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Automação anuncia nova era com menos trabalhadores no campo

ESPAÇO ABERTO

EM 11/07/2019

4 MIN DE LEITURA

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Duarte Vilela
Pesquisador Embrapa Gado de Leite

Estudos chamam a atenção para as grandes dificuldades para a expansão da área e da produção agrícola mundial no futuro. O cenário global é pouco otimista e exigirá mudanças com novas estratégias para vencer os desafios. Entre os direcionadores de mudança os demográficos, os econômicos e os climáticos, são os que mais desafiam o setor agrícola.

Ao comparar a evolução do emprego setorial no Brasil de 1949 até os dias atuais, percebe-se a situação dramática na qual o campo caminha. Nesse período a disponibilidade de emprego na agricultura caiu de 77% para menos de 10%, comparativamente à indústria e a outros serviços, herança da baixa renda no campo que aliada à falta de sucessores para a atividade agrícola pode gerar uma onda de mecanização sem precedentes na história rural brasileira.

Pesquisadores americanos do McKinsey Global Institute, concluíram em seus estudos, que a transformação digital e a automação se posicionarão fortemente na produção de alimentos e na alimentação. Estima-se que em 2050, sete em cada dez pessoas no planeta viverão nas cidades e no, Brasil, 94% será urbana enquanto apenas 6% permanecerá no meio rural. Dia a dia, a mão de obra rural torna-se escassa e máquinas e equipamentos serão imprescindíveis para garantir, no futuro, ganhos de produtividade e a segurança alimentar. Além disso, a automação trará ganhos importantes em eficiência e precisão da atividade rural, ajudando a agricultura a superar práticas pouco sustentáveis. O estudo também antecipa que a metade de todas as atividades desempenhadas hoje por trabalhadores poderão ser automatizadas. Será uma escala de deslocamentos na força de trabalho sem precedentes na história da humanidade. No Brasil, o mesmo estudo estima que o potencial de automação na agricultura seja de 49%, representando 7,9 milhões de empregos.

Neste contexto, a urbanização acelerada tornar-se-á um direcionador de mudanças que exigirá atenção especial, trazendo escassez de mão de obra ao campo, estimulando uma nova fronteira do conhecimento, a Inteligência Artificial (IA). Estamos caminhando para uma mudança de era? A era de mudanças já chegou com o avanço da Internet das Coisas (IoTs), anunciando o surgimento de máquinas capazes de executar tarefas sem envolvimento ou orientação direta do homem, onde robôs são projetados para operar no campo de forma autônoma, com velocidade e precisão. É o surgimento das fazendas autônomas ou “fazendas inteligentes”, maneira de produzir alimentos por meio da agropecuária digital 4.0 - analogia à 4ª revolução industrial. Assim, a forma tradicional de se produzir alimentos passará por processos de ruptura, acelerados pela transformação digital, resultando em novas formas de monitoramento, gestão e prestação de serviços, que poderá trazer ganhos importantes em eficiência, ajudando a agricultura a superar práticas pouco sustentáveis. Neste contexto é importante que se pense na formação de uma nova força de trabalho e em políticas que estimulem a inserção da agropecuária nacional nesse futuro que já bate à nossa porteira. É esperado que a robótica agrícola movimente U$ 35 bilhões nos próximos cinco anos.

Com a acelerada urbanização e a intensificação do processo de envelhecimento, 8% da população está acima de 65 anos e em 2040, com 16%, surgirão novos mercados que acendem uma nova onda de mudanças que poderão se transformar em oportunidades, principalmente para a indústria láctea. Como exemplo, os produtos porcionados - que reduzam mão de obra e se adequem aos novos tamanhos de porção dos clientes; os orgânicosalimentos diferenciados; os regionais - com certificados de origem; os funcionais e nutracêuticos - fornecem benefícios adicionais à saúde, além de portarem funções específicas; e os produtos especializados - para grupos específicos de consumidores (“lactose free”, “glúten free” e “A2A2”).

Outros direcionadores, como a concentração da produção, cada vez menos produtores, porém maiores, a concentração de renda, que está atrelada diretamente à demanda por alimentos, oportunidades para aqueles que ajustam ao novo ambiente e risco aos produtores que não conseguem se adaptar. A concentração de produtores, já é uma realidade em boa parte dos atuais sistemas de produção, tendo a competitividade como principal divisor de águas.

Um direcionador de mudanças que vem ocupando espaço nos noticiários é o climático. Eventos climáticos extremos e cada vez mais frequentes, devem ser lembrados quanto à necessidade de desenvolvimento e obtenção de animais e plantas adaptadas.

Do ponto de vista dos avanços e contribuições da pesquisa agropecuária nacional, segundo a Embrapa, os últimos anos foram positivos e serviram para acelerar a quebra de paradigmas, substituindo a cultura do “imediatismo” pela cultura da inovação. A pesquisa se modernizou e está avançando na fronteira do conhecimento. O futuro já chegou a vários campos da ciência, entre eles a nanotecnologia, a genômica, as biotécnicas reprodutivas, a bioenergética, a tecnologia da informação e a automação, como comentado anteriormente.

Resta agora ao setor produtivo se apropriar do novo para acelerar o aumento da produção e da produtividade, a eficiência e a sustentabilidade da produção nas próximas décadas, garantindo renda ao produtor.

O desenvolvimento de sensores para monitoramento de parâmetros físicos, químicos, biológicos, associados aos conhecimentos de especialistas, possibilitarão uma agricultura mais tecnificada, menos dependente de mão de obra e de terra, menos empírica e mais previsível, com menos perdas e melhor qualidade dos produtos e processos, com sustentabilidade ambiental. Assim, um novo conceito está surgindo, a “pecuária de precisão”, que enxerga o animal individualmente e não mais como um rebanho, que permite quantificar e classificar a produção, planejar o consumo, estabelecer a inseminação em tempo fixo, prever distúrbios metabólicos e reduzir gastos.

Não se gerencia o que não se mede! Dessa forma, a pecuária de precisão marca a era dos sensores, onde a tecnologia para mensurar indicadores produtivos, fisiológicos e comportamentais em tempo real já é uma realidade.

Na pecuária de precisão, a robótica será importante na redução da mão de obra nas atividades de ordenha e alimentação necessárias aos sistemas de produção de leite. Como consequência, melhor bem-estar da vaca e, principalmente, do produtor, além de ganho de produtividade e redução no custo de produção, dois pontos fundamentais para aumentar a eficiência da atividade e, consequentemente, a competitividade dos sistemas de produção.

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OSMAR REDIN

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/07/2019

Análise muito pertinente e com extrema precisão. O Gestor tem que ficar atento a essas mudanças, que de fato já começaram a acontecer.
Parabéns pelo texto!

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