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O planejamento do estoque e qualidade das forragens permite consistência na dieta

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2002

5 MIN DE LEITURA

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Para o produtor de leite especializado, que tem seu gado total ou parcialmente confinado, esta é a época de produção e armazenamento de forragens (seja para o ano todo ou somente para o período de seca/inverno). As silagens são a principal forma de conservação utilizada em nosso meio, especialmente as de milho e sorgo, mas também há os que usem esta técnica para a armazenar capins como o napier ou o tanzânia e até mesmo o tífton.

A hora é propícia, portanto, para sentar e, com a ajuda de seu nutricionista, planejar o estoque de forragem necessário para o próximo ano, que deve ser contado até o momento que a próxima colheita esteja disponível (não esqueça que o silo requer três a quatro semanas para que a fermentação se complete). Somente assim será possível fornecer uma dieta o mais consistente possível durante os 365 dias do ano. Esta consistência é importante para o ótimo funcionamento do rúmen e conseqüentemente para o desempenho dos animais. Mudanças constantes, especialmente quando feitas de forma abrupta, normalmente resultam em queda de produção, problemas reprodutivos e metabólicos (por exemplo: acidose e laminite).

Sem planejamento, muitas fazendas acabam ficando sem forragem bem antes do esperado, o que as leva a soluções “quebra-galho”, normalmente caras (compra de forragem, por exemplo feno) ou uso de forragens “alternativas” de baixa qualidade (capins passados, etc..). Embora seja possível produzir leite com as mais variadas fontes de forragem, a substituição, especialmente da silagem de milho, por outras forragens normalmente leva à queda no desempenho.

Fato interessante é que muitas fazendas optam por colher parte de seu milho na forma de grãos, alegando que os grãos produzidos na fazenda são mais baratos que os comprados no mercado. Existem vários pontos que devem ser considerados ao se tomar tal decisão:

1. Muito embora o custo “aparente” dos grãos produzidos na propriedade possa ser menor, estes grãos possuem um “custo de oportunidade”, ou seja, podem ser comercializados a qualquer momento a preço de mercado, logo, seu valor, é o mesmo do mercado.

2. O armazenamento de grãos (especialmente milho) na fazenda é complicado pois exige o “expurgo” freqüente, caso contrário, grande parte da safra será consumida pelos “carunchos”. Além disso, deve ser computado o custo de armazenagem.

3. Os grãos, mesmo que caros, podem ser comprados ao longo do ano, ou até mesmo eventualmente substituídos total ou parcialmente por outras fontes energéticas como o sorgo, a polpa de laranja e a casca de soja. A forragem não.

4. É até possível formular uma dieta para ruminantes sem grãos, mas não é possível fazê-lo sem forragem. A fibra (longa/efetiva) é essencial para estes animais. Pense portanto mais algumas vezes antes de diminuir sua produção de silagem para colher grãos.

Quando fizer o planejamento, considere primeiro o mais importante: você tem forragem suficiente para todos os animais o ano todo? Calcule quanto cada categoria (vacas em lactação, novilhas, vacas secas) irá consumir de cada tipo de forragem utilizada. No final não se esqueça de acrescentar as perdas no armazenamento e fornecimento, provavelmente pelo menos 5% para cada um desses itens!

É freqüente se encontrar fazendas que se vêem obrigadas a fornecer o milho “verde”, ou abrir o silo antes que a fermentação se complete. Se nos seus cálculos para o próximo ano o final da silagem não coincidir com o final da próxima safra, ainda está em tempo de comprar a roça do vizinho! Vai parecer caro agora, o investimento é alto e deverá prejudicar o fluxo de caixa da fazenda. Mas ficar sem forragem certamente vai custar muito mais caro: parte pela forragem que terá que ser comprada em época de baixa disponibilidade (comprar feno no final do inverno, por exemplo); e parte pela queda de desempenho dos animais.

No caso de disponibilidade limitada de forragem, outra opção que pode ser estudada pelo nutricionista é a inclusão de fontes alternativas de fibra à dieta, para que se possa diminuir a quantidade de forragem. Esta substituição parcial da fibra de forragens, normalmente feita através de alguns subprodutos fibrosos como o caroço de algodão e a polpa de laranja, quando feita de forma técnica, muito freqüentemente resulta até mesmo em aumento de produção com custo/benefício favorável e, em função disso, é utilizada por muitos de forma regular e não somente no caso de escassez de forragens.

Isto ocorre porque estas fontes “alternativas” de fibra têm maior digestibilidade que a fibra das forragens. Algumas possuem até mesmo “fibra solúvel”, que fornece energia prontamente disponível para os microorganismos do rúmen, sem a contrapartida da produção excessiva de ácidos que ocorre com o uso de fontes de amido (grãos de cereais). Isto aumenta o consumo de matéria seca, especialmente de vacas em início de lactação, que são limitadas pela capacidade ruminal. A substituição prévia e parcial das forragens por subprodutos fibrosos é portanto mais saudável para o rúmen do que a total substituição (não recomendável) quando já não se tiver forragens disponíveis, que implicaria na falta de fibra efetiva na dieta.

Quando optar pela substituição parcial por subprodutos fibrosos, é importante que se mantenha um mínimo de fibra oriunda de forragem (21% de FDN de forragem) na dieta. Além disso, pelo menos 15% das partículas da dieta precisam ser maiores que 4 cm de comprimento para garantir a “efetividade” da fibra. Um parâmetro para isso é a observação dos animais: 50 a 60% das vacas deve estar ruminando quatro a cinco horas após o trato.

Em conjunto com este “inventário” da quantidade de forragem disponível, é aconselhável que também se mantenha um controle de sua qualidade. Via de regra o que se tem nas fazendas é o armazenamento da forragem em vários silos distintos, que contém “roças”, muitas vezes de diferentes variedades, plantadas, cultivadas e colhidas em diferentes estágios e épocas. Isto resulta em forragens também distintas. É preciso conhecer sua composição para que o estoque de melhor qualidade seja alocado para os animais mais exigentes e as de mais baixa qualidade aos de menor exigência. Isto permitirá grande economia, pois implicará na menor suplementação com concentrados. Faça análises das diferentes forragens existentes na fazenda. Calcule com seu nutricionista o benefício desta distribuição planejada da forragem. Você ficará surpreso com a economia possível.

Adaptado de: Ondarza, M.B. 2001. Consider consistency when planning what to feed, when. Hoard’s Dairyman, November.

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