De um lado, os prejudicados são os produtores pelas distorções que causam no mercado que contribui para uma pecuária de leite fraca e, consequentemente, para um setor leiteiro que é incapaz de abastecer à demanda interna (somos importadores de leite) e se tornar de exportar leite e lácteos, e o próprio País, que perde geração de trabalho e renda no interior.
De outro lado são os consumidores, que compram produtos adulterados e são os maiores prejudicados. O consumo das quantidades de leite abaixo do preconizado pelas organizações de saúde prejudica a saúde, principalmente dos jovens e idosos.
O adulto é enganado pois pensa estar consumindo o recomendado para não ter degeneração óssea, mas ao ingerir produtos com leite adulterado, estará consumindo muito menos nutrientes, o que o levará quando idoso a ter muitos gastos (do cidadão ou do Estado) e muito sofrimento.
No jovem, o consumo de leite em quantidades abaixo do recomendado prejudica o seu desenvolvimento físico e neurológico. Um pai que dá ao seu filho leite e lácteos para que ele consuma os nutrientes necessários, com leite adulterado está sendo enganado e seu filho não vai atingir seu potencial físico e neurológico, que lhe prejudicará no futuro sua saúde e vida profissional, num mercado de trabalho cada vez mais competitivo. E como os jovens são o futuro o desenvolvimento do País, este naturalmente fica prejudicado pela fraude no leite.
Por isso a fraude no leite não deveria ser considerado simplesmente crime econômico, mas deveria ser considerado crime hediondo.
Voltando à história crônica de fraude no leite no País, a penúltima detetada foi em Minas Gerais e a última, pouco tempo depois no Rio Grande do Sul.
Em função disso a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do MAPA, numa reunião extraordinária realizada em 20 de junho passado, decidiu criar 3 Grupos de Trabalho:
• Fiscalização (incluindo transporte e ações do MP);
• Analise Laboratorial;
• Harmonização e ações da indústria e ações pro-ativas do setor.
Sem prejuízo da importante contribuição do trabalho a ser desenvolvido por esses grupos para o combate à fraude no leite deixo a seguinte sugestão que poderá ajudar muito a evitar a pratica de fraude no leite:
O MAPA precisa desenvolver as ações necessárias para que a fraude no leite seja classificada na legislação como crime hediondo.
Essa proposta tem caráter preventivo, pois se for efetivada, as pessoas e/ou empresas pensarão bem mais antes de se disporem a praticar novas fraudes no leite.