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POR CLÍNICA DO LEITE

CLÍNICA DO LEITE/AGRO+LEAN

EM 19/01/2018

5 MIN DE LEITURA

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Prof. Dr. Paulo Machado

Durante o Programa de Formação MDA, temos a oportunidade de acompanhar as dificuldades enfrentadas por pessoas de diferentes perfis para gerenciar seus negócios. Hoje vou destacar um caso especial, chamando a atenção a um fator essencial ao avanço de qualquer negócio: a formação de equipes. Proprietário da Fazenda Santa Cândida, Machado* teve participação intensa em nosso curso. Demonstrava, desde o início de nossa jornada de aprendizagem, compreender perfeitamente os conceitos e ir além - não só aplicava os ensinamentos como aperfeiçoava as práticas de acordo com a sua realidade. Ainda durante o curso, já era um mestre no assunto.

De volta aos afazeres na fazenda, ele implantou as várias ferramentas de nosso modelo de gestão e passou a observar com muito mais detalhe o comportamento das pessoas. Percebeu, então, vários conflitos entre os funcionários e, analisando os fatos à luz do MDA, concluiu que a causa raiz estava justamente na mentalidade do grupo. O clima no ambiente de trabalho era opressivo. As pessoas não conversavam entre si, poucas melhorias eram sugeridas, havia desconfiança, as falhas não eram comunicadas e, se mencionadas, eram sempre associadas ao nome de alguém. Como consequência, a rotatividade dos funcionários era alta, impactando diretamente o desempenho dos negócios.

Alguma coisa precisava ser feita. Afinal, Machado sabia que sem uma equipe forte e integrada, seria muito difícil conduzir a fazenda ao sucesso. “Tenho recursos financeiros, instalações, terra, bons animais, sei o que fazer e como fazer as tarefas, mas sem as pessoas querendo fazer e melhorando continuamente não vamos chegar a lugar algum”, pensava. Ele, então, fez um plano: formar uma equipe, de fato, nos próximos seis meses. Uma equipe na qual as pessoas não tivessem medo de se expressar, os objetivos fossem comuns e um buscasse ajudar o outro, como numa família.

A primeira entrega desse plano seria o entendimento entre as pessoas. Para isso, ele programou uma série de reuniões, sempre às sextas feiras, às 11h, com toda a turma (eram oito pessoas ao todo). Por meio dessas reuniões, acreditava Machado, seria possível conhecer melhor as características de cada um. Por isso ele abriu a primeira, explicando que o objetivo das reuniões era fazer com que todos sentissem, diariamente, alegria no trabalho. A reação da maioria foi de descrédito. Machado, então, continuou a conversa, propondo que antes de falar sobre o dia a dia, eles compartilhassem informações pessoais. E tomou a iniciativa, se apresentando novamente a todos não como o “Machado chefe”, mas como o “Machado pessoa”: idade, filhos, sonhos e ambições. Ao final, contou o que o deixava feliz e triste no trabalho.

Em seguida passou a palavra, perguntando quem gostaria de ser o próximo. Para sua surpresa, foi um ordenhador jovem e tímido que, ao falar das questões pessoais, mencionou como uma de suas preocupações a prestação da moto que tinha adquirido. Aquele relato franco estimulou os outros a falarem e Machado percebeu, na conversa, que as dificuldades mencionadas estavam relacionadas a questões materiais. Além disso, constatou que existia uma desconfiança muito grande entre equipe. Ninguém mencionara que suas angústias estavam centradas no ambiente de trabalho, mas ele percebia claramente que as pessoas não estavam felizes com o que faziam.

Para a reunião seguinte ele preparou uma pauta focada na discussão de um assunto específico, no caso a mistura de vacas nos lotes após a ordenha. Esse era um problema que acontecia sempre (ele tinha visto nas anomalias anotadas pelos próprios funcionários) e que atrapalhava bastante o fluxo de trabalho. Portanto, incomodava a todos. Desta vez, Machado abriu a reunião explicando o problema e questionado o impacto da mistura dos animais no cotidiano deles. Todos afirmaram que atrapalhava muito e mencionaram o risco de, no limite, levar a ter antibiótico no leite se uma vaca tratada trocasse de lote. A próxima pergunta do produtor era o que cada um achava que causava o problema.

Fez uma primeira rodada de respostas, sem criticar ou analisar a causa levantada, e depois uma segunda e uma terceira. Em seguida, alinhou as respostas de forma que as redundantes fossem eliminadas, separando três ou quatro hipóteses mais prováveis.   Perguntou novamente: “Qual seria a solução para eliminar essas causas de modo que o problema não venha mais ocorrer?” Novamente cada um deu sua opinião, mas surgiram discordâncias entre o grupo. Machado deixou que eles resolvessem entre si a situação e aproveitou o momento para ensinar que não há problema em discordar um do outro. “O problema está em não se manifestar quando não concorda com a opinião alheia”, lembrou. Ele reforçou que o mais importante era que todos saíssem daquela reunião comprometidos com a solução proposta pelo grupo e que essa solução tivesse como foco os resultados do negócio. Ao finalizar, Machado definiu junto à equipe, quem iria fazer o quê - e quando. Marcou a próxima reunião para a semana seguinte, sem antes mencionar que até lá iria perguntar diariamente, a cada um dos responsáveis pela execução das tarefas, se precisava de alguma ajuda para executá-las.

Passada a semana, no dia da reunião combinada Machado pediu que cada um relatasse se havia completado ou não as tarefas com as quais havia se comprometido. Alguns disseram que sim; outros que não. Ele então perguntou o que o grupo achava do andamento do projeto. Estava claro que parte das tarefas não tinha sido executada, mas ninguém se manifestou, para não precisar apontar a falha do colega. Machado ressaltou que uma verdadeira equipe, na qual as pessoas se preocupam com o sucesso do grupo, deve ter liberdade para que um questione o outro pela realização dos trabalhos, sem que isso seja motivo para mágoas ou ofensas. “Funciona como num time de futebol, em que o goleiro cobra o defensor para que ele fique mais atento com determinado atacante do outro time”, lembrou.

Na última reunião da rodada, Machado se dedicou a analisar os resultados do trabalho. Para isso, apresentou um gráfico no qual era possível ver o número de vacas misturadas diariamente antes de se iniciarem as reuniões e agora, cerca de um mês após a primeira conversa sobre o problema. Todos se surpreenderam. O número tinha caído drasticamente, de 5 para zero. Ele parabenizou a todos pelo resultado e observou suas reações. As pessoas estavam animadas, falantes, sugerindo novos problemas a serem resolvidos. Foi então que ele revelou ao time que o mais importante daquela experiência não tinha sido a solução do problema e sim a formação da equipe.

Nos cinco meses seguintes, Machado continuou a promover as reuniões, sempre procurando endereçar um problema que afetasse o trabalho de todos, de modo que a solução facilitasse o trabalho do grupo. O resultado ao final do semestre foi surpreendente. Machado, tinha, agora, uma equipe de verdade, focada em resultados coletivos, da fazenda, e não apenas no desempenho individual. Pessoas engajadas, com foco no cliente e sentimento de dono é o que se prega no Sistema MDA. Machado comprovou, na prática, que o trabalho em equipe é um pilar fundamental do sucesso dos negócios.

 * Coordenador da Clínica do Leite, é professor da Esalq/USP, professor titular em Bovinocultura de Leite, com 43 anos de experiência em gestão de fazendas.

 

 

CLÍNICA DO LEITE

Vinculada à ESALQ/USP, a Clínica do Leite é uma instituição sem fins lucrativos que atua em gestão da pecuária de leite, por meio da geração de conhecimento e da formação de pessoas.

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