Entretanto, o mercado almeja um produto de boa qualidade e com características que não apresentem alta variabilidade. Isso significa poder comprar um corte cárneo que garanta segurança e qualidade alimentar, quer em sanidade, quer em outros atributos como a quantidade de gordura, peças de tamanhos constantes, coloração, maciez e sabor esperado.
Na busca dessa padronização, cordeiros destinados ao bate pelo sistema superprecoce diferem do sistema tradicional de cria, recria e acabamento geralmente feito exclusivamente à pasto ou vezes com terminação em confinamento. No sistema convencional, espera-se a obtenção de um cordeiro terminado ao redor de 120 a 150 dias enquanto pelo sistema superprecoce estariam prontos entre 70 a 90 dias, com mesmo peso de carcaça, ou seja, uma redução mínima de 25% no tempo de produção.
A idade é apontada como a responsável pelo aumento das gorduras das carcaças, que podem ser agravadas pelo sistema de alimentação intensiva no confinamento e, o mercado brasileiro não aceita carnes com altos níveis de gordura. Além do mais, a gordura é um tecido de alto custo energético e responsabilizada por alterações no sabor da carne.
Na verdade, a idade arrasta consigo a qualidade e o mercado se deslocou rapidamente de comprador de carcaça a comprador de carne ovina.
Neste sentido, pesquisadores da Unesp-Botucatu colaborando com a equipe da Silveira Consultoria Pecuária, elaboraram um protocolo com planilhas de avaliação das carcaças e carnes -ovina e bovina- produzidas pelo sistema superprecoce e registraram o produto como Carne Superprecoce®. A principal marca deste produto é o fato de apresentar características invariáveis, parte pela idade jovem de abate -antes dos 90 dias de idade com 28 a 32 kg- e, parte pelo certificado exigido e caracterizado pelo sistema.
Este sistema além de beneficiar o consumidor, satisfaz plenamente o produtor, quer pelo baixo consumo de alimento para se fazer 1kg de carne, quer pelo rápido retorno do capital investido.
O Sistema Superprecoce
Dá-se preferência ao sistema cordeiros oriundos de cruzamentos industriais para se explorar a heterose.
Ovelhas: As ovelhas permanecem à pasto suplementadas, se necessário, durante todo ano, sendo recolhidas ao barracão somente na última semana pré-parto aonde se dará a parição. No barracão permanecerão por um período total de 22 dias com a ração disponível tanto para as ovelhas tanto para os cordeiros. Essa prática objetiva uma lactação melhor e a manutenção da condição corporal - score 3 -3,5. Este período envolve a fase mais critica para o sucesso dos resultados zootécnicos, pois a ovelha está sob forte condição de estresse e de alta exigência nutricional para cobrir a lactação inicial. A manutenção do escore de condição corporal durante o período de lactação antecipa o retorno ao cio, abrindo ampla possibilidade de se obter mais de um parto por ano.
Para tanto, as ovelhas após 15 dias pós-parto retornarão durante o dia ao pasto, sem os seus cordeiros, para serem encarneiradas, voltando ao barracão somente a noite, minimizando desta forma os custos de produção. Deve-se respeitar a proporção de 50 fêmeas para 1 macho. O retorno ao cio subseqüentemente ao parto é de vital importância para o êxito do sistema que assegura no mínimo um parto e meio ao ano.
Na dependência da disponibilidade de área de pastagem e do número de ovelhas no rebanho, pode-se sugerir suplementação protéica energética aos animais.
Isto posto, a amamentação do cordeiro ficará restrita para o período noturno quando as ovelhas retornarão ao barracão para repouso. Este manejo deve ser mantido até os cordeiros atingirem acima de 20kg de peso, que ocorre ao redor de 60 dias de idade, ocasião que procederá o desmame.
Cordeiros: Os cordeiros (machos e fêmeas) permanecerão alojados em barracões com "creep feeding" do nascimento a desmama, sempre respeitando as normas estabelecidas para garantir o bem estar animal, como água fresca, ventilação, densidade populacional adequada, sanidade e alimentos com origem controlada, nutricionalmente balanceados para que possam desenvolver e crescer rapidamente. A adoção desse sistema além de assegurar a diminuição da mortalidade perinatal, aumenta sensivelmente o ganho de peso inicial dos cordeiros, melhora a padronização dos lotes nascidos e adapta os cordeiros machos ao confinamento. Também o "creep feeding" minimiza perda da condição corporal das ovelhas durante a lactação proporcionando melhores índices reprodutivos.
O sistema de "creep-feeding" é na verdade, a linha mestra deste projeto de produção. Ele objetiva, além das vantagens citadas, a desmama de um cordeiro com no mínimo 20 kg de peso vivo aos 60 dias de vida. Após a desmama, pode-se prever um curto espaço de tempo em confinamento, podendo-se adiantar cerca de 3 meses em sua idade de abate. Esta intensificação de atividades permitirá um abate de cordeiros num ciclo de 70 a 90 dias de idade, com 28 a 32 Kg de peso.
As cordeiras escolhidas para reposição, após a desmama, serão transferidas ao pasto onde receberão um suplemento protéico para garantir seu desenvolvimento, seguindo o manejo como borregas.
Confinamento: Após o desmame os cordeiros machos e fêmeas não escolhidos para reposição serão confinados nos próprios barracões com ração balanceada para terminação, objetivando ganhos médios diários de 250 a 300 gramas. O período de confinamento previsto será de 30 dias com consumo de matéria seca de 4,5 e 5 % do peso vivo dos cordeiros, ou seja , 1,25 kg/dia. A relação volumoso : concentrado estabelecida de 25 : 75% corresponde a 900g de concentrado e 300g de volumoso na matéria seca.
O esquema abaixo ilustra as etapas do sistema Superprecoce.
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