*Por João Lúcio Barreto Carneiro, Presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg)
Mais de 100 milhões de litros de leite escoaram pelo ralo. Cento e vinte milhões de reais na conta do produtor, trezentos milhões em perda de faturamento pela indústria de laticínios de Minas Gerais. Quem vai pagar essa conta? A greve dos caminhoneiros deixou uma herança amarga em forma de confisco no bolso de produtores rurais, indústrias e consumidores.
O Dia Mundial do Leite aconteceu durante a greve (1º/06) e, na verdade, não tivemos nada para comemorar. Um governo fraco e incompetente permitiu que uma greve iniciada por motivos totalmente justificáveis, mudasse de rumo e de comando e passasse às mãos de bandidos descompromissados com o Brasil e com os brasileiros.
O pior é que as perdas não se concentraram apenas no resultado econômico. Elas também atingem em cheio nossa autoestima e a maior perda está no sentimento de insegurança e no desânimo provocados em todos nós. A revolta pela impotência, pela atitude do lavar as mãos que muitos adotaram, o sentimento de estarmos reféns por uma situação que não criamos e que quer nos levar a nocaute nos entristece.
Entretanto, não podemos desanimar, pois a falta de ânimo da sociedade é a mais provável das causas das nossas crises. Então, temos dois caminhos a seguir: desanimar e sucumbir ou pensar, atuar e progredir.
Nós, que trabalhamos na cadeia do leite, vamos tomar o caminho que desde sempre aprendemos a trilhar: o do trabalho, do respeito e da solidariedade, vamos em frente. Somos nós que levantamos cedo e fazemos a vida em forma de alimento acontecer. Nossa responsabilidade é muito grande, afinal, somos o trator que vai tirar esse país, de novo, da lama. Viva o Leite! Viva a Vida!