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Resistência a mastite em animais oriundos de cruzamento entre raças leiteiras

POR NATHÃ CARVALHO

E EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

NATHÃ CARVALHO E EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

EM 27/06/2017

4 MIN DE LEITURA

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Uma das enfermidades que mais comprometem a produtividade de leite e sua qualidade é a mastite. A doença é uma das principais causas mundiais de prejuízos na produção leiteira (COSTA, 1998). Como já é de conhecimento geral, trata-se de um processo inflamatório da glândula mamária que interfere na produção leiteira tanto em quantidade quanto em qualidade, determinando modificações na composição do leite (COSTA, 2011). Além disso, gera custos com tratamentos dos animais acometidos, do descarte do leite e da redução da vida útil dos mesmos (KNOB, 2015). Conforme Pizzol (2012), a saúde da glândula mamária é um dos principais objetivos do manejo sanitário em vacas leiteiras, em virtude que as infecções na glândula mamária são patologias frequentemente encontradas nesta atividade e causam impacto econômico negativo para produtores e laticínios.

De acordo com Knob (2015), o escore de células somáticas (ECS) é um indicador de mastite subclínica. As lesões causadas ao epitélio secretor da glândula mamária refletem na redução da capacidade de síntese e secreção, sendo esse um dos principais efeitos negativos da mastite sobre a produção de leite. Em quartos mamários infectados por mastite clínica ou subclínica a CCS pode ultrapassar 1 milhão de células. Dessa forma a CCS é um indicador da sanidade da glândula mamária que influencia na qualidade do leite.

Adicionalmente, Pereira (2012) contribui destacando que a incidência de mastite está positivamente correlacionada com o volume de produção de leite, para tanto, possui herdabilidade na ordem de 0,20 (média), a seleção é indireta, mas possível através de informações individuais e familiares de contagem de células somáticas no leite (CCS). Os catálogos de sêmen das principais centrais de inseminação já disponibilizam avaliações genéticas dos reprodutores relacionadas com a resistência à mastite, obtidas através dos escores de células somáticas das progênies. Por fim, Koivula et al. (2005) apud Madalena (2007) também verificaram correlações genéticas positivas da ordem de 0,39 e 0,48 entre a mamite clínica e a produção de leite quando utilizaram a raça Ayrshire da Finlândia.

Sobre os efeitos dos cruzamentos, em pesquisa conduzida por Knob (2015), em propriedade situada no estado Santa Catarina com animais da raça Holandesa e produtos F1 (Holandês x Simental), observaram que a sanidade da glândula mamária através do escore de células somáticas (ECS) em vacas mestiças apresentaram índices menores (2,81) aos das vacas puras (4,46). De acordo com a autora, fêmeas mestiças Holandês x Simental demonstraram menor escore de células somáticas em relação às vacas puras Holandês, confirmando assim maior resistência à mastite.

Figura 1 - Vacas F1 Simental/Holandês apresentaram menor escore de células somáticas (ECS) em propriedade de Santa Catarina.



De forma semelhante, porém avaliando rebanhos na Nova Zelândia, com animais cruzados Holandês x Jersey e puros Holandês (CLUNYEXPORTS, 2008 apud PIZZOL, 2012), os resultados apontaram valores médios mais baixos para contagem de células somáticas em animais cruzados. Corroborando, ao avaliar a utilização de cruzamentos entre as raças Pardo Suíço e Holandês, Dechow et al. (2007) também observaram nos Estados Unidos que as filhas de touros Pardo Suíço em vacas Holandesas apresentaram menores escores de células somáticas se comparados aos encontrados nas vacas puras de ambas as raças parentais.

Em análise suplementar, conduzida por Pizzol (2012) em uma propriedade leiteira localizada no município de Carambeí/PR, também comparando um grupo de vacas puras da raça Holandesa com outro grupo composto pelas vacas mestiças Holandês x Jersey, o autor relatou a contagem de células somáticas (CCS) do rebanho mediante análise de 2.545 controles leiteiros oriundos de 304 lactações de 124 vacas, sendo 55 puras e 69 F1. O resultado evidenciou que as matrizes F1 Holandês x Jersey, apresentaram escore de células somáticas (ECS) significativamente mais baixo (2,84) em relação às vacas puras da raça Holandesa (3,74), principalmente a partir da segunda lactação.

Figura 2 - Escore de células somáticas (ECS) em função da idade ao parto em vacas puras e F1 Holandês X Jersey. *Grupos genéticos diferem significativamente a 5%. Fonte: Pizzol (2012).




Referências bibliográficas

COSTA, E. O. Importância da mastite na produção leiteira do país. Revista de Educação Continuada. São Paulo: CRMV-SP, v.1, n.1, p. 3-9. 1998.

COSTA, E. O. Uso de Antimicrobianos na mastite. In: SPNOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. cap. 42, p. 487-498.

DECHOW, C. D. et al. Milk, Fat, Protein, Somatic Cell Score, and Days Open Among Holstein, Brown Swiss, and Their Crosses. Journal of Dairy Science, v. 90, p. 3542–3549, 2007.

KNOB, D. A. Crescimento, desempenho produtivo e reprodutivo de vacas Holandês comparadas às mestiças Holandês x Simental. 2015. 100 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2015.

MADALENA, F. E. Problemas dos rebanhos leiteiros com genética de alta produção – Revisão bibliográfica. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2007. 33 p.

PEREIRA, J. C. C. Melhoramento Genético Aplicado à Produção Animal. 6. ed. Belo Horizonte: FEPMVZ Editora, 2012. 758p.

PIZZOL, J. G. D. Comparação entre vacas da raça Holandesa e mestiças das raças Holandesa x Jersey quanto à sanidade, imunidade e facilidade de parto. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2012.

NATHÃ CARVALHO

Zootecnista formado pelo Instituto Federal Farroupilha (campus Alegrete/RS) e discente do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (área de Melhoramento Genético Animal).

EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

Médico Veterinário e Doutor em Zootecnia pela UFSM. Docente do Instituto Federal Farroupilha (Alegrete/RS), onde é professor do curso de Zootecnia.Coordenador de produção e orientador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Ruminantes na mesma instituição

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