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Permanecer ou sair do campo: um dilema da juventude

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2021

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 09/04/2021

Torna-se cada vez mais importante o debate sobre uma questão existente no meio rural: a dificuldade de sucessão familiar na produção leiteira.

 

O que é sucessão familiar? 

A sucessão familiar é a capacidade de um ou mais membros da família em dar continuidade ao trabalho feito pela geração anterior, de modo que a propriedade do conhecimento, trabalho, habilidades, gestão, controle e atividades familiares passam de uma geração para outra. Pode ocorrer quando as gerações mais velhas estão em processo de aposentadoria ou venham a óbito.

Comparando os dois últimos Censos Agropecuários do IBGE, cerca de 175 mil estabelecimentos que produziam leite no Brasil encerraram suas atividades entre os anos de 2006 e 2017. Entre os inúmeros fatores que culminaram nessa drástica diminuição do quantitativo de sistemas produtivos leiteiros, está a não sucessão dos estabelecimentos.

Mas, o que tem acontecido que muitos produtores não têm conseguido atrair o interesse de seus filhos pela produção de leite?

A diferença de condições entre os agricultores, é a base para a compreensão do fator mais importante na hora de se buscar a permanência dos jovens trabalhadores no campo. A pesquisa científica tem proposto atributos como condições de trabalho, renda, infraestrutura e lazer como importantes motivadores para a tomada de decisão dos jovens entre permanecer, ou não, no meio  rural.

Outro fator importante a ser levado em consideração é o ato de ensinar e preparar o jovem para o controle do negócio. Em alguns casos, a falta de participação do jovem nas tomadas de decisão da propriedade, faz com que ele não desenvolva as habilidades técnicas e gerenciais necessárias para permanecer na atividade, gerando desinteresse.

Como todos sabemos, as áreas urbanas oferecem um amplo leque de oportunidades e alguns jovens trabalhadores sentem que as áreas rurais não atendem suas necessidades. Para a geração mais jovem, continuar a realizar atividades familiares no campo não é fácil. A escolha de continuar ou interromper as atividades da geração anterior pode estar relacionada a questões sociais, culturais e principalmente econômicas e financeiras.

Muitos jovens não querem continuar a se envolver nas atividades familiares por não terem incentivos às atividades agrícolas. Em termos sociais e culturais, os potenciais sucessores têm cada vez menos interesse em assumir a empresa familiar, preferindo encontrar oportunidades de trabalho, estudo e lazer no centro da cidade. Dessa forma, os projetos e realizações dos jovens se sobrepõem aos interesses coletivos da família.

Uma desvantagem dos jovens que vivem no meio rural em relação aos jovens que vivem no meio urbano, é a carga de trabalho intensa.

Na produção de leite, por exemplo, os finais de semana, feriados e férias são, muitas vezes, abdicados, já que as vacas requerem cuidados e precisam ser ordenhadas todos os dias. Atividades como alimentação dos animais, manejo e higiene da ordenha, reparos nas instalações e cuidados com as pastagens, demandam tempo e grande esforço físico.  Além da carga de trabalho pesada, em muitos casos, os filhos observam que os resultados financeiros dos pais com a atividade são aquém do esperado, o que também desestimula uma possível sucessão.

Nesse sentido uma infraestrutura que permita fácil acesso ao meio urbano, como, estradas em bom estado de conservação, qualidade de comunicação e acesso à internet, pode ser um fator chave para o estímulo a sucessão. Os filhos mais dispostos em dar continuidade ao trabalho dos pais, são aqueles que possuem autonomia e incentivos monetários, com condições financeiras para melhorar a qualidade produtiva e adquirindo bens materiais.

É importante destacar que a sucessão familiar se torna mais penosa para os agricultores familiares, pois quando a relação com os pais é rompida, este estabelecimento também se desvia da categoria familiar. Algo que também deve ser levado em consideração é que a população que hoje gera a produção leiteira, possui alta faixa etária e, em breve, esses gestores irão encerrar suas atividades.

Considerando que a produção de leite é uma das principais fontes de renda de alguns produtores familiares, e tendo em vista que a concentração e a especialização da produção podem inviabilizar a atividade, é necessário encontrar novas opções para o sistema leiteiro.

Sendo assim, há possibilidade de êxodo rural, caso a produção de leite não dê condições econômicas e financeiras e nem perspectivas para as sucessões.  É preciso a criação de políticas públicas de incentivos a permanência de jovens no campo.  Para tanto, é necessário conhecer os possíveis motivos das dificuldades de permanência desses jovens no campo e propor soluções ou ações no sentido de amenizar esse fenômeno social relacionado ao abandono do meio rural.

VINICIUS VIEIRA

Estudante de doutorado/Coordenação de sistemas agroindustriais - cadeia produtiva do leite na Universidade Estadual de Maringá

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JULIANO BALARINI

NOVO ORIENTE DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/06/2022

Esta reportagem toca em alguns pontos de forma perfeita. Estou hoje, fazendo parte de uma sucessão familiar gradual e bem harmoniosa. Mas isso não seria possível, se não fosse o meu pai a me incentivar, me mostrando e me fazendo sentir na pele os desafios, erros, acertos e também vantagens de se produzir leite. Acredito que se a família não se unir, em prol da atividade, não vai ser um incentivo externo que vai mudar este cenário. Quando digo incentivo, digo dinheiro também tá galera! Se eu não tivesse um salário digno desde o início, talvez não teria ficado na propriedade. Abraço a todos!
DANIEL ROBSON SILVA

TERRA NOVA DO NORTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/04/2021

Parabéns aos autores deste artigo ! Esta é a realidade atual que aflige a área rural brasileira. Este tema teria que ser objeto de discussão junto a quem formula as políticas publicas e que deveriam corrigir décadas de descaso principalmente junto aos pequenos e médios PROPRIETARIOS rurais. Desde o desmonte do Sistema Brasileiro de Extensão Rural já capenga desde o inicio da década de 90, percebemos que alguma coisa precisaria estar sendo feita para mitigar os efeitos das causas e efeitos, não só na atividade leiteira, mas em diversas cadeias produtivas.
ADILSON PEDRO TEN CATEN

SÃO JOSÉ DO CEDRO - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/04/2021

Bom dia. Nunca saí da agricultura e desde a minha infância meus pais já lidavam com leite .Um problema é se você não tem seu produto "valorizado'' comparado as adequações que as vezes são necessárias isso não te dá animo para continuar.
GABRIEL CARDOZO DE ALMEIDA LARA

SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2021

Tenho prestado consultoria para "novos produtores" de leite. Alguns ficaram na fazenda trabalhando juntos com os pais e estão assumindo por sucessão "natural". Outros foram para a cidade, são médicos, dentistas, empresários e etc. e estão assumindo agora a fazenda da família, mas em ambas as situações uma visão empresarial do negócio.
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2021

Muito bom artigo
Gostaria de saber qual a produção total de leite por ano no Brasil entre este período .
Qual a porcentagem por ano de enceramento e qual a porcentagem de iniciantes na produção de Leite
Muito obrigado
VINICIUS VIEIRA

MARINGÁ - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 12/04/2021

Gera em torno de 33 bilhões de litros. Mas as informações corretas você consegue no site do IBGE na pesquisa da pecuária municipal e no Censo 2017.

Abraços
LEANDRO CALEGARI

XANXERÊ - SANTA CATARINA

EM 12/04/2021

Sou filho de agricultor gostaria de permanecer na roça porém a propriedade do meu é pequena a dificuldade de crédito pra comprar propriedade fez com que eu mudasse hoje vejo também o alto custo pra manter a atividade
DANIEL ROBSON SILVA

TERRA NOVA DO NORTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/04/2021

Leandro, aqui no Mato Grosso tem muitas oportunidades para quem quer aumentar sua área de exploração e a atividade leiteira pode ser desenvolvida com custos menores e os preços não são os mesmos que na região sul do Pais, mas o que perdemos no preço, ganhamos em custos menores.
JUSCELINO RAMOS JÚNIOR

AVELINÓPOLIS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2021

Bom dia! Hoje a questão crucial, já não está envolvendo apenas a sucessão, mas sim a subsistência de quem labora no campo, principalmente na atividade leiteira.
Com o aumento absurdo no custo de produção e a inércia dos laticínios em promover os produtos que processam, aliado com a baixíssima remuneração entregue ao produtor (isso não é pagamento), estão desestimulando quem ainda está na atividade e em breve a maioria estará deixando seus tambos e procurando alguma coisa que lhes dêem segurança, dignidade e um pouquinho de conforto. Daí os laticínios podem seguir importando, isto é, se quiserem sobreviver também.
MARLUCIO PIRES

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/04/2021

Pois é. Eu estava preocupado, pois meus filhos tem tendido pro lado da agricultura, já que a soja tá tomando conta aqui na minha região. Mas de uns meses pra cá, eu estou torcendo pra isso. Não desejo esse batidão de domingo a domingo pra eles, sem falar a falta representarividade que o produtor de leite tem. Agronegócio no Brasil, pro MAPA, se resume a agricultura e pecuária de corte.
DANIEL ROBSON SILVA

TERRA NOVA DO NORTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/04/2021

Eu vejo que o cooperativismo é a melhor maneira do produtor de leite conseguir explorar a atividade com uma rentabilidade melhor, porém, tem problemas crônicos a serem resolvidos, tanto da parte dos associados quanto da parte da empresa cooperativa: transparência na gestão e fidelidade na produção

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