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Silagem de capim: mitos e verdades

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 24/06/2005

6 MIN DE LEITURA

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Por Thiago Fernandes Bernardes1 e Gustavo Rezende Siqueira2

Recentemente a equipe do BeefPoint, coordenada pelo Miguel da Rocha Cavalcanti, publicou pesquisa sobre os 50 maiores confinamentos existente no Brasil e as características que os compõe, clique aqui para ler. Dentre os volumosos conservados destinados à alimentação dos animais, a silagem de capim esteve presente em 36% das propriedades.

Este fato pode ser comum para alguns, mas ele acaba nos surpreendendo pelo fato de tantas interpretações errôneas que essa opção de volumoso sofreu ao longo destes últimos anos, algumas maléficas e outras benéficas, podendo citar: elevada produção, perenidade, menor custo, baixo risco de perdas e maior flexibilidade na colheita. Desse modo, o texto a seguir fará inferências a alguns mitos e a algumas verdades que essa opção forrageira possui dentro dos sistemas de produção de carne e leite no nosso país.

Como começamos e onde estamos?

O uso da silagem de capim na alimentação de bovinos no Brasil não é recente, já que desde a década de 60 houve grande difusão do capim-Elefante como fonte de forragem, a principio, utilizado como capineira, e em seguida, utilizado para a ensilagem. Até o momento, esta espécie continua tendo espaço neste cenário, porém com a busca por outras espécies que apresentam manejo do pasto mais facilitado e por métodos de cultivo onde ocorra a implantação por sementes as espécies Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv. Tanzânia e Panicum maximum cv. Mombaça vem ganhando espaço atualmente. Estes cultivares lançados mais recentemente apresentam algumas vantagens frente ao capim-Elefante em relação à fermentação, como o teor de matéria seca no momento da colheita mais elevado (22% versus 16%). Entretanto, o teor de carboidratos solúveis é inferior nas espécies de Brachiaria e de Panicum.

Em meados da década de 90, houve a retomada da ensilagem de capins tropicais dentro do sistema agrícola, pois até o momento havia falta de máquinas apropriadas para o corte das plantas de alto potencial de produção, onde até então o corte era realizado com equipamentos específicos para a colheita de milho e sorgo (máquinas de uma linha).

Algumas empresas nacionais passaram a desenvolver e produzir equipamentos de maior capacidade operacional (Tipo Tarup, sistema de "faca louca"), e conseqüentemente, diversas propriedades adotaram a ensilagem de capins tropicais como alternativa para suplementação volumosa dos animais no período seco do ano. Entretanto, alguns técnicos que optaram pelo uso de silagem de capim, foram desestimulados a continuarem com essa opção, pois o planejamento de produção de volumosos dentro da propriedade, dificilmente era obedecido, pelas dificuldades encontradas na manutenção dos conjuntos mecanizados. Além deste fato, estes modelos adaptados de máquinas provenientes do exterior promovem tamanho de partículas que são consideradas impróprias tanto na compactação da forragem como para o consumo dos animais.

A partir de 2002, as empresas nacionais fabricantes de colhedoras para ensilagem de capins objetivaram a associação positiva entre o uso de máquinas e a adequada formulação de dietas, no sentido de um alimento com menor tamanho de corte, com a idealização de máquinas com sistema de corte na forma de disco. Entretanto, as máquinas que passaram a desenvolver tamanho de partícula menor, apresentaram redução na capacidade de colheita, que em geral os números obtidos no campo, apontam para 1/3 do rendimento dos modelos que cortam partículas maiores (modelos antigos tipo Tarup), ou seja, se a capacidade de colheita era de 30 t/h, esse rendimento passou a ser de 10-12 t/h. Além dos aspectos enumerados, deve-se considerar que os modelos do tipo Tarup promovem maior dilaceração da porção remanescente no campo, podendo comprometer os mecanismos de rebrota dos capins, já que a renovação ou até mesmo a recuperação do pasto não é uma operação de baixo custo.

Uso de aditivos

Como a insuficiência de carboidratos solúveis e/ou umidade excessiva, podem conduzir a uma fermentação desfavorável, técnicas de elevação de matéria seca como a adição de substratos absorventes e supridores de carboidratos, foram e são utilizadas como a polpa cítrica peletizada. Entretanto, quando um grande número de animais deve ser alimentado devendo-se produzir grande quantidade de silagem, a inclusão destes aditivos fica dificultada operacionalmente, limitando-se na maioria das ocasiões a pequenas e médias propriedades.

Quanto aos inoculantes bacterianos, estes abrangem a classe de aditivos com mais rápido desenvolvimento e adoção em todo o mundo, e no Brasil isso não é diferente, devido principalmente à facilidade de manipulação, ausência de toxicidade para os mamíferos e grande disponibilidade no mercado. Entretanto, os benefícios da inclusão de bactérias exógenos têm se limitado apenas a fase fermentativa, não refletindo na maioria das vezes na performance animal (ganho de peso e produção de leite), pois entre estes dois parâmetros existe uma fase de transição, a qual denominamos deterioração aeróbia. Quando as silagens são expostas ao ar, microrganismos oportunistas iniciam atividade metabólica, produzindo calor e consumindo nutrientes, revelando o desabastecimento do silo e o fornecimento da silagem aos animais como um importante dreno de matéria seca e energia durante o processo de ensilagem. Dessa forma, os nutrientes que foram preservados (carboidratos solúveis) ou produzidos durante a fermentação (ácido lático) pela presença de bactérias láticas, são degradados quando o silo é aberto, indisponibilizando-os para os animais.

Custo de produção

Sobretudo por causa da necessidade da pecuária se tornar mais competitiva, com redução de custos e aumento da produtividade a silagem de capim foi interpretada como estrategicamente interessante como reserva de alimento devido ao seu menor custo quando comparada como outras opções de volumoso suplementar, como pode ser observado na Tabela.


Fonte: Nussio et al. (2002)

Contudo não devemos pensar isoladamente no custo de produção da silagem e sim de maneira conjunta entre os componentes da dieta. Um exemplo de forma empírica seria: quando a silagem de capim é inserida numa ração para haver um ganho de peso da ordem de 1,2 kg/dia sua participação está em torno de 40% (base matéria seca) ou para haver produção de leite de 30kg/dia esta inclusão é perto de 35%. Entretanto, quando contrastamos com a silagem de milho, a participação do volumoso na dieta para uma vaca produzir esta quantidade de leite passa a ser de 55%, ou seja, o custo da tonelada de silagem de capim pode ser menor, porém os dispêndios na alimentação acabam sendo superior, devido à significativa contribuição de ingredientes concentrados na dieta dos animais. Por outro lado, se pensarmos em economia de escala, visando lucro por área (R$/ha), principalmente em locais onde o custo da terra é alto a silagem de capim passa a ser uma alternativa interessante, pois tem reflexo direto na produtividade por hectare, onde volumosos com alta capacidade produtiva possuem a tendência de diluir custos de implementos, adubos e manejo em geral.

Conclusões

O risco de não se efetivar a conservação de uma gleba é maior para capins tropicais quando comparadas a cultura de milho e sorgo para silagem, devido exatamente a maior produção de massa por hectare, maior desgaste das máquinas, falta de equipamentos dimensionados para as culturas rústicas e susceptibilidades a intempéries climáticas durante a colheita.

O manejo agronômico da cultura, a fim de se obter valor nutritivo satisfatório e com glebas de alta produtividade são práticas que justificaria o uso dessa forrageira como volumoso conservado aliado sempre ao processo de intensificação da produção de carne e leite em pastagens.

O manejo insatisfatório durante o processo de ensilagem não deve ser compensado pelo uso de aditivos, como tem sido entendido e divulgado. Se a opção for por fazer uso destes componentes, deve haver avaliação econômica considerando principalmente o desempenho animal.

Para que as margens de lucro não sejam pequenas ou até mesma negativa quando a silagem de capim for empregada, seria importante investir em gerenciamento (conhecimentos técnicos e financeiros), principalmente na compra de ingredientes concentrados, devido ao alto uso desses na formulação da dieta.
_______________________________________

1Thiago Fernandes Bernardes é doutorando em Zootecnia, UNESP/Jaboticabal
2Gustavo Rezende Siqueira é doutorando em Zootecnia, UNESP/Jaboticabal e pesquisador do APTA, Pólo de Colina, SP





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AMARO

MUTUM - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/04/2017

Bom dia....não sei o que está acontecendo mais meu silo está dando muito cheiro forte....o qur posso fazer?
WOLNEY BORGES

GURINHATÃ - MINAS GERAIS

EM 14/10/2016

comprei maq faz silo  de 20 a 30 k gostaria de saber com quantos dias posso abrir a embalagem e se precisa fazer secagem  do capim antes de fazer
RAQUEL DAMASIO GOMES

VINHEDO - SÃO PAULO

EM 15/08/2016

oi queria sabe qual e o tipo de oreia que posso usa  na silage de capim napie
MILTON ANTONIO MOURA FÉ

TERESINA - PIAUÍ - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 09/05/2016

Para fazer silagem de capim elefante é necessário pré secagem do produto antes de picar, para reduzir o teor de umidade?
RICHARD SIQUEIRA JUNIOR

ITATIBA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/01/2016

ACREDITO QUE PELO TEMA ABORDADO CITAR A DEGRADAÇAO E NAO DISPONIBILIDADE DOS NUTRIENTES PRETENDIDOS APOS ABERTURA DO SILO A  OPÇAO MAIS VIAVEL SERIA ACONDICIONAMENTO EM PORÇOES MENORES QUE PODERIAM SER CONSUMIDAS TOTALMENTE DEPENDENDO DA NECESSIDADE DIARIA DE CADA PRODUTOR SEM PERDAS NUTRICIONAIS. FAZER O USO DE ACONDICIONAMENTO DE BIG BAG A VACUO OU DE PORÇOES MENORES TECNOLOGIA JA EXISTENTE NO MERCADO
WANILLO TEIXEIRA

MARANGUAPE - TOCANTINS - OVINOS/CAPRINOS

EM 07/12/2015

tenho uma capineira de elefante e uma rebanho de ovelhas para produção de cordeiros, este  capim elefante não e suficiente para o período da seca, tenho na propriedade um tanque de cimento com 1:80 de profundidade 1:50 de largura e 5:00mts no cumprimento como posso fazer silagem neste tanque? gostaria de umas dicas. como silar o que misturar a massa silada, e etc....

aguardo resposta

agradecidamente: wanillo teixeira do estado do ceará
FABIANO FERREIRA

BAGÉ - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 05/04/2010

Boa Tarde! Na prática, qual o aditivo que responde melhor e dá uma melhor qualidade na silagem de capim e de sorgo? Abraço
VITOR SCHÖNE

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/05/2009

Olá, temos uma propriedade que faz cria e recria de bezerras (jerseys e holandesas), em parceria com a coperativa, gostaria de saber se a silagem de mombaça é satisfatoria para os animais com mais de 12 meses de idade, e qual o nivel de substituição da silagem de milho que posso utilizar, e os niveis nutricionais da silagem de mombaça.

Obrigado
ANTONIO CLAUDIO ANALIO

TAUBATÉ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/09/2008

Qual é a qualidade de uma silagem de capim napier?

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