo classificada como padrão prata.

A variável leite por tonelada de MS, considera o potencial para produção de leite produzida por vacas ingerindo essa silagem baseada na energia disponível desse alimento. Essa variável apresenta um caráter muito prático, demonstrando de maneira aplicada a produtividade esperada dos animais quando consumirem a silagem em questão.

O segundo gráfico é o resultado das 10 melhores silagens de milho analisadas no ano de 2020 e que servem como referência de silagem de alta qualidade (Figura 2).

Teor de MS adequado de 35%, alto teor de amido com 10 pontos percentuais acima da média total, baixo FDN (39%) e com digestibilidade de FDN 30 h com 3,4 pontos percentuais a mais em relação à média e por fim um KPS excelente (>70%) o que nos remete a uma colhedora bem ajustada no momento da colheita. Esses dados resultaram em um IQS de 97,3, o que confere uma classificação diamante para as silagens que compõe o top 10.

Neste cenário nós gostaríamos de saber, qual a qualidade nutricional da silagem de milho produzida/utilizada na sua propriedade? Qual o IQS da sua silagem de milho?

Compartilhe conosco como você pretende melhorar a qualidade nutricional da silagem de milho na sua propriedade nesta safra.

Leia também:

Referências

Bernardes, T. F., and A. C. do Rêgo. 2014. Study on the practices of silage production and utilization on Brazilian dairy farms. J. Dairy Sci. 97:1852–1861.

Oba, M., and M. S. Allen. 1999. Evaluation of the importance of the digestibility of neutral detergent fiber from forage: Effects on dry matter intake and milk yield of dairy cows. J. Dairy Sci. 82:589– 596.

DANIEL MONTANHER POLIZEL

GUSTAVO SALVATI

Graduado em Zootecnia (UFLA), Mestrado em Nutrição de Bovinos Leiteiros (UFLA), Research Scholar (University of Wisconsin - Madison) e atualmente Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ)

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RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 13/12/2021

Parabéns Daniel e Gustavo pelo artigo! Todas estas 4.258 amostras foram analisadas por NIRS, correto? Ou algumas dessas amostras também foram analisadas por metodologia química? Obrigado
DANIEL MONTANHER POLIZEL

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 13/12/2021

Olá Prof. Rodrigo, boa tarde.

Todas as análises foram realizadas por NIRs. Temos um controle interno de conferencia NIRs e química de
amostras, e algumas das amostras que participaram desse levantamento foram analisadas quimicamente. Como os resultados comparativos foram muito próximos, padronizamos o uso apenas dos resultados NIRs.
EM RESPOSTA A DANIEL MONTANHER POLIZEL
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 13/12/2021

Perfeito Daniel, está entendido. Obrigado pela resposta e novamente parabéns pelo trabalho.
RAYMUNDO CESAR VERASSANI DE SOUZA

CORONEL PACHECO - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 01/12/2021

Parabéns pelo texto!
Muito esclarecedor!

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