“Você vai ver coisas com queijo que nunca viu antes na sua vida”, me prometeu Adam Moskowitz, criador do concurso The Cheesemonger Invitational, em São Francisco, capital da Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos.
Eu o conheci em 2013 quando entramos juntos para a grande família da Guilde Internationale des Fromagers e logo fiquei impressionada pela sua irreverência. “É uma competição para honrar e inspirar os comerciantes de queijos no varejo”, explica ele sério, dentro de uma fantasia de vaca.
O concurso é também chamado de festival Cheesepaloza e é realizado em uma casa de shows. O público pode comer a quantidade que desejar de todos os queijos expostos, de produtores americanos e estrangeiros.
O público paga US$ 65 para devorar todos os queijos propostos nos stands dos produtores que apoiam o evento. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Realizado anualmente desde 2010, o festival é também uma ocasião para queijeiros exibirem suas habilidades em provas como “criatividade para falar sobre um queijo em vendas”, “cortes originais” e “preparação de tábuas”. No dia anterior ao concurso, eles têm um atelier especial com os jurados e aprendem técnicas para colocar o queijo em destaque no comércio.
O clima é de adrenalina. Fãs torcem pelos seus candidatos preferidos. Uma festa onde os participantes competem no centro do palco e animam a festa junto com os organizadores. “É incrível, eles fazem essa festa para competir e, no final, o campeão é coroado no palco como se fosse uma estrela de cinema”, conta Rodolphe Le Meunier, queijeiro francês. Ele é organizador do Mundial do Queijo em Tours e um dos patrocinadores do evento em São Francisco.
Blue Heaven. Queijo azul ralado para temperar pipoca, lançado no evento. Nunca tinha visto na vida, uma delícia. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Smokey Blue. Queijo azul defumado. Também nunca tinha provado na vida, delicioso! FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Jason Hinds, da famosa queijaria inglesa Neal’s Yard, avalia que essa explosão de interesse pela cultura artesanal queijeira nos Estados Unidos “se deve ao fato que muitos produtores artesanais estão cada vez mais propondo seus queijos em grandes supermercados, que por sua vez estão investindo em espaços e vitrines especiais e em vendedores formados para educar os clientes”.
Esses vendedores, os cheesemongers, são profissionais aptos a explicar a história e origem dos queijos, aconselham alianças com bebidas e outros alimentos e são responsáveis pela “educação” dos consumidores. “Uma nova tendência aqui são pratos de queijos decorados com muitos outros acessórios“, diz Janet Fletcher, blogueira do Cheese Planet e jurada do concurso. Vale tudo: grãos, mel, geleias, chocolate, charcutaria, frutas, café, em formas contrastadas.
Queijo com caramelo, maça, café… criatividade sem limites. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Jill Zenoff, a campeã de 2019, é supervisora da loja de queijo Cowgirl Creamery. Foi coroada ao som de We are the Champions e, depois, cantou uma canção especial para o público (veja no vídeo abaixo). Grandes emoções!
Jill Zenoff também trabalhou como agricultora em comunidades agrícolas judias. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Acompanhe o Cheesepaloza
As informações são do blog Só Queijo, de Débora Pereira, para o Paladar, do Estadão, adaptadas pela Equipe MilkPoint.