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Turquia: projeto de resfriamento de vacas em fazenda leiteira

POR ISRAEL FLAMENBAUM

COWCOOLING - FLAMENBAUM & SEDDON

EM 22/10/2019

6 MIN DE LEITURA

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Os meios de resfriamento para reduzir o estresse térmico das vacas foram desenvolvidos nas últimas quatro décadas em Israel e são aplicados com graus diferentes de sucesso em muitas fazendas no mundo todo.

Esta técnica baseia-se principalmente em uma rotina diária, que inclui o resfriamento das vacas nos pátios de espera, antes e entre as sessões de ordenha, bem como na pista de trato, durante o período de alimentação. As vacas são geralmente ventiladas à força na área de descanso, tanto em free stall como em compost barn.

Na primavera de 2016, fui convidado pela gerência da propriedade leiteira Ozlem para ajudá-los na diminuição do estresse térmico das vacas. Isso se deu pelo fato da fazenda ter grandes quedas na produção de leite e fertilidade dos animais durante os meses de verão. A Fazenda Ozlem está localizada na Turquia, na costa sul do Mediterrâneo, perto da cidade de Izmir. Nesta localidade, durante 4 meses do ano (junho a setembro), as vacas são expostas a condições de estresse térmico na maior parte ou durante todo o dia.

A fazenda Ozlem possui cerca de 1.000 vacas holandesas, alojadas em dois free stall e ordenhadas três vezes por dia em duas salas de ordenha, totalizando 14 horas/dia. Até o verão de 2015, antes de iniciarmos o projeto de resfriamento, as vacas eram resfriadas nos dois pátios de espera de 12m de largura e 15m de comprimento, com duas linhas de ventiladores (1,25 m de diâmetro) em cada e quatro ventiladores por linha. O umedecimento era fornecido por nebulizadores de baixa pressão localizados acima dos ventiladores. O resfriamento era aplicado três vezes ao dia, somente quando as vacas vinham para ordenha. Ao longo da pista de trato havia ventiladores instalados com intervalo de 18m e a 3m de altura. Além disso, foram instalados canos logo abaixo dos ventiladores e nebulizadores de baixa pressão. O sistema funcionava durante 24 horas em dias muito quentes, caso contrário, era ativado de 07:00 às 20:00h, fornecendo um minuto de nebulização a cada quatro minutos. O resfriamento era aplicado apenas três vezes ao dia, por 45 minutos após a ordenha.

Em preparação para o resfriamento das vacas no verão de 2016, foram instaladas três linhas de ventiladores em cada pátio de espera, com cinco ventiladores por linha, 3m acima da superfície do pátio. O sistema de nebulização foi substituído por aspersores de 300 litros/hora, instalados a 2m de distância e a 2,8m acima da superfície e operados por temporizador, atuando por 45 segundos a cada quatro minutos, antes de cada sessão de resfriamento. O número de ventiladores foi dobrado na pista de trato e instalados com intervalos 9m ao longo de toda a pista. O umedecimento se deu substituindo o sistema de nebulização por aspersores de 300 litros/hora, programados para operar por 45 segundos a cada quatro minutos.

Os equipamentos de resfriamento na pista de trato no segundo galpão permaneceram como antes, apenas sendo modificados para operarem como no primeiro galpão, de modo que trabalhassem o dia todo, conforme inicialmente recomendado.

A estratégia utilizada no verão de 2017 consistiu em resfriar as vacas no pátio de espera, antes de cada sessão de ordenha e quando deixavam o pátio (depois de serem ordenhadas), além de mais 45 minutos na pista de trato, enquanto estavam trancadas. Cada grupo foi resfriado novamente, por 45 minutos, no pátio de espera, quatro horas após ser ordenhado e resfriado. No total, as vacas foram resfriadas por mais de seis horas cumulativas por dia, seis vezes no pátio de espera e também quando trancadas, na pista de trato.

A temperatura corporal das vacas foi monitorada continuamente durante todo o verão de 2017, usando registradores intra-vaginais e mostrou que o tratamento de resfriamento obteve sucesso. As vacas foram mantidas em conforto térmico (abaixo de 39,0oC), quase 24 horas por dia, como pode ser visto na Figura 1, na qual foram avaliadas as médias de 10 vacas de alto rendimento em um dia típico de verão.

Figura 1 - Temperatura vaginal média aferida em 10 vacas leiteiras com intervalo de 10 minutos, ao longo das 24 horas de um dia típico de verão.

A produção média de leite por vaca na fazenda Ozlem aumentou significativamente no verão de 2017, em comparação ao de 2016, quando apenas metade das vacas era resfriada adequadamente. A diferença foi significativa também em relação aos verões de 2014 e 2015, quando as vacas estavam quase sem nenhum resfriamento efetivo (Figura 2, para produção média diária de leite e Figura 3, para pico diário de lactação).

Figura 2 - Produção média diária de leite por vaca (litros/dia), em 2014-2017.

Figura 3 - Pico médio da produção diária de leite (litros/dia) de vacas adultas em 2014-2017.

A produção anual de leite por vaca na Fazenda Ozlem aumentou, entre 2014 e 2017, em 1580 litros (17%), de 9.000 para 10.580 litros por vaca. Se assumirmos que apenas parte desse aumento está relacionado à melhoria no resfriamento, podemos considerar um aumento de 1.000 litros na produção anual por vaca devido ao intenso resfriamento no verão (aumento de 10%). Com base em estudos anteriores, podemos supor que o aumento de 10% na produção anual e o resfriamento intensivo fornecido às vacas melhora em, pelo menos, 5% a eficiência alimentar (conversão alimentar em leite) durante os 120 dias de verão.

Além disso, o resfriamento intensivo das vacas no verão de 2017 melhorou significativamente a fertilidade. A taxa de concepção dos animais inseminados no mês de verão de 2017 foi quase o dobro da obtida nos mesmos meses de 2014 e 2015, como pode ser visto na figura 4.

Figura 4 - Taxa de concepção de todas as inseminações feitas no período de 2014 a 2017.

Consideramos que o aumento da taxa de concepção tem o potencial de reduzir os "dias abertos" em pelo menos 5 dias por vaca, com um valor de pelo menos US$ 25/vaca/ano.

Com base nos resultados reais obtidos, foi realizado um estudo econômico, a fim de avaliar o custo-efetividade da implementação do resfriamento intensivo na Fazenda Ozlem. O estudo foi realizado utilizando um programa de computador especial desenvolvido recentemente. Foram incluídos um aumento de 10% na produção anual por vaca, uma melhoria de 5% na eficiência alimentar para os meses de junho a setembro (120 dias) e uma redução de 5 "dias abertos" no intervalo de partos, com o valor de US$ 5 por dia (benefício total de US$ 25/vaca/ano).

O investimento para a instalação dos equipamentos de refrigeração adicionais de acordo com as recomendações foi de US$ 140.000 (US$ 140 por vaca), realizado em 2 anos (dados fornecidos pelo gerente da fazenda). O preço do leite na fazenda era de US$ 0,37 e o custo com 1 kg de ração era de US$ 0,28. Foi calculado um aumento de 0,5 kg de MS no consumo de ração para cada litro adicional de leite produzido devido ao resfriamento. O custo de operação do sistema de resfriamento no verão foi de US$ 30 por vaca/ano.

Com base nos dados apresentados acima, o lucro líquido, devido ao resfriamento intenso das vacas no verão de 2017, foi de US$ 200 por vaca e US$ 200.000 por fazenda. Isso significa que o retorno do investimento se deu em menos de um ano.

Figura 5 - Ventiladores instalados no pátio de espera nos verões de 2016 e 2017.

Figura 6 - Ventiladores instalados ao longo na pista de trato para metade das vacas no verão de 2016 e para  todas as vacas no verão de 2017.

Figura 7 - Aspersores (300 litros/hora) na pista de trato, no verão de 2017.

Figura 8 - Vacas descansando na sombra.

ISRAEL FLAMENBAUM

Especialista no estudo do estresse térmico em vacas leiteiras, professor na Hebrew University of Jerusalém, tem ministrado cursos e treinamentos sobre o assunto em diversos países.

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