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Currais especiais de resfriamento para a melhor lucratividade de fazendas mexicanas de grande escala

POR ISRAEL FLAMENBAUM

COWCOOLING - FLAMENBAUM & SEDDON

EM 22/08/2019

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 27/10/2023

Este artigo apresenta os resultados de um projeto de resfriamento de vacas, no norte do México, região caracterizada por longos meses de verão quente e seco, com as condições extremas de estresse térmico em vacas leiteiras. O projeto de resfriamento ocorreu em fazendas leiteiras de grande escala, com vacas de alto rendimento da raça Holandesa. Os produtores de leite estavam cientes da existência de um efeito negativo sobre os índices de produção de verão, reprodução e saúde das vacas e as perdas econômicas causadas a eles, e mostraram uma grande disposição para tomar as ações necessárias e gastar o que fosse preciso, para lidar e resolver o problema.

O verão de 2014 foi o primeiro verão do projeto, definido como "Summer Learning", que explorou a melhor maneira de ativar os tratamentos de resfriamento nos galpões. As descobertas do primeiro ano nos ajudaram a estabelecer a "estratégia de resfriamento" para as fazendas leiteiras na região para implementação em fazendas leiteiras de grande escala (1.200 a 3.600 vacas leiteiras por fazenda, ordenhando 3 vezes por dia num total de quase 21 horas), no verão de 2015. Uma das limitações para o resfriamento das vacas nessas fazendas era o fato de as salas de ordenha possuírem alta capacidade de ordenha e, portanto, o tempo de resfriamento das vacas nos currais, antes de cada ordenha, era muito curto e não permitia fornecer às vacas o tempo necessário para um resfriamento adequado. O resfriamento na linha de alimentação dessas fazendas também foi limitado, principalmente devido a ventos laterais em um grande número de horas por dia, o que afetou negativamente a eficácia dos ventiladores e sistemas de aspersores.

A solução de resfriamento que desenvolvemos para esse tipo de fazendas foi construir "currais de resfriamento especiais", colocados próximos aos currais de espera e sala de ordenha e, em alguns casos, perto dos galpões das vacas. Esses currais especiais de resfriamento foram usados como locais onde o tratamento de resfriamento pode ser estendido para todas as vacas em torno do tempo de ordenha (antes e depois das sessões de ordenha), bem como para resfriar as vacas leiteiras entre as sessões de ordenha.

No verão de 2015, implementamos esse conceito, combinando resfriamento de vacas por meio de umedecimento e ventilação forçada em currais de resfriamento especiais e currais de espera, em cinco fazendas leiteiras de grande escala na região. Para monitorar a eficácia do resfriamento, usamos "registradores de dados vaginais" inseridos em uma amostra de vacas representativas durante todo o verão.

Confira algumas fotos dos locais de resfriamento nas fazendas do projeto:

Resultados

Produção de leite

O resfriamento intenso das vacas nas fazendas do projeto no verão de 2015 contribuiu para uma redução significativa na queda usual de verão na produção de leite, quando nenhum resfriamento era fornecido às vacas no verão.

A figura 1 descreve uma curva típica de lactação (médias mensais de produção diária de leite por vaca), em uma fazenda de 3600 vacas leiteiras participantes do projeto. Como pode ser visto, a curva de lactação para o período entre 2011 e 2014, onde nenhum resfriamento foi fornecido, é significativamente inferior à de 2015, com resfriamento intensivo.

Figura 1 - Produção média diária de leite por vaca (litros) em uma fazenda leiteira típica, resfriando intensamente as vacas no verão de 2015.

A relação entre o leite produzido nos meses de inverno (janeiro-março) e de verão (junho-agosto) nestas 5 fazendas leiteiras, apresentadas em separado para os anos de 2011 e 2015, é apresentada na figura 2. A partir deste dado vemos que a diferença na produção entre inverno e verão ficou em média 4,6 litros por vaca por dia em 2011 e caiu para uma queda de apenas 0,7 litros por vaca por dia em 2015. A relação média entre verão e inverno (V:I) foi de 0,87 em 2011 e subiu para 0,98 em 2015. Isso significa que a queda de verão na produção de leite quase desapareceu no ano em que as vacas foram intensamente resfriadas.

Os resultados obtidos no projeto no México são bastante semelhantes aos resultados obtidos em uma pesquisa que conduzi com a ICBA (Associação de Criadores de Gado de Israel) e publicada internacionalmente em 2003, na revista American Journal of Dairy Science. Nesta pesquisa, comparamos a produção média diária de leite em fazendas leiteiras com o mínimo de resfriamento das vacas no verão, em comparação com as fazendas que resfriaram intensivamente suas vacas. A produção de leite de vacas em fazendas com resfriamento mínimo no verão (julho a setembro) caiu 3,5 litros por dia em relação aos meses de inverno (janeiro a março) e a relação verão-inverno de produção de leite foi de 0,89. Em contraste, as fazendas leiteiras com resfriamento intensivo no verão caíram apenas 0,6 litros por dia entre as duas estações, e a razão de produção do verão-inverno chegou a 0,98.

Figura 2 - Produção média diária de leite por vaca (litros), no inverno (janeiro a março) e verão (junho a agosto), em fazendas que resfriaram intensivamente as vacas em 2015.

Fertilidade

Escolhemos a taxa de concepção como um parâmetro representativo para avaliar o efeito do resfriamento no desempenho reprodutivo da vaca. A taxa de concepção às inseminações realizadas no verão de 2015, quando as vacas foram intensamente resfriadas, foi significativamente maior em todas as fazendas do projeto, quando comparadas às obtidas nos verões de 2011-2014, sem o resfriamento das vacas. As taxas de concepção de todas as inseminações feitas nos meses de verão na fazenda típica e seus dados de produção apresentados acima, são apresentados na Figura 3.

Figura 3 - Taxa média de concepção (%), em uma fazenda leiteira típica, resfriando intensamente as vacas no verão de 2015. 

Figura 4 - Média mensal da taxa de concepção (%), nas inseminações realizadas no inverno (janeiro a março) e no verão (junho a agosto), nas fazendas que foram intensamente resfriadas no verão de 2015.

Em semelhança com o descrito para as características de produção, também, quando se trata de fertilidade, os resultados obtidos no projeto no México no verão de 2015 são bastante semelhantes aos resultados da pesquisa realizada em Israel. As taxas de concepção de inseminações realizadas nos meses de inverno em Israel não diferiram entre fazendas com resfriamento mínimo ou intensivo no verão (aproximadamente 45%). Diferentemente das inseminações realizadas no inverno, as taxas de concepção nas inseminações realizadas no verão para as vacas resfriadas intensivamente em 2015 foram quase o dobro das alcançadas em fazendas com resfriamento mínimo (34% e 17%, respectivamente). A relação verão-inverno para a taxa de concepção foi de 0,72 e 0,40, respectivamente, em fazendas com resfriamento intensivo e mínimo no verão.

Quais foram os fatores que contribuíram para a obtenção dos bons resultados em meu projeto no México?

Na minha opinião, no verão de 2015, foi a primeira vez na história do setor de lácteos do México que os procedimentos de resfriamento de vacas atenderam às necessidades das vacas. Essas necessidades incluíam o seguinte:

  • Procedimentos de ventilação e umidificação dados de acordo com a intensidade e qualidade recomendadas;
  • "Espaço por vaca" nos locais de resfriamento foi suficiente para evitar a aglomeração e permitir que as vacas tivessem um resfriamento adequado;
  • As vacas receberam "tempo de resfriamento" suficiente durante o dia, durante todo o verão;
  • As vacas foram resfriadas em alta frequência e muitas vezes por dia (uma vez a cada 4 horas), inclusive durante a noite;
  • Monitorar com frequência as temperaturas vaginais da vaca, nos deu indicações sobre "status térmico" das vacas em tempo real e nos permitiu otimizar o tratamento de resfriamento dado às vacas;
  • O tratamento de resfriamento começou gradualmente no final da primavera e terminou da mesma maneira no final do outono;
  • Alimentos frescos e água limpa suficiente oferecida às vacas livremente ao longo de todos os dias de verão.

Os aspectos econômicos do resfriamento de vacas 

A implementação dos meios de resfriamento neste projeto envolveu investimentos financeiros consideráveis para a instalação e operação do sistema de resfriamento.

Em geral, o investimento em equipamentos para a construção e instalação de equipamentos de resfriamento nos currais especiais de resfriamento variou entre US$ 400.000, em fazendas leiteiras relativamente pequenas, a US$ 800.000, nas maiores (o investimento varia de US$ 200 a US$ 250 por vaca).

O funcionamento do sistema de resfriamento durante 150 dias de verão custa cerca de US$ 45 por vaca, dos quais US$ 30 para energia elétrica, US$ 10 para mão de obra (seis funcionários adicionais foram contratados e trabalhavam em três turnos por dia), com os custos restantes (principalmente para a manutenção do sistema) de US$ 5.

Usando um programa de computador especial que desenvolvi junto com um economista agrícola em Israel, examinei a relação custo-eficácia do resfriamento das vacas sob condições mexicanas. O software leva em conta, por um lado, o investimento necessário para o resfriamento adequado das vacas (investimento em equipamentos e custos operacionais). Por outro lado, leva em conta o leite anual adicional produzido por vaca, a diminuição nos dias abertos e a melhora na eficiência alimentar (conversão de ração em leite), como foram obtidos nessas fazendas no verão de 2015. Entre os benefícios decorrentes do resfriamento intenso das vacas, calculei um aumento de 10% na produção anual de leite por vaca, 5% de melhoria na eficiência alimentar, para 150 dias de verão e uma redução de 5 dias abertos anualmente, com um valor de US$ 5 por dia, devido à melhora na taxa de concepção de vacas inseminadas no verão.

Eu conduzi o estudo para uma fazenda leiteira típica com 3000 vacas, investindo US$ 800.000 para instalar o sistema de resfriamento. Os resultados do meu cálculo mostram que, sob as condições mencionadas, e preços praticados de insumos e produtos no México, a renda adicional devido à implementação do resfriamento intensivo chegou a US$ 200 por vaca por ano e US$ 600.000 por ano por fazenda. Sob essas condições, esperamos que o retorno do investimento seja inferior a dois anos.

A indústria mundial de lácteos se movimenta hoje em dia para o estabelecimento de fazendas leiteiras de grande escala com alto valor genético em novas regiões, principalmente em partes quentes do mundo e próximas aos grandes centros de consumo. O conhecimento e a experiência adquiridos primeiro em Israel e agora, neste projeto no México, nos ajudarão a lidar com os problemas causados pelo estresse térmico nessas regiões no futuro.

ISRAEL FLAMENBAUM

Especialista no estudo do estresse térmico em vacas leiteiras, professor na Hebrew University of Jerusalém, tem ministrado cursos e treinamentos sobre o assunto em diversos países.

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