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Preço ao produtor necessário para assegurar a sustentabilidade econômica da atividade leiteira

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/03/2013

5 MIN DE LEITURA

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Preço ao produtor necessário para assegurar a sustentabilidade econômica da atividade leiteira

No artigo anterior fiquei de abordar no próximo artigo:

1) o desdobramento da proposta que a Leite São Paulo apresentou na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados;
2) fazer algumas considerações sobre o que seria um preço justo ao produtor para assegurar a sustentabilidade econômica da atividade de produzir leite.

Percebendo que ficaria uma matéria muito extensa, resolvi apresentar cada um dos tópicos num artigo, sendo neste abordado o item 2.

Consideremos um produtor com animais leiteiros produtivos e bem manejados, com volume de produção para diluir os custos fixos, por exemplo, um produtor com  80 vacas em lactação, 25% das quais de primeira cria, com média de 20/litros/dia por vaca em ordenha, ou seja 1.600/litros dia, e que com 20 vacas secas,  e 70 bezerras e novilhas tenha um plantel de 170 animais.

Para avaliar o que seria uma remuneração justa para o produtor temos que considerar os custos de produção e as receitas.

As receitas são provenientes da venda de animais ( vacas descarte, vacas de leite para outros produtores, bezerras e novilhas não necessárias para reposição do plantel ) e a venda do leite.

O custo de produção pode ser operacional, que cobre as despesas feitas para produzir leite, ou efetivo, que além das despesas operacionais incluem outros custos, como remuneração do capital da terra que utiliza para produzir, depreciação e outras despesas desta natureza.

Com relação ao produtor de leite temos que considerar dois tipos de ganho, um o da sua própria mão de obra e outro como empresário, ou seja, o “salário” que remunera o seu trabalho efetivo ( pro-labore ) e a remuneração do capital investido para produzir.

Numa pecuária leiteira que assegure a sustentabilidade econômica do produtor, é razoável supor que esse produtor obtenha com a venda de animais algo entre R$ 50.000,00 e R$ 60.000,00 por ano. Essa receita deve ser cobrir o “pro-labore” do produtor ( parece ser justo considerar para  esse produtor algo entre R$ 3.000,00 e R$ 3.500,00 por mês ) e o custo das despesas não operacionais ( remuneração do capital da terra, depreciação, etc ).

Dessa forma a receita obtida com o leite deve cobrir os custos operacionais para produzir o leite e o remunerar investimento direto para produzir o leite, ou seja, remunerar o capital correspondente ao seu plantel seu plantel leiteiro.
Numa pecuária leiteira que assegure a sustentabilidade econômica do produtor de leite, é razoável supor que o capital correspondente ao plantel desse produtor seja da ordem  R$ 600.000,00.

Considerando o custo de oportunidade para remuneração desse capital de 0,5% ao mês, isso representa R$ 3.000,00 por mês ou R$ 36.000,00 por ano. Considerando que esse produtor produz 584.000 por ano ( 1.600 litros/mês ) isso representa uma remuneração de R$ 0,062 por litro de leite produzido.

Esse exercício mostra que para termos uma pecuária de leite economicamente sustentável precisamos assegurar ao produtor uma margem acima do custo de produção de R$ 0.06 por  litro produzido. Parece razoável supor que essa média seja de R$ 0,10/litro, variando  para um pouco mais ou um pouco menos  conforme o ano seja mais ou menos favorável para o setor leiteiro nacional.

Vejamos como ficaria o preço ao produtor para assegurar essa margem de R$ 0,10/litro para diferentes custos operacionais:

CUSTO OPERACIONAL  R$ PREÇO AO PRODUTOR R$

             0,60                                       0,70
             0,65                                       0,75
             0,70                                       0,80
             0,75                                       0,85
             0.80                                       0,90
             0.85                                       0,95
             0,90                                       1,00
             0,95                                       1,05
             1,00                                       1,10

Segundo Milkpoint, para os 100 maiores produtores do País, que representam uma média de 12.621 litros/dia/produtor, os custos operacionais foram os seguintes:

44% dos produtores ...........................................   acima de R$ 0,80/litro
33% dos produtores ...........................................  entre R$ 0,70/litro e R$ 0,80/litro
15% dos produtores ...........................................  entre R$ 0,70/litro e R$ 0,60/litro
1% dos produtores .............................................  abaixo de R$ 0,60 por litro.

Com base na informação de que no Brasil 30% dos produtores respondem com 70% da produção e 70% dos produtores respondem por 30% da produção, para 1.200.000 produtores e uma produção de 33 bilhões de litros por ano teríamos o seguinte quadro:

Grupo A: 360.000 produtores, 21 bilhões/litros/ano, média 160 litros/dia/produtor;

Grupo B: 840.000 produtores, 12 bilhões/litros/ano, média 38 litros/dia/produtor.

Naturalmente que no Grupo B o enfoque é apenas social e a maior parte da produção é informal.

É no Grupo A que concentra-se a produção formal e os produtores que fornecem para a indústria de laticínios, e onde faz sentido se pensar num enfoque empresarial, na melhoria da qualidade, da produtividade e competitividade do leite produzido. As considerações que seguem são relativas a esse grupo.

Se em 2012 nos TOP 100, 44% dos produtores tem o custo operacional acima de R$ 0,80/litro, no grupo A o percentual de produtores com custo operacional acima de R$ 0,80 é muito maior, talvez passando dos 60%. Então se quisermos assegurar a sustentabilidade econômica  desse grupo de produtores, assegurando uma margem de R$ 0,10/litro sobre o custo operacional, seguramente o preço ao produtor não poderia ser inferior a R$ 0,90.

Consideremos o preço ao produtor de R$ 0,90/litro o que representaria a seguinte situação para os produtores desse grupo:

CUSTO OPERACIONAL  R$ MARGEM DO PRODUTOR R$

            0,60                                           0,30
            0,65                                           0,25
            0,70                                           0,20
            0,75                                           0,15
            0.80                                           0,10
            0.85                                           0,05
            0,90                                           0,00
            0,95                                         - 0,05
            1,00                                         - 1,10

Se for praticado um preço ao produtor que assegure a cobertura dos custos de produção para  pelo menos 70% a 80% dos produtores do grupo A e uma remuneração que corresponda ao  custo de oportunidade do plantel leiteiro, teremos um sistema que estimulará os produtores a melhorar seus custos de produção, seja para sair da zona do vermelho seja para ganhar mais por ter o custo de produção operacional melhor do que a média, e eliminará os produtores que não procurarem baixar seus custos de produção.

Depois de algum tempo, como os custos de produção baixando, os preços aos produtores poderão baixar, mas continuando assegurada a margem necessária para o produtor ter sustentabilidade econômica com certeza estimulará o aumento da produção, da produtividade, da competitividade e da qualidade do leite, permitindo a médio prazo que o Brasil deixe de ser importador e o passe a exportador de leite e lácteos.

Naturalmente que a implantação de uma ideia como essa num sistema complexo como o setor leiteiro implica em analisar e discutir a elasticidade-renda dos vários produtos lácteos e a possibilidade de ajustes na participação dos mesmos no mercado, as relações e margens entre produtor/indústria/varejo, e fazer mudanças nas praticas atuais.

Mas se nada for mudado, se continuarmos a fazer as mesmas coisas do mesmo jeito, esperar mudanças nos resultados é uma insanidade, e continuaremos como no passado, incapazes de atender plenamente nosso mercado interno e passarmos a exportadores de leite e lácteos.

O escopo desse exercício foi mostrar uma das ideias que poderiam ser levadas para discussão no GT que a leite São Paulo propôs para a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados no sentido de se encontrar uma nova forma de relacionamento varejo/indústria/produtor, o que entendemos ser fundamental para nossa pecuária leiteira se tornar produtiva e competitiva, permitindo o nosso setor leiteiro abastecer o mercado interno e exportar lácteos com qualidade e preço.

Marcello de Moura Campos Filho

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