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Como fazer feno de boa qualidade?

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2002

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 17/08/2021

O que é feno?

O feno é uma forragem conservada através da desidratação, reduzindo-se o seu teor de umidade de 65 a 85% para 10 a 15%, através de processos naturais ou não, que visam conservar o seu valor nutritivo (da planta que lhe deu origem). 

Sua qualidade vem sendo discutida em inúmeros artigos (O que avaliar para comprar um feno de qualidade parte 1 e parte 2, O profissionalismo na produção e comercialização de feno; O profissionalismo na comercialização de feno). Entretanto, nos parece interessante avaliar com mais detalhes o processo de produção do feno e seus pontos críticos para que a qualidade desejada possa ser realmente atingida.

 



Vantagens de produzir e utilizar feno

O feno possui algumas vantagens interessantes, tais como:

  • É tecnicamente versátil, ou seja, tanto grandes quanto pequenos proprietários rurais podem produzi-lo;
  • É facilmente transportável (manuseio), principalmente para os fardos retangulares;
  • É versátil do ponto de vista de armazenamento;
  • Não depende de processos fermentativos, como a silagem;
  • É comercializável;
  • Não se estraga no fornecimento, pois é um produto estável em contato com o oxigênio (estabilidade aeróbia).


Influência do clima

Existe uma crença generalizada que o clima é um empecilho para produção de feno, porém, um dos grandes produtores de feno no mundo é a Inglaterra, que possui clima relativamente "ruim" em termos de insolação e temperatura.

Logicamente que há necessidade de uma programação muito mais detalhada, tanto em relação às condições climáticas (dias sem chuva), quanto ao dimensionamento dos equipamentos e das áreas a ser cortadas para obtenção de fenos de boa qualidade.

Os melhores períodos para fenação são realmente o outono e a primavera, períodos de "meia estação", porém volto a repetir, é possível produzir feno em qualquer época do ano. Segundo dados da CATI, 50% dos dias de verão são sem chuva.

Tanto a Amazônia, quanto regiões litorâneas ou próximas a barragens (grandes represamentos de água) são inapropriados devido aos altos valores de umidade relativa do ar (UR%). A Tabela 1 mostra a importância da UR% na desidratação do feno. Portanto, uma das ferramentas mais importantes para um produtor de feno é o acompanhamento das previsões de tempo, hoje disponíveis em vários meios de comunicação, inclusive Internet.

Velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar são parâmetros climáticos importantes para sistemas de produção de feno, havendo inúmeros dias que, mesmo sem chuva, continuam sendo inapropriados para produção de feno.

Quanto à secagem artificial, embora reduza a dependência do clima, ainda é considerada, no Brasil, economicamente inviável, devido ao alto custo energético e ao relativo baixo valor nutritivo de nossas forrageiras. Eventualmente pode ser uma alternativa para fenos de alfafa.

Tabela 1. Porcentagem de umidade relativa do ar e umidade de equilíbrio do feno.

 

Melhores plantas para feno

Considerada a rainha das plantas forrageiras devido ao seu alto valor nutritivo, a alfafa não é uma das plantas mais indicadas para o processo de fenação por ser uma leguminosa. Essa família de plantas forrageiras possui uma ligação da folha com o caule muito frágil, o que acarreta grandes perdas de material ao longo do processo de desidratação a campo.

Em processos de desidratação artificial ou a sombra essas perdas são minimizadas, porém, aumentam-se consideravelmente os custos de produção, conforme comentário anterior. As gramíneas, ao contrário das leguminosas, possuem folhas com forte ligação ao caule através de bainhas envolventes, o que garante menor possibilidade de perdas se o processo de desidratação for adequadamente conduzido.

As plantas mais apropriadas pertencem à espécie Cynodon dactylon, incluindo-se o coast-cross, tifton (68,78 ou 85), grama estrela, etc., porém inúmeras outras podem ser utilizadas para esse fim. Essas plantas são caracterizadas por alta produção de matéria seca, excelente relação haste: folha, alta resistência ao corte, boa velocidade e vigor de rebrota, desidratação rápida, entre outras características desejáveis.

A definição do estágio de maturação adequado para o corte é de fundamental importância para produção de fenos de alta qualidade e boa produtividade por área. Estágios avançados aumentam a quantidade de feno produzido por área, porém, reduzem sua qualidade.

Estágios precoces melhoram a qualidade do feno, porém, reduzem a produção total. O que se busca, na maioria das vezes, é um ponto intermediário que propicie boa qualidade (mínimo de 12% PB e máximo de 75% FDN) para o feno produzido, mas que alie boa produtividade e viabilidade econômica para o negócio. O amadurecimento do mercado consumidor pode levar a um aprimoramento do processo, desde que os maiores custos de produção possam ser absorvidos.



Como fazer feno?

O processo de fenação pode ser dividido em:

  • Produção da forrageira
  • Corte ou ceifa
  • Secagem ou desidratação
  • Recolhimento e armazenamento
  • Fornecimento ou alimentação


Produção forrageira (manejo agrícola)

São itens importantes dessa fase: a escolha da planta forrageira, formação adequada do estande, manutenção da fertilidade do solo, já que a extração de nutrientes é muito elevada, controle de plantas daninhas (inclusive uso adequado do período de carência de herbicidas), identificação do estágio de maturação ideal para corte, previsão climática e planejamento e dimensionamento das áreas de corte.



Corte ou ceifa

O corte (Figura 1) pode ser manual ou mecânico, utilizando-se diferentes tipos de equipamentos disponíveis, tais como: alfange, colhedora de forragens, ceifadora/segadora (discos, barra ou tambor), com sistema condicionador ou não.



Secagem ou desidratação

Fase que requer enorme cuidado, pois as perdas podem ser muito elevadas. São utilizados ancinhos afofadores e enleiradores. Pode ser dividida em três etapas:

  • Água de superfície: fase de fácil desidratação, de 80-85% de umidade para 65%;
  • Fase de difícil desidratação devido ao fechamento dos estômatos, de 65% para 30% (de umidade)
  • Fácil desidratação devido à morte das células, reduzindo-se de 30% para 10 a 15% de umidade.


Recolhimento e armazenamento (enfardamento)

O feno produzido pode ser armazenado a granel ou ser enfardado em fardos retangulares ou cilíndricos de diversos tamanhos. O enfardamento é interessante pela facilidade de manuseio e redução drástica do volume. As perdas nessa fase são menores, porém não menos importantes.



Fornecimento ou Alimentação

Fase normalmente ignorada, porém de suma importância, já que as perdas podem ser consideráveis. O valor nutritivo do feno deve ser compatível com o desempenho animal desejado. Podem ser fornecidos íntegros ou picados/moídos.

Considerações do autor:

Dentro da filosofia que temos adotado, gostaríamos de, mais uma vez, salientar a importância do produtor adquirir tecnologia e possuir uma visão mais ampla do sistema de produção de feno e da inserção deste na propriedade e no agronegócio, seja para produzir e comercializar o feno ou produtos como carne e leite.

O processo de fenação depende muito de planejamento, previsão de tempo e dimensionamento de máquinas e áreas, portanto, requer profissionalismo tanto quanto outras atividades, ou mais.

O controle de dados eficiente permitirá que a experiência adquirida ao longo dos anos evite a repetição dos mesmos erros, havendo, a cada ano, incremento de produtividade e lucratividade, e que eventuais anos ruins (preços, clima, política, financiamentos, etc.) sejam enfrentados com solidez e elasticidade.

Fonte:

ANDRADE, J. B. Produção de Feno. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1999. 34 p. (Boletim Técnico, 44).

LAVEZZO, V. Disciplina de Forragens Conservadas do Curso de Pós-graduação da FMVZ da USP, campus de Pirassununga, SP. 1997.

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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