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Milho e suas variações: a importância da cultura

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ESALQLAB

EM 26/04/2022

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 26/04/2022

Dia 24 de abril é celebrado o Dia Internacional do Milho, ingrediente o qual está presente direta e indiretamente na mesa dos mais diversos povos ao redor de todo o mundo.

A cultura do milho é uma das mais antigas praticadas pela humanidade, com registros indicando que o cereal era cultivado a 5.000 anos a.C, na região do litoral do México. Atualmente, a cultura do milho apresenta papel importantíssimo no desenvolvimento socioeconômico de diversos países, podendo destacar a utilização do cereal para a alimentação humana, nutrição animal e produção de etanol.

Quando falamos em nutrição animal, o milho tem uma participação de destaque na nutrição das mais diversas espécies. Quando falamos de animais monogástricos, como aves e suínos, sem dúvida o milho e o principal concentrado energético utilizadas nas mais diversas fases de criação.

Pensando em nutrição de ruminantes o milho possui maior versatilidade, pois além de ser utilizado como importante concentrado energético, a partir da cultura do milho também e possível produzir forragens de excelente qualidade a ser utilizadas nas formulações das dietas. Snaplage, toplage, stalklage e silagem de planta inteira são alguns tipos de ingredientes que podem ser produzidos a partir da cultura do milho (Figura 1).

Figura 1. Esquema da utilização do milho na produção de diversos alimentos (Salvati et al., 2019)

A silagem de planta inteira de milho é o principal volumoso utilizado na nutrição de vacas leiteiras e bovinos de corte confinados no Brasil, e diversas são as tecnologias empregadas para que a qualidade desse volumoso seja cada vez melhor, otimizando o desempenho animal.

Este ingrediente ganhou tamanha importância no cenário de produção de ruminantes visto que carrega consigo características extremamente desejáveis a um volumoso, como a elevada produtividade por área, a aceitabilidade por parte dos animais, composição química e a digestibilidade dos nutrientes.

Muitas instituições e grupos de pesquisas trabalham arduamente visando o desenvolvimento de técnicas e ferramentas que possam aumentar a produtividade da cultura e o aproveitamento dos nutrientes nele contido.

Ao trabalhar o banco de dados da ESALQLAB, compilamos os dados de composição bromatológica de todas as amostras de silagem de milho analisadas no ano de 2021. Para essa análise foi utilizado um banco de dados de 4718 amostras advindas de todas as regiões do Brasil. Os dados obtidos desse levantamento estão apresentados na Figura 2.

Figura 2. Composição bromatológica média de amostras de silagem de milho recebidas e analisadas pela ESALQLAB no ano de 2021.


 

De maneira geral, os valores médios obtidos indicam uma silagem com 47% de FDN e 26% de amido, sendo que o material colhido continha, em média, 32,6% de MS. Recentemente nós abordamos em um artigo técnico diversos pontos capazes de influenciar a qualidade da silagem de milho, e comparando os dados é possível observar muita similaridade entre os valores médios da silagem de 2020 e 2021.

Um ponto que destacamos seria o aumento substancial no valor de KPS das amostras, pois esse seria uma das grandes chaves para a otimização da utilização do amido por parte dos animais.

Em nossa coluna também já apresentamos dados científicos que demonstram que o aumento no KPS pode resultar em aumento na produção de leite e/ou redução na necessidade de uso de concentrado devido ao melhor aproveitamento energético do amido da silagem. 

É notório que existe muita variação na composição das amostras analisadas, pois são muitos os fatores que podem influenciar a qualidade nutricional, dentre eles podemos elencar os fatores inerentes aos tratos culturais, tipo de solo, época de plantio, híbridos utilizados, ponto de colheita, equipamento utilizado na colheita, altura de corte e armazenamento. Separamos os dados em função da época de produção (safra vs. safrinha) e os dados estão apresentados na Figura 3 e 4.
 

Figura 3. Composição bromatológica média de amostras de silagem de milho produzidos na safra recebidas e analisadas pela ESALQLAB no ano de 2021.

Figura 4. Composição bromatológica média de amostras de silagem de milho produzidos na safrinha recebidas e analisadas pela ESALQLAB no ano de 2021.

Conforme esperado, é possível notar que a qualidade nutricional da silagem produzido durante a safra é superior, sendo observado maiores valores de amido e, consequentemente, menor teor de FDN, quando comparado a silagem safrinha. Essas duas variáveis são inversamente proporcionais, pois via de regra os demais componentes são constantes (PB, EE e açúcares - matéria orgânica residual). Logo, quando sobe amido (maior produção de grãos) consequentemente reduz FDN (diminui a concentração de fibra).

Ponto interessante a se destacar seria a digestibilidade da fibra, sendo os maiores valores observados para a silagem produzida na safrinha. Tal fato pode ser justificado em função do estresse hídrico e das menores temperaturas ambientais que a planta tende a passar durante o desenvolvimento da planta na safrinha, o que resulta em uma fibra de qualidade superior.
 

O que é Snaplage? 

Entre as diversas formas de se aproveitar esse alimento tão versátil, o snaplage é um ingrediente energético usado nas dietas de confinamento de gado de corte e para vacas lactação.

Alimento bem conhecido nos Estados Unidos, mas relativamente novo no Brasil, se trata de uma silagem com características únicas.

Essa silagem possui uma vantagem operacional em relação a silagem de grão úmido. No snaplage a colheita é feita com uma colhedora automotriz de forragem e uma plataforma despigadora acoplada a colhedora. Dessa forma consegue realizar a colheita da espiga e o processamento (moagem com o cracker e as facas da colhedora) em uma única operação.

O intuito é colher as espigas (palha da espiga + sabugo + grãos) e já processá-las pelas facas e pelo cracker da colhedora de forragens. O que representa uma eficiência operacional em relação a silagem de grãos úmidos. Uma boa Snaplage, colhida com um equipamento bem ajustado, será composta por 75% de grãos, 15% sabugo e 10 % de palha da espiga. Além de apresentar uma produção de matéria seca por hectare alta (11,1 t de MS/ha) comparada ao grão úmido, seu adensamento energético se dá concomitantemente a uma alta digestibilidade do amido, apresentando vantagens também hora da colheita, pois possui uma janela de corte maior.

Como forma de entender melhor a qualidade nutricional desse material, o banco de dados das amostras de snaplage recebidas pelo ESALQLab em 2021 também foi analisado (Figura 5).

Composto majoritariamente por grãos, o snaplage apresenta altos teores de amido (média de 49,2%), que por sua vez apresentam uma alta digestibilidade, sendo então uma ótima fonte de carboidratos não fibrosos. Porém esse material ainda apresenta uma participação relevante de materiais fibrosos (palha e sabugo) o que fornece a ele uma segunda aptidão como fonte de fibra (FDN) e aumenta sua capacidade energética.

Por apresentar um ponto de colheita e composição do material ensilado diferentes da silagem tradicional, os teores de matéria seca do snaplage são substancialmente mais altos, apresentando média de 55,4%. A digestibilidade de FDN 30 h do snaplage da mesma forma apresenta diferenças positivas, a média de 55,2%.

Na composição média das silagens snaplage recebidas pelo ESALQLab essa característica de dupla aptidão se ressalta. Apresentando valor médio de 27,9% de FDN, esse alimento é utilizado em algumas propriedades como única fonte de fibra, porém, deve-se atentar que diversas variáveis (muitas citadas acima) influenciam fortemente à variação em seus teores de FDN e de amido.

Figura 5. Composição bromatológica média das amostras de snaplage recebidas e analisadas pela ESALQLAB no ano de 2021.

Tendo em vista a grande demanda por novos métodos mais eficientes para uso dos insumos, o snaplage parece ser uma opção estratégica, unindo altos teores de amido e a presença de fibra em um só alimento.

No cenário atual é importante darmos o devido valor a essa cultura tão importante e presente nos sistemas produtivos. Que todos possamos utilizar ferramentas e tecnologias de maneira a utilizar da maneira mais adequada possível o potencial produtivo dessa cultura tão única.
 

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Referências:

SALVATI, G; SALVO, P; SANTOS, W; NUSSIO, L. G.. Uso de silagem para intensificar a produção em gado de corte. [2019]. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/nespro/xivjornada2019/arquivos/palestras/dia11/2-%20nussio.pdf> Acesso em: 21 abr 2022.

DANIEL MONTANHER POLIZEL

JOÃO PEDRO MONTEIRO DO CARMO

GUSTAVO SALVATI

Graduado em Zootecnia (UFLA), Mestrado em Nutrição de Bovinos Leiteiros (UFLA), Research Scholar (University of Wisconsin - Madison) e atualmente Doutorando no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ)

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