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Avaliação da eficiência reprodutiva de três rebanhos leiteiros

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E MATEUS ALVES FRAGA

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 05/11/2007

5 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte do trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, pelo aluno Mateus Alves Fraga.

Introdução

O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovino do mundo, porém índices zootécnicos muito abaixo do desejado. O baixo desempenho reprodutivo determina menor produção de leite, de bezerros, incremento nas despesas de manutenção com vacas secas e maiores taxas de descarte. A eficiência reprodutiva de um rebanho é um dos componentes mais importantes na performance econômica de uma propriedade de produção de leite (GAINES et al., 1994).

A fertilidade é uma das características de maior importância no sistema de produção animal, e o processo de produção de leite de um rebanho baseia-se primariamente no sucesso reprodutivo das fêmeas que o compõem (FERREIRA, 1991; BALL, 1987; MÜLER, 1989). O ganho potencial resultante do incremento da eficiência reprodutiva é maior que o esperado pelo aumento da qualidade do leite, maior também que o esperado pelo melhoramento genético, sendo apenas inferior aos ganhos que podem ser obtidos pela melhoria da nutrição (VILELA et al. 2002).

A produção de leite e os aspectos reprodutivos são processos determinantes na eficiência da produção dos rebanhos leiteiros, pelos seus reflexos diretos na produtividade e rentabilidade (MADALENA et al., 1996; FREITAS et al., 1996; FERRERIRA & MADALENA, 1997; FREITAS et al., 1997).

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência reprodutiva em três rebanhos de vacas leiteiras no Triângulo Mineiro.

Material e métodos

Foram utilizados os dados dos rebanhos de três fazendas, de uma mesma empresa, localizadas numa mesma cidade do Triângulo Mineiro. Os dados foram colhidos entre os anos de 2005 e 2007. As características de cada fazenda estão descritas na Tabela 1.

A fazenda 1 era formada de animais predominantemente 1/2 à 3/4 HPB, com ordenha mecânica com bezerro ao pé da vaca. A fazenda 2 tinha rebanho também mestiço, mas com variações de sangue de 3/4 à 7/8 HPB. A fazenda 3 era constituída principalmente por animais PO. Nas fazendas 2 e 3 a ordenha era mecânica sem bezerro. Nas fazendas 1 e 2, os animais eram tratados no cocho com silagem durante o período de estiagem e no período chuvoso, tratados no sistema a pasto com suplementação de ração na ordenha. A fazenda 3, os animais eram mantidos confinados durante todo o ano.

Tabela 1. Grau de sangue predominante, número médio de vacas em lactação e produção média de leite por vacas nas três fazendas avaliadas.


Para a primeira avaliação da eficiência reprodutiva dos rebanhos foram preparadas as curvas de lactação a partir da produção de todos os animais. Em seguida a eficiência reprodutiva foi avaliada pelo cálculo da taxa de prenhez e do intervalo de entre estros, realizado numa planilha de Excel desenvolvida para essa finalidade. Para esse cálculo foram colhidos os seguintes dados: data do parto, período voluntário de espera (período determinado por uma decisão de manejo da fazenda), data das inseminações e diagnóstico de gestação.

A planilha utiliza a data do final do período de espera voluntário como referência e a partir dessa data considera que a cada 21 dias todas as vacas deveriam ser detectadas em cio e inseminadas até ficarem gestantes.

Resultados

Na figura 1 esta representada a curva de lactação geral das três fazendas avaliadas (pontos dispersos representam cada animal) e dias médios em lactação das vacas (DEL = 231 dias).


Figura 1. Representação esquemática da curva de lactação dos três rebanhos. O número dentro do círculo representa do dias médios em lactação (DEL) dos três rebanhos.

Nas fazendas avaliadas separadamente o DEL foi de 182, 252 e 203 dias, para as fazendas 1, 2 e 3 respectivamente. Esse valor é acima dos 150 dias que seria um valor de DEL esperado para rebanhos mestiços, esse aumento no DEL mostra uma provável falha reprodutiva das fazendas analisadas.

A distribuição dos intervalos de retorno ao cio nas três fazendas avaliadas, mostra que 44% das vacas apresentam intervalo entre estro maior que 45 dias (Figura 1), provavelmente devido a ocorrência de falhas na detecção de cio. Apenas 30% das vacas apresentavam intervalo entre estro de 18 a 24 dias, o qual pode ser considerado o intervalo esperado entre estros.

O intervalo parto/primeira IA variou de 108 a 126 dias, apesar do período voluntário de espera ser de 40 dias nas três fazendas. Em rebanhos em que a IA é feita baseada só na detecção visual do cio, esse intervalo é determinado pela eficiência de detecção de cio. Baseado em considerações utópicas, toda vaca do rebanho deveria ser inseminada no final do PVE, e a média de duração do final do PVE até a primeira IA deveria ser de 10,5 dias (FRICKE et al., 2001). A analise isolada desse dado (intervalo parto/primeira IA) poderia levar a pensar na ocorrência de anestro pós-parto prologando, mas a analise das inseminações subsequentes também apontam falhas na detecção de cio, com as taxas de serviço na segunda e terceira IA variando de 9 a 12%.

A taxa de concepção na primeira inseminaçao pós-parto (Tabela 2), esta de acordo com os dados encontrados na literatura para vacas mestiças, porém acima do encontrado para vacas puras mantidas confinadas. A taxa de serviço e de prenhez estão muito baixas, confirmando as prováveis falhas de detecção de cio (Tabela 2).

Taxas de observação de cio menores do que 50% são comumente observadas em rebanhos leiteiros e estão associadas à alta produção de leite (WASHBURN et al 2002). Lopez et al. (2004) observaram uma diminuição no tempo de manifestação do estro nas vacas que produziam mais de 39,5 kg de leite por dia e associou à redução da concentração de estradiol circulante. No presente estudos foram avaliados dados de fazendas com produção média de 15, 18 e 23 kg dia, portando o esperado seria um taxa de detecção de cio mais elevada.


Figura 2. Distribuição do intervalo entre estros nas três fazendas, durante o período analisado.

Tabela 2. Dias médios em lactação (DEL), porcentagem de animais com intervalo entre estro maior que 45 dias (IEE>45d), intervalo parto/primeira IA (1ª. IA), taxa de serviço, taxa de concepção e taxa de prenhez nas três fazendas analisadas.


A avaliação dos dados permite concluir que existe falha na eficiência reprodutiva nas fazendas avaliadas confirmada pelo DEL elevado, baixa taxa de serviço e baixa taxa de prenhez, apesar da boa taxa de concepção.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

MATEUS ALVES FRAGA

2012 - Pós-Graduação em Gestão do Agronegócio - ReHAgro (Previsão de Término 02/2014)
2010- Pós-Graduado em Pecuária de Leite - ReHAgro
2008- Graduado em Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia

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LUIZ CARLOS SOARES BEMFICA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/11/2007

Pesquisas como esta mostram a importância de um acompanhamento constante com registro do comportamento do rebanho.

Despertam o interesse em acompanhar resultados como este e outros em função de outros parâmetros como alimentação, idade do rebanho, etc.

Apesar de ser um trabalho de médio a longo prazo, o registro e a manutenção de histórico é fundamental para avaliação e mudanças no manejo do rebanho.

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