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IATF - Podemos mesmo não observar os cios das vacas?

POR CARLOS ANTÔNIO DE CARVALHO FERNANDES

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 21/09/2004

4 MIN DE LEITURA

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Realmente muito me impressiona o que se faz e recomenda em nosso país a título de "modernidade" e principalmente como algumas novas tecnologias são difundidas de uma forma que parecem até certo ponto "milagrosas", porém nem sempre os resultados obtidos são aqueles propagados, condenando uma boa técnica ao insucesso, pela forma que é apresentada, geralmente as custas de meias-verdades ou por ocultar alguns aspectos talvez não muito interessantes.

Exemplos deste tipo são vários. O mais clássico ocorreu há algumas décadas com a inseminação artificial. No início, infelizmente, foi divulgado que seria a salvação da pecuária nacional. E até poderia ter sido, pelo imenso potencial da técnica. Porém, talvez tenham "esquecido" ou não era conveniente no período, indicar para os produtores que seriam necessários alguns ajustes no manejo, e que principalmente com esta estupenda ferramenta de melhoramento genético, os animais originados seriam mais produtivos, e como conseqüência, mais exigentes. O mais importante era difundir a técnica (e talvez vender sêmen e botijões). Estes "pequenos ajustes" ficariam para outra etapa. Realmente houve um aumento extraordinário na aplicação da técnica no primeiro momento, porém no médio prazo vários produtores "desavisados" deixaram de usá-la, e assim o fazem até hoje.

Outro exemplo mais recente diz respeito ao cruzamento industrial. A propaganda deste tipo de direcionamento genético foi tal, que "esqueceram" de avisar aos produtores que seriam necessárias matrizes zebuínas para reposição e que os mestiços F1 são mais produtivos, portanto mais exigentes. Deu no que todos sabemos. Falta de matrizes zebuínas, e os produtores ficaram desacreditados, pois foram induzidos ao erro. Não sabiam que estes animais mais exigentes teriam um desempenho superior, nas mesmas condições de manejo. As raças taurinas sentem até hoje este "tiro no pé".

Estamos assistindo atualmente, por inteira responsabilidade de alguns, a possível condenação de uma outra excelente tecnologia. Falo sobre a inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

De uma forma até certo ponto inconseqüente, difunde-se que a IATF elimina totalmente a necessidade de observação de cios nas propriedades. Um procedimento não exclui ou elimina a necessidade do outro.

Outro detalhe, a simples justificativa de eliminar a observação de cio não pode ser considerada como principal aspecto. A maior parte dos trabalhos relata que não se consegue detectar mais que 50% dos cios. Isto pode ser verdade em rebanhos mal manejados, onde a tarefa de detecção não fica a cargo de uma pessoa capacitada para tal. Em nosso país a mão-de-obra é muito barata e a possibilidade de investir em treinamento do pessoal responsável pela detecção de cio é uma alternativa a ser considerada.

Afirmar que não é necessária a observação de cios para a inseminação após um protocolo de IATF é correto, mas achar que em qualquer outra situação também não é mais necessário observar e anotar os cios pode ser um grande erro.

Não há dúvida que a IATF pode auxiliar na melhoria da performance reprodutiva em determinadas situações, mas a exclusão total da observação de estro envolve uma análise mais abrangente do manejo.

Consideremos uma situação hipotética para melhor esclarecer este ponto de vista. Numa propriedade separamos 50 vacas para IATF. A partir do início do protocolo, em cerca de 10 dias todos estes animais estariam inseminados. Pois bem, considerando uma taxa de gestação de cerca de 50% (muito boa para os protocolos IATF), teremos 25 fêmeas gestantes. A pergunta é: Quando vamos re-inseminar as outras 25 que não ficaram gestantes? Se considerarmos que a IATF exclui a necessidade de observação de cios, estas fêmeas que não ficaram gestantes somente serão re-inseminadas após o diagnóstico de gestação (embora provavelmente estejam manifestando cios), que na maioria dos esquemas de manejo ocorre 50 dias após a inseminação. Somando-se a isto os 10 dias do protocolo, somente poderemos re-utilizar as vacas que não ficaram gestantes 60 dias mais tarde. Será que isto realmente contribuirá para aumentar a eficiência reprodutiva?

Não seria mais sensato (além de barato e eficiente), já que uma boa parcela destas fêmeas não ficará gestante, observar os cios de todas e re-inseminar de forma convencional aquelas que retornam ao cio após a IATF? Poucas vezes esta opção é aventada, pois se retira a verdadeira "aura" da técnica, que e a não-necessidade de observação, além de se vender menos produtos.

Como a principal propaganda é a não-necessidade de observação de cios, extrapola-se de uma forma genérica esta situação. Isto é feito principalmente por pessoas que não conhecem a técnica ou práticas de manejo e eficiência reprodutiva.

Fica aqui um alerta, tanto para técnicos, industria farmacêutica e produtores. Vamos com menos sede ao pote. Vários produtores já estão percebendo que esta história de abolir totalmente a observação de cios está aumentando o intervalo de partos de algumas vacas. Ficará difícil no futuro convencer estes produtores a utilizar novamente a tecnologia. Não sejamos tão radicais. A IATF pode e deve conviver com uma boa observação de cio. São técnicas complementares.

Cabe a todos que lidam que este importante segmento que é a reprodução animal, principalmente os técnicos, difundir as tecnologias de forma consciente e adequada, mostrando todas as variáveis envolvidas e não se deixar levar por alguns aspectos que inicialmente podem ter um excelente apelo, mas que na prática não se mostram tão eficientes.

Em tempo. Uso e recomendo a IATF em várias propriedades. Também procuro em todas elas aprimorar a observação de cios.

CARLOS ANTÔNIO DE CARVALHO FERNANDES

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ALESSANDRO CARDOSO DE PAULA

MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/01/2006

Discordo do José Luiz, pois em minha propriedade a IATF vem sendo realizada com sucesso, sendo observadas as condições as quais o senhor Carlos Antonio destacou. Toda técnica a ser implementada deve ser estudada e implementada de maneira correta, deixando de lado a propaganda enganosa que muitas vezes faz com que se tenha uma idéia errada de tal técnica.



Alessandro Cardoso de Paula
JOSÉ LUÍS ZANESCO

OUTRO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 22/03/2005

A IATF não é um procedimento muito barato, e se 50% do rebanho não emprenhar vai trazer muito prejuízo, aumentando muito o custo, não sendo recomendado a utilização desta técnica.
CARLOS ANTÔNIO DE CARVALHO FERNANDES

ALFENAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/02/2005

Reuel,

É sabido que podemos ter animais de cios curtos, principalmente vacas de origem européia ou mestiças em situação de clima quente ou quando existe alguns distúrbio nutricional ou até outros fatores. Considero a maior parte das condições que provocam redução do tempo de aceitação de monta (anafrodisia) como distúrbios que devem ser resolvidos atacando primariamente a causa do problema, seja ela qual for (nutricional, ambiental de manejo etc.).

Retirando estas causas com certeza restaria um número pequeno de animais que na verdade manifestariam este cio curso. Ainda uma parte deles pode ser resolvido com a presença de um rufião.

Tenho minhas dúvidas se justifica deixar de observar cio de todo um plantel com certeza por causa de uma minoria! A mim parece mais adequado o acompanhamento sistemático das ocorrências reprodutivas e a intervenção de um técnico que poderia identificar estes animais com problemas de observação e sob a sua orientação utilizar a IATF especificamente neles.

Sou a favor a IATF. Utilizo rotineiramente. Tenho plena convicção que é uma ferramenta auxiliar que pode melhorar o desempenho reprodutivo quando utilizada de forma criteriosa. Porém minha convicção maior é que esta não substitui a adequada observação de cios.

Não consegui entender sua sugestão de re-sincronizar os animais falhados 13 dias após a IATF. Qual seria o instrumento de triagem entre os gestantes e não gestantes neste período?

A sugestão seria observação de cios em torno de 13 dias após a IATF. Como será utilizado a observação de cio como triagem inicial das não gestantes, seria correto, já que os cios estão sendo observados, servir estes animais. Deixar passar os cios sem inseminar e simplesmente anota-los para uma re-sincronização seria com certeza perda de tempo e dinheiro.

Carlos Antonio de Carvalho Fernandes
Med.Vet. D.S.
Diretor - Biotran

REUEL LUIZ GONCALVES

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 14/02/2005

Caro Dr. Carlos,

Concordo com suas colocações sobre a IATF e necessitamos divulgar corretamente essa ferramenta sem iludir o produtor.

Quando utilizamos o protocolo devemos sim esquecer a observação de cio, e uma opção para os animais que falharam seria a re-sincronizacao 13 dias apos a IATF e a IA com cio detectável com 9 a 12 apos a re-sincronização.

Agora a observação de Cio e o gargalo da IA, pois apesar de treinar o pessoal responsável para detecção, temos os animais de cio curto (6 a 8 horas) e noturno que ficam impossíveis de se visualizar.

Portanto treinamento aliado a IATF pode ajudar muito no emprego da IA.

Reuel Luiz
RONALDO CARNEIRO TEIXEIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 26/09/2004

Muito bom o seu enfoque quanto à propaganda exagerada em cima da IATF.

Nós, como técnicos, temos que ter responsabilidade e discernimento para podermos contribuir para a evolução da lucratividade na pecuária e não sermos manobrados e induzidos por modismos de interesse comercial.

Antes da IATF deve vir nutrição, controle, manejo e sanidade, entre outros. O que a maioria das fazendas ainda não ajustaram.

Sou veterinário em MG e atendo fazendas de gado de corte que inseminam muitas vacas e ainda não achei estes dados tão baixa eficiência de detecção de cios naturais citados em trabalhos de IATF. Talvez eu esteja errado, mas ainda não uso IATF em rebanhos comerciais.

Sou o Ronaldo (Paracatu) e também me formei em Viçosa onde você era monitor de reprodução.
LEANDRO FRANCISCO GOFERT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 21/09/2004

Excelente a colocação do Dr. Carlos Fernandes, apesar de pertencer ao quadro de uma empresa que comercializa produtos para IATF, também acredito que a IATF é uma ferramenta que utilizada concomitantemente com outras técnicas pode, em algumas situações, melhorar a eficiência reprodutiva. Essa questão colocada, de utilizar o repasse da IATF, 17 a 23 dias após, com observação de cios e IA convencional é importantíssimo para viabilizar comercialmente a IATF, pois temos 2 benefícios derivados da técnica (emprenhar 50% dos animais na IATF e trazer os demais para a ciclicidade, possibilitando emprenhá-los mais rapidamente).
PAULO CÉSAR

CURITIBA - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 20/09/2004

Existem atualmente diversos procedimentos de IATF, seria interessante que o Doutor colocasse seus procedimentos de uma maneira prática para que pudéssemos comparar com o que é feito em nossas propriedades.

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