Desafios e oportunidades na trajetória de Cicero Hegg - Sócio-fundador da Tirolez

Apresentado pelo professor Paulo Martins, o programa Conexão Leite e Derivados teve a participação do sócio-fundador da Tirolez, Cícero Hegg, que falou sobre sua trajetória e os desafios que o setor lácteo enfrenta. 

Cícero contou que o insight para adentrar no negócio dos lácteos veio de uma caipirinha na praia. “Estava tomando uma caipirinha na praia com meu irmão mais velho – cujo sogro fora um queijeiro antigo – e ouvindo aquelas histórias e percebendo que os próximos anos seriam difíceis para os projetos de engenharia que estava envolvido, pensei que queijo pudesse ser um bom negócio”, contou Hegg.

O negócio incialmente contava com quatro pessoas: Cícero, o irmão, a cunhada e um antigo estagiário, Elcio. O primeiro laticínio foi adquirido na cidade de Tiros/MG, no dia 01 de maio de 1980. Paulo comenta o momento delicado em que Cícero resolveu adentrar no negócio: “Nos anos 80 nós tivemos uma mega inflação, e, se existe um adversário de leite e derivados, principalmente queijos, é a inflação”.

Cícero destacou que os primeiros momentos realmente foram difíceis, principalmente por não ter experiência no setor. “Passamos uma crise de quase um ano e meio, chegou a hora de pagar outra parcela da aquisição do laticínio e em três meses o mercado virou e foi a primeira vez que conseguimos ganhar dinheiro e quitar as dívidas”, contou ele.
 

Fundação da ABIQ – Associação Brasileira das Indústrias de Queijo

O Sócio fundador da Tirolez enfatizou ser um grande apaixonado por ajudar em causas coletivas. “Entendo que as soluções de causas coletivas mesmo que possam não atender a todos, é uma causa democrática e a gente aprende a ouvir o diferente”, destacou ele, citando a fundação da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo em 1988, com intuito de defender os direitos do setor produtivo de queijos junto aos órgãos federais de controle de preços.

Mudanças importantes do setor

Cícero comentou algumas mudanças que o setor passou e que trouxeram impactos. “Nos anos 90 houve a granelização e o início de uma conciliação do mercado com a entrada da Parmalat, que retirou o “leite barriga mole” e introduziu o leite longa vida no Brasil. Com isso, foram duas rupturas diferentes que se somaram: a granelização e o transporte do leite que deixava de ser unicamente refrigerado e poderia vir de mais longe para abastecer os grandes centros”, comentou.  

Produtos vegetais alternativos aos lácteos: o que será do futuro?

Cícero comentou a necessidade de transparência com esses produtos. “Se houver transparência e sinceridade, tudo bem. Que esses produtos mostrem realmente o que são e a que vieram e que não modismo. Muitos desses produtos eu não vejo futuro pois não apresentam nenhum benefício nutricional e me traz indignação essas tentativas de enganar o consumidor”, falou ele.

Paulo falou sobre exigir regulamentações sobre esses produtos e Cícero confirmou que já existe esse movimento e há uma pressão sobre os órgãos para que isso seja feito de forma clara aos consumidores.

Cícero falou ainda sobre os sólidos do leite, crescimento do número de laticínios, base salarial e consumo do queijo. Confira a entrevista completa abaixo.
 

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