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Mesmo capim, resultados diferentes

POR MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/07/2022

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 28/06/2022

A escolha do tipo de capim que será estabelecido na pastagem é um passo importante, mas, por si só, não é suficiente para o sucesso com a produção animal a pasto.

Com a escolha correta do capim, conseguimos vários benefícios, como: adaptar a planta forrageira ao clima e ao solo da região; influenciar a produção de forragem e a qualidade da forragem produzida; e evitar problemas com doenças e insetos-praga.

Mas, após escolher o tipo de capim a ser usado, ainda é necessário fazer o controle rigoroso do pasto e dos animais em pastejo, o que, na prática, tem sido conseguido com o controle da altura do pasto.

A altura do pasto é uma característica de medição fácil, rápida, barata e que tem alto impacto na produção do capim e também no desempenho dos animais em pastejo. Por sua vez, para controlar a altura do pasto, torna-se necessário realizar o ajuste da taxa de lotação na pastagem.

Em função da importância da altura do pasto sobre as respostas de plantas e dos animais em pastejo, seu controle é tão ou mais importante do que a escolha do capim.

De fato, duas pastagens semelhantes, contendo o mesmo capim e sob o mesmo método de lotação (“pastejo contínuo” ou pastejo rotativo), podem ter resultados de produtividade animal totalmente diferentes, caso os pastos delas sejam manejados com diferentes alturas.

Sempre comento com meus alunos que, da mesma forma que “quem faz o empregado é o patrão”, “quem faz o capim é o pecuarista”.

Com essa analogia, procuro reforçar que o resultado de produção animal obtido com o uso de um determinado capim no sistema pastoril não é consequência apenas da genética desse capim, mas também é resultado, principalmente, da forma como o capim é manejado pelo homem.

A conscientização desse fato por parte do pecuarista é importante, porque o faz assumir a responsabilidade sobre os resultados a serem obtidos em seu sistema de produção, ao invés de simplesmente colocar a culpa no capim, quando os resultados forem ruins.

Tendo em mente essas verdades, a seguir irei apresentar um exemplo para que você perceba que um mesmo capim (mesma genética de planta forrageira) apresenta resultados produtivos totalmente diferentes sob pastejo rotativo, caso a altura em que o pasto é manejado seja alterada.

Vejamos um exemplo com o capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça). Num trabalho de pesquisa2 realizado em Pinhais/PR, este capim foi manejado sob pastejo rotativo, com adubação nitrogenada de 200 kg/ha de N e com período de ocupação de 3 dias.

Nesta pesquisa, o capim-mombaça foi submetido a dois tipos de manejo. Em um deles, a altura do pasto no momento em que os animais entravam no piquete para iniciar o período de ocupação foi de 90 cm. Essa altura é chamada de pré-pastejo. Já no outro tipo de manejo do pastejo, os animais entraram nos piquetes quando o pasto alcançava 140 cm de altura.

Os pesquisadores avaliaram a produção de leite de vacas da raça Holandesa durante o verão. Essas vacas consumiram apenas o pasto mais o sal mineral.

Eles verificaram que o aumento da altura do pasto na condição de pré-pastejo, de 90 cm para 140 cm, resultou em redução de 28% na produção diária de leite das vacas (Tabela 1).

Tabela 1 - Produção diária de leite (kg/vaca.dia) em pastagens com capim-mombaça pastejado com 90 ou 140 cm de altura pré-pastejo em lotação intermitente2

tabela redução de produção de leite

Então, pode-se afirmar que o pasto de capim-mombaça com 140 cm em pré-pastejo teve pior qualidade, pois resultou em menor desempenho animal. 

Por outro lado, o pasto de capim-mombaça com 90 cm permitiu que as vacas expressassem maior resposta em termos de desempenho. Por essa razão, esse pasto pode ser classificado como de melhor qualidade.

Observa-se, com esse trabalho de pesquisa, que quem faz a qualidade de um determinado pasto é o homem, através do manejo do pastejo.

Realmente, como vimos, a genética do capim-mombaça foi expressa de modos diferentes, em função do ambiente de manejo do pastejo ao qual a planta estava submetida. Com base nesse exemplo, espero que você tenha compreendido, sem sombra de dúvidas, a importância de se controlar a altura do pasto, de modo a melhorar o desempenho dos animais em pastejo.
 

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Referências bibliográfica

HACK, E. C.; et. al. Características estruturais e produção de leite em pastos de capim-mombaça (Panicum maximum Jacq.) submetidos a diferentes alturas de pastejo. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.1, p.218-222, jan-fev, 2007.

 

 

 

MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS

Manoel Eduardo Rozalino

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LOURIVAL ANDRADE NASCIMENTO

GOIANÉSIA DO PARÁ - PARÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 23/02/2023

Bom dia. Muitos segmentos da agropecuária precisam abrir as cabeças para a ciência, deixando de lado o empirismos. Há mais de 30 anos vi palestra do Professor Moacir Corsi sobre o assunto, mas parece que o produtor não entende a necessidade de usar tecnologias não é frescura, mas o passaporte para uma nova era.
MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - ZOOTECNISTA

EM 11/03/2023

Lourival, bom dia! Isso mesmo: a busca por conhecimento e sua aplicação no sistema de produção animal em pastagem é a base para a sustentabilidade na atividade pecuária.
JOCELEI DUARTE

CAXIAS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 12/07/2022

Parabéns pelo artigo, interessantíssimo. Mas, esta diferença no rendimento seria em função de uma maior concentração de Nitrogênio no pasto? E isto impacta na qualidade do leite?
Obrigada.
MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/07/2022

Prezado Jocelei, obrigado pelo seu interesse no texto e pela pergunta. Neste trabalho, os pesquisadores não avaliaram a concentração de N no leite e nem a qualidade do leite. A diferença no desempenho das vacas foi explicado pela estrutura ou morfologia do pasto. Com menor altura pré-pastejo, o pasto foi constituído por maior percentual de folha viva (componente de melhor valor nutritivo) e menor percentagem de colmo (talo) em pré-pastejo. Isso pode ter aumentado o consumo de forragem e, com efeito, incrementado o desempenho das vacas.
DUARTE VILELA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/07/2022

Parabenizo pelo artigo, sempre é oportuno apresentar dados de produção de leite a pasto. Um sistema difícil e caro de ser avaliado pela complexidade de se delinear um experimento a pasto. Porém, quando se avalia o pasto sempre é oportuno também apresentar a produção por área, um fator positivo para condições tropicais dado as limitações condizentes com o clima e potencial de nossas forrageiras tropicais, que em condições normais geralmente não suportam produções muito acima de 15 kg/vaca/dia, sem suplementações. Possivelmente a pastagem mais velha produzirá mais biomassa e, consequentemente, terá maior capacidade de suporte e poderá ter uma maior produção por área. Aí vem a velha pergunta, você quer otimizar a produção por animal ou por área. Creio que seja um bom tema para discussão.
MANOEL EDUARDO ROZALINO SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/07/2022

Prezado Duarte Vilela, obrigado pelas suas pertinentes considerações. No trabalho em questão, os pesquisadores não mediram a produção de leite por área, razão pela qual não incluí esses resultados no texto. Com base em outros trabalhos dessa mesma natureza, quando se trabalha com menor altura pré-pastejo, se produz menos massa de forragem por ciclo de pastejo. Contudo, isso é compensado pelo maior número de ciclos de pastejo/colheita ao longo do período de pastejo, o que faz a produção de forragem ao longo do tempo de pastejo aumentar, com efeito positivo sobre a taxa de lotação e a produção de leite por área. Assim, é possível obter, ao mesmo tempo, alta produção de deite por vaca e por área, quando se adota uma altura pré-pastejo rotativo mais baixa e próxima da altura correspondente aos 95% de interceptação de luz pelo dossel forrageiro, em comparação ao pasto manejado com maior altura.
Exemplos de trabalhos de pesquisa que dão suporte à minha resposta:
VOLTOLINI, T. V.; SANTOS, F. A. P.; MARTINEZ, J. C.; IMAIZUMI, H.; CLARINDO, R. L.; PENATI, M. A. Produção e composição do leite de vacas mantidas em pastagens de capim-elefante submetidas a duas frequências de pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 39, n. 1, p. 121-127, 2010.

CONGIO, GUILHERMO F.S.; BATALHA, CAMILA D.A.; CHIAVEGATO, MARÍLIA B.; BERNDT, ALEXANDRE; OLIVEIRA, PATRÍCIA P.A.; FRIGHETTO, ROSA T.S.; MAXWELL, THOMAS M.R.; GREGORINI, PABLO; DA SILVA, SILA C. Strategic grazing management towards sustainable intensification at tropical pasture-based dairy systems. SCIENCE OF THE TOTAL ENVIRONMENT, v. 636, p. 872-880, 2018.

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