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Silagem de milho colhida com colhedoras de forragem autopropelidas

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/04/2019

9 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 29/09/2023

O uso de colhedoras de forragem autopropelidas com rolos processadores de grãos tem-se tornado uma prática comum no Brasil devido à crescente disponibilidade de empresas prestadoras de serviços terceirizados, à necessidade do aumento da eficiência da utilização do amido, à janela de corte relativamente curta dos híbridos de milho, à oportunidade de colher a planta mais tardiamente (2/3 da linha do leite e 35 a 38% de matéria seca) e à necessidade de fibra longa como forma preventiva de evitar a acidose ruminal e obter longevidade em vacas leiteiras.

Além disso, a possibilidade de colher a silagem de milho com maior tamanho de partículas pode reduzir a necessidade de uma segunda fonte de fibra longa (fenos e pré secados), o que pode ser interessante do ponto de vista agronômico e financeiro no Brasil.

Figura 1. Silagem de milho colhida com colhedora autopropelida com plataforma de 6 metros. Fonte: GS Consultoria Rural.

Nutricionalmente, a silagem de milho é uma forragem rica em energia devido ao amido contido nos grãos. A colheita do milho com colhedoras de forragem autopropelidas com rolos processadores (em boas condições de manutenção) pode aumentar o grau de processamento dos grãos da forragem e também reduzir o impacto da presença da matriz proteica (prolaminas) que envolve os grânulos de amido, além de determinar o acesso de amilases de origem microbiana e do animal ao substrato, afetando a digestibilidade do amido no rúmen e no trato digestivo total.

O teor e o processamento do amido são importantes determinantes da qualidade nutricional da silagem, pois afetam a síntese de proteína microbiana no rúmen, o fluxo de energia para o animal, a produção de leite e de sólidos do leite. O teor e o grau de processamento da fibra em detergente neutro (FDN) também determinam o valor nutricional da silagem de milho. Silagens de alto valor nutritivo têm baixo teor de FDN (< 45% da matéria seca) e FDN de alta digestibilidade no trato digestivo total (> 40% da FDN consumida).

Silagens com maior tamanho de partículas são desejáveis por serem fonte de FDN fisicamente efetiva (FDNfe) capaz de estimular funções fisiológicas vitais em ruminantes, como motilidade ruminal, formação do mat (camada de fibra de baixa densidade que flutua no fluído ruminal), secreção de saliva e atividades de mastigação. Baixo teor de FDNfe na dieta induz acidose ruminal e reduz a saúde e a longevidade de vacas leiteiras, além de penalizar a produção de leite e de sólidos do leite.

Figura 2. Colhedora autopropelida com plataforma de 9 metros. Fonte: MouraMix Silagem.

No processamento da forragem de milho para ensilagem objetiva-se obter alta efetividade da fibra (Fibra longa; < 20% de partículas no Fundo do Separador de Partículas da Penn State) e alta digestibilidade do amido (Grãos processados; < 10 grãos intactos/500 g de silagem), plausível de se obter com colhedoras autopropelidas. Contudo, a maioria das fazendas brasileiras ainda depende de colhedoras tracionadas por trator, pois existem várias limitações operacionais para utilizar colhedoras autopropelidas, especialmente nas fazendas produtoras de leite.

Dentre as limitações operacionais temos a gestão do plantio e previsão de chegada da colhedora na fazenda, disponibilidade de colhedoras para colher áreas pequenas, logística para o rateio do custo do frete para o transporte da colhedora, topografia acidentada e presença de árvores nas áreas de cultivo, capacidade de fluxo de máquinas na fazenda, capacidade de descarga e compactação da massa ensilada, e outras.

Figura 3. Processamento da fração grãos e da fração fibrosa em silagem de milho colhida com colhedora autopropelida. Fonte: Reis da Silagem.

Recentemente empresas brasileiras lançaram no mercado colhedoras de forragem tracionadas por trator com rolos processadores de grãos. Isto representa um avanço na colheita de milho para silagem, principalmente para as fazendas que têm alguma limitação no uso de colhedoras autopropelidas. As colhedoras tracionadas por trator com rolos processadores, processam a fração fibrosa e a fração grãos de maneira satisfatória quando a planta é colhida precocemente (1/2 linha do leite e < 35% de matéria seca). Entretanto, o rendimento de colheita é baixo devido à presença dos rolos processadores e são máquinas que demandam tratores grandes, com potência do motor acima de 120 cv. Portanto, obter processamento adequado dos grãos, sem reduzir o tamanho de partícula da fibra, é um desafio no Brasil, já que na maioria das fazendas leiteiras a silagem é colhida com máquinas tracionadas por trator sem rolos processadores de grãos.

Neste caso, o alto grau de processamento dos grãos é normalmente obtido por redução do tamanho teórico de corte na colheita, o que reduz o teor de FDNfe na silagem. Outro fator que dificulta o dano dos grãos no Brasil é a predominância de híbridos de milho com endosperma duro, de baixa digestibilidade do amido no rúmen. Híbridos duros em estágio de maturação avançado são mais difíceis de terem os grãos danificados pela colhedora do que híbridos farináceos.

Do ponto de vista de colheita, não existe estudo prévio que demonstre a viabilidade econômica comparando colhedoras autopropelidas com rolos processadores de grãos com colhedoras tracionadas por trator com ou sem rolos processadores de grãos. Entretanto, vamos discutir um pouco destes números de maneira prática e empírica.

Nesta simulação, todos os cálculos foram feitos considerando 100% de serviços terceirizados e com preços de insumos, mão de obra e hora máquina baseados na região Sul de Minas Gerais. Vale ressaltar que os números podem ser diferentes para o produtor que já possui a colhedora na fazenda. Para efeito de comparação, foram considerados a mesma produtividade de matéria natural, o mesmo teor de matéria seca na colheita e o mesmo custo para produzir 1 hectare de milho (insumos e tratos culturais), a única diferença para compor o custo final por tonelada de matéria seca da silagem de milho foram os custos com as operações de colheita terceirizadas.

Foram utilizadas 6 tipos de colhedoras (tracionadas por trator de 1, 2, 3 linhas e área total e autopropelidas com plataformas de 6 e 9 metros). Os custos por hora das colhedoras autopropelidas e dos tratores para recepção e compactação da massa ensilada são mais altos do que as colhedoras tracionadas por trator, entretanto, o custo final por tonelada de matéria seca da silagem é menor (Tabela 1 e Figura 5).

A velocidade e o sistema de colheita das colhedoras autopropelidas são mais eficientes, permitindo a semeadura mais rápida de culturas sucessivas. Nesta simulação, as colhedoras tracionadas por trator gastaram em média 4,3 horas para colher 1 hectare (média das 4 colhedoras). As colhedoras autopropelidas gastaram em média 0,52 horas para colher 1 hectare (média das 2 colhedoras), portanto, o custo por hora das autopropelidas é maior, mas o custo por hectare é menor comparado com as colhedoras tracionadas por trator, além de todos os benefícios para os animais discutidos anteriormente em relação ao processamento dos grãos e da fração fibrosa.

Tabela 1. Comparativo do custo de produção de silagem de milho colhida com colhedoras de forragem tracionadas por trator ou colhedoras autopropelidas.

Figura 5. Comparativo do custo de produção (R$/tonelada de matéria seca) de silagem de milho colhida com colhedoras de forragem tracionadas por trator ou colhedoras autopropelidas.

As forragens colhidas adequadamente e com bom processamento podem reduzir custos, aumentar a produção de leite, os sólidos do leite e a saúde de vacas leiteiras e contribuir para maior competitividade de fazendas produtoras de leite com outros setores do agronegócio. Um aspecto importante a ser considerado é que para cada situação existe um tipo adequado de colheita e maquinários. O importante é conciliar bom rendimento, bom processamento e baixo custo da operação. 

Literatura Citada

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EUGENIO FARIA BARBOSA

Mestrando Nutrição de Ruminantes - Dairy Science
Universidade Federal de Lavras
Departamento de Zootecnia
Grupo do Leite

GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

GUSTAVO SALVATI

Graduado em Zootecnia (UFLA), Mestrado em Nutrição de Bovinos Leiteiros (UFLA), Research Scholar (University of Wisconsin - Madison) e atualmente Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ)

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CLOVISNEI BASI

XANXERÊ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/04/2019

Parabéns pela excelente matéria, é um assunto que vale a pena ser discutido de norte a sul no Brasil. Só fiquei com uma dúvida, o por que de utilizar 2,5 horas para compactar a silagem colhida com a plataforma de 9 metros, sendo que aumentou somente 2 mm o tamanho de corte e manteve o mesmo teor de MS para todas as simulações. Abraço!
EUGENIO FARIA BARBOSA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/05/2019

Prezado Clovisnei, obrigado pelo comentário!

O tempo de compactação para a colhedora com plataforma de 9 metros foi maior porque a quantidade de massa verde que chega no silo por hora é superior comparado com uma colhedora com plataforma de 6 metros.

Abraços,

Eugenio
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Obrigado pela participação Clovisnei! tema importante e tema muito pertinente na atualidade. concordo com Eugênio. Uma grande falha na qualidade do processo de ensilagem atualmente, com colhedoras de alto desempenho é a falta de programação e operação durante a ensilagem. O grande determinante da qualidade da silagem no que se refere a ensilagem é o correto dimensionamento entre a quantidade de material picado que chega no silo e a capacidade de compactação. Nesse sentido, quanto maior a massa que chega, maior é o tempo necessário pra compactação e peso do implemento pelo qual se realiza a compactação.
DILCINEI JOSÉ ROCHA BAITEL

RESERVA DO IGUAÇU - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/04/2019

parabéns pelo artigo, vem ao encontro do que trabalhamos com os produtores e nos passa muitas informações novas sobre o tema.
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Obrigado pelo comentário Dilcinei Baitel!
Vários trabalhos vem sendo desenvolvidos na pesquisa e no campo (banco de dados a nível de fazenda gerado por consultores) para gerar informações que possam ser utilizadas como parâmetros de avaliação e tomada de decisões. Dessa forma, maior pode ser a assertividade na qualidade da silagem e menor custo de produção.
FIDELIS ITAMAR DE QUEIRÓS

ARAPUTANGA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/04/2019

Sim, concordo plenamente, que tem acesso e a feliz sorte de ter essas máquinas grandes prestando serviços próximo a propriedade excelente, por outro lado, há no mercado máquinas muito menores ao acesso do médio e pequeno produtor quase mesmo sistema das autopropelidas, ou seja, possui uma JF 1600 AT Excelente máquina, agora lançaram a 1.000 AT e a 3.200 AT, ou seja, para o pequeno médio e grande produtor. Em fim, Menta, JF, Nogueira, são todas empresas idôneas que diversificaram seu parque industrial com aura tecnologia. Essas máquinas estando com faca e contrafaça adequadamente reguladas e bem afiadas não precisa melhor. Boa matéria. Mas ainda tenho dúvidas quanto ao tamanho da partícula na moagem do GRAO seco para leite e engorda. Quando usar menor ou maior partícula???
GUSTAVO SALVATI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/05/2019

Prezado Fidélis, obrigado pelo comentário.

Recentemente, uma trabalho realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz comparou o efeito da colheita realizada por colhedora tracionada por trator (área total, 6 mm de tamanho teórico de corte, sem dispositivo quebrador de grãos - cracker) com uma colhedora autopropelida (com dispositivo quebrador de grãos) regulada para o mesmo tamanho teórico de corte (TTC - 6 mm) no desempenho de vacas leiteiras.

A silagem colhida pela autopropelida apresentou um KPS (kernel processing score - índice de processamento) melhor em 21.8 unidades percentuais em comparação a colhedora tracionada o que porporcionou aumento da digestibilidade do amido no trato total (95.3 vs. 93.1% do amido ingerido) e consequentemente 1.2 kg a mais na produção de leite. Ou seja, conseguimos maximizar a produção de leite com mesmo custo dietético. Neste mesmo estudo, foi comparado a regulagem de 12 mm de TTC para autopropelida. Com TTC de 12-mm os resultados de desempenho foram mantidos, contudo houve uma melhora considerável no tempo de ruminação e indicadores plasmáticos de acidose subclínica foram minimizados.

Para colhedoras tracionadas por trator, de acordo com as que o senhor descreveu, uma estratégia para maximizar a quebra dos grãos seria a redução TTC. Esta estratégia vem sendo estudada por nosso grupo de pesquisa em diferentes maturidades da planta no momento da colheita (teor de matéria seca da planta) para sua escolha. Em um experimento recente foram testadas duas maturidades (30.3 e 36.7% de MS) e três TTC (3, 5 e 7 mm). A redução do TTC de 7 mm para 5 ou 3 mm foi efetiva apenas quando a planta de milho foi colhida com 30.3% de MS.

Porém, a silagem colhida precoce apresentou um KPS superior (66.3%) a colhida tardiamente (50.3%). Nessa linha de racíocinio uma outra indagação seria: a silagem colhida mais cedo tem menos amido (21.7% MS) e mais processado; e a colhida tardiamente (36.7%) mais amido (28.3% MS), porém menos processado. Dessa forma, qual seria a melhor estratégia para quem usa colhedora tracionada por trator sem dispositivo quebrador de grãos? Nesse mesmo trabalho avaliamos a % de amido degradável no rúmen (em 12 h de incubação) entre esses tratamentos e notamos que colher mais tarde condicionou a uma maior quantidade de amido degradável no rúmen. Concluimos que para este tipo de equipamento a colheita com 36.7% de MS se mostrou mais efetiva, apesar do KPS inferior. Além disso, temos que considerar o tamanho de partículas final da silagem (medido pela penn state) o qual irá afetar a compactação no silo e seleção na pista de alimentação ou cocho.

Atualmente no mercado já existem colhedoras acopladas ao trator com dispositivo cracker. Resultados preliminares sobre o desepenho desses equipamentos no processamento de grãos foi publicado recentemente no milkpoint (https://www.milkpoint.com.br/colunas/esalqlab/silagem-de-milho-boa-somente-se-colher-com-automotriz-sera-210433/). Observamos melhora na quebra dos grãos para este tipo de colhedora, a qual é de fácil acesso para produtores de pequeno e médio porte.

Abraços,

Gustavo
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Fidelis, obrigado pela participação e questionamento.
Infelizmente não são todos produtores que podem adquirir maquinas com alto rendimento de colheita, com processadores de grãos, dentre outras características que impossibilitam o seu uso (declividade do terreno, investimento inicial alto, área pequena, dentre outros fatores).
Como nossa diversidade de fatores influenciadores no processamento da silagem de milho é grande, a mensuração e avaliação de cada situação é sempre a melhor solução para responder o seu questionamento. seja pra "engorda" seja pra "leite", híbridos mais farináceos, colhedoras bem reguladas e em ponto de matéria seca adequado são sempre bem vindos. O problema é que cada ano é um ano e as variáveis afetam a qualidade final da silagem. Concordo contigo que em situações ideais temos colhedoras que são muito satisfatórias. Entretanto, a maioria tem problemas em situações adversas (híbridos mais duros, teor de matéria seca acima do ideal, etc..). Algumas precisam de trator com alta potencia, outras não picam adequadamente a palha, outras soltam pedaços de sabugos e grãos inteiros, etc. Nesse sentido, avaliar cada situação é pertinente. Avaliar as proporções nas peneiras da Pen State em tempo real, proporção de grãos pouco ou não danificados, perfil da picagem e rendimento e tomar a decisão em cada situação é a decisão mais assertiva na minha opinião. Ou seja, para cada situação que se depara, use as ferramentas disponíveis para se obter o melhor material possível. Enfim, após todas as medidas de planejamento forem tomadas e assertivas (definição de híbridos adequados, escalonamento de plantio, regulagem da colhedora, etc), as perguntas podem ser: na melhor condição da máquina que possuo ou posso ter, qual o melhor processamento de grãos que eu consigo? qual o maior tamanho de partícula da fração fibrosa eu consigo obter que mantenha a ruminação dos animais sem inibir consumo, causar seleção ou falhas na compactação na ocasião da ensilagem? em resumo, seguimos parâmetros (processamento de grãos via % de grãos inteiros, KPS, amido fecal, fibra efetiva) mas apenas como indicadores e norteadores para maior assertividade, não se tendo um número específico para cada categoria ou tipo de animal (respondendo sua pergunta)
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Com relação a "tamanho da partícula na moagem do GRÃO seco para leite e engorda" você se refere aos grãos da silagem de planta inteira (forragem) ou ao tamanho de partícula de grãos de milho (fonte de amido considerado como alimento concentrado)? se for com relação a forragem, assunto aqui discutido, considero que quanto menor o tamanho de partícula dos grãos na planta melhor pensando no aproveitamento pelo animal (independente da categoria animal. Entretanto, esse processamento ideal deve levar em consideração também o rendimento de trabalho na operação e capacidade da máquina disponível.
LUCIO DREHMER

APARECIDA DE GOIÂNIA - GOIÁS - OVINOS/CAPRINOS

EM 18/04/2019

Interessante a abordagem comparativa relacionada aos custos! Parabéns pela iniciativa..
Vejo consultores utilizando a peneira de 4 mm na avaliação do tamanho de partículas da silagem. Isso pode causar confundimento em relação a recomendação de manter menos de 20% na peneira do fundo. Como deve se proceder uma correta avaliação do tamanho de partículas?
EUGENIO FARIA BARBOSA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/04/2019

Prezado Lúcio, obrigado pelo comentário!

Os crivos das peneiras do separador de partículas da Penn State (SPPS) parecem ser adequados para avaliar a distribuição de particulas de forragens e rações totais (TMR). A peneira com crivos de 19 mm retém particulas potencialmente selecionáveis pelos os animais, pode afetar a densidade da silagem e o tempo que as vacas passam comendo (Grant e Ferraretto, 2017). A princípio, aumentar a proporção de particulas retidas nesta peneira tem pouca relevância, do ponto de visto de ruminação, aumento da produção de leite e da gordura do leite e no controle do risco de acidose ruminal (Vanderwerff et al., 2015). A peneira com crivos de 8 mm retém particulas que parece ser um indicador suficiente da efetividade física de forragens e da TMR (Zebeli et al., 2012; White et al., 2017a; White et al., 2017b). Variáveis fisiológicas em vacas leiteiras, como mastigação, ruminação e consumo de matéria seca, foram melhor preditas pela FDNfe>8 mm (Zebeli et al., 2010; Zebeli et al., 2012; White et al., 2017a; White et al., 2017b). Apesar da substituição da peneira de 1,18 mm pela peneira de 4 mm do SPPS ser um avanço na quantificação do FDNfe, a utilidade desta peneira é questionável. Existem poucos experimentos com vacas leiteiras (Kmicikewycz e Heinrichs, 2015; Kmicikewycz et al., 2015; Jiang et al., 2017) para afirmar que FDNfe>4 mm é um indicador suficiente da efetividade física. Portanto, nós não recomendamos a utilização da peneira de 4 mm do SPPS.

Abraços !

Eugenio
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Lúcio, muito boa pergunta! e faço minhas as palavras do Eugênio! Adicionalmente, gostaria de salientar três pontos: a) variabilidade da efetividade de dietas devido a fatores diversos (qualidade de mistura da dieta antes da oferta aos animais, processamento durante o descarregamento e mistura no vagão, etc); b) Efeito de época e variabilidade na qualidade da forragem; c) variabilidade inerente ao procedimento de manipulação das peneiras durante a checagem da efetividade. Esses fatores, baseado em dados da literatura e na própria observação cotidiana são pontos muito mais relevantes do que o fato de se alterar o crivo de uma das peneiras ou adicionar uma peneira com crivo adicional. O objetivo é inteligente e importante porque 1.18 mm seria uma super estimativa e 8 mm seria uma subestimava da efetividade. Entretanto, devido a diversidade de fatores influenciáveis comentados acima, seria importante manutenção da peneira de 8 mm como parâmetro base para geração de dados precisos sobre dados de efetividade ( o que na minha opinião ainda demora pra se alcançar) e aí então, foco em implementação de peneiras. Hoje temos muitos dados, cada um avaliado de um jeito. Ter foco e ser objetivo nas avaliações, bem como, ter precisão na avaliação da efetividade utilizando o conjunto de peneiras já existentes seria mais determinante na avaliação da efetividade do que mudança de crivo das peneiras.
THIAGO HENRIQUE DA SILVA

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/04/2019

Parabéns pela clareza do artigo!!!

Conteúdo de extrema importância para a pecuária leiteira atual.
EUGENIO FARIA BARBOSA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/04/2019

Prezado Thiago, obrigado pelo comentário!

O objetivo desta matéria é demonstrar que a colheita de milho com máquinas autopropelidas pode ter preços competitivos.

Abraços !

Eugenio
EM RESPOSTA A EUGENIO FARIA BARBOSA
GILSON SEBASTIAO DIAS JUNIOR

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2019

Prezado Thiago, Também agradeço pelo comentário! Adicionalmente ao comentário do Eugênio, adiciono que dados colocados nas tabelas, embora inicialmente possam aparentemente estar com excesso de informações, permite a cada interessado, utilizar como guia de comparação entre o custo de colheita empregada na fazenda e simular os custos se fosse colhida com maquinas maiores.

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