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Volatilidade do custo do alimento volumoso nos últimos três anos

PANORAMA DE MERCADO

EM 28/03/2023

5 MIN DE LEITURA

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O panorama econômico dos últimos três anos acirrou as incertezas dos agentes de mercado no Brasil e no mundo. Os impactos da pandemia de Covid-19 que se iniciou em 2020, a guerra entre Rússia e Ucrânia que em fevereiro completou um ano, a inflação elevada no Brasil em 2021 e o conturbado cenário da eleição presidencial que perdurou durante todo o ano de 2022, contribuíram para a grande volatilidade de preços de diversas commodities, impactando diversas cadeias produtivas, inclusive a do leite.

Compreender o comportamento dos custos torna-se desafiador nesta conjuntura. Assim, este artigo analisa a variação do custo de produção do leite, destacando o grupo Volumoso, que apresentou a maior volatilidade de preços entre os grupos que compõem o ICPLeite/Embrapa, entre janeiro de 2020 e janeiro do ano corrente.

No primeiro ano da pandemia, o aumento do custo de produção de leite foi de 24,6%, quebrando o recorde anterior da série histórica iniciada em 2006, de 22,6%, ocorrido em 2012. A alta de 2020 foi puxada principalmente pela alimentação concentrada, que sofreu as consequências da desvalorização do real frente ao dólar, com o aumento das exportações das commodities e consequente aumento de seus preços no mercado interno.

Naquele ano, a variação do grupo Volumoso também foi alta, mas ofuscada pela elevação do preço do Concentrado. A alta de custos do Volumoso superou duas casas decimais, ficando em 12,5%. O IPCA de 2020, por sua vez, não refletiu a saga que os produtores de leite viviam, registrando uma inflação de 4,5% para os consumidores.

Em 2021, o ICPLeite/Embrapa apresentou seu segundo recorde consecutivo, com alta de 25,3%. O índice acumulado em 12 meses atingiu valores crescentes até chegara ao pico de 39,7%, em agosto daquele ano. A partir de setembro, houve decréscimo deste índice, que atingiu 25,3%, em dezembro. O grupo Volumoso apresentou aumentos expressivos e progressivos durante todo o ano, rompendo os 73% de alta acumulada em 12 meses e foi o principal responsável pela elevação do indicador. Os brasileiros também padeceram com a inflação nesse ano. O IPCA fechou 2021 com alta de 10,1%, maior percentual desde 2015.


O ano de 2022 se iniciou com a redução dos efeitos da pandemia e a retomada da economia, mas, já em fevereiro, a guerra entre Rússia e Ucrânia eclodiu, afetando as economias de todo o mundo. A crise energética causada pela guerra levou o ICPLeite/Embrapa a acumular alta de 6,2% no primeiro trimestre.

A expectativa altista se reverteu a partir de então e o aumento do custo de produção de leite acumulado naquele ano foi de 1%. O grupo Volumoso fechou o ano apresentando deflação de 11,7%, motivada pela queda observada nos preços de seus principais itens: combustíveis, adubo e fertilizantes, ocorridas a partir de maio.

O IPCA, por sua vez, apresentou valorização superior a do ICPLeite e a do Volumoso, atingindo 5,8%, e ficando novamente acima da meta estabelecida pelo governo. O Gráfico 1 apresenta as variações dos indicadores discutidos, para os anos de 2020, 2021 e 2022.


Gráfico 1 – Variação anual do ICPLeite/Embrapa, do grupo Volumoso e do IPCA (2020 a 2022).

variação do custo de volumosoFonte: Embrapa (2023).

Em 37 meses, ou seja, entre janeiro de 2020 e janeiro de 2023, o grupo Volumoso acumulou elevação de 72,9%. O mês de abril/22 foi o mais crítico, no qual a inflação acumulada deste grupo chegou a 113,7%. A partir de então, a inflação começou a ceder. A alta volatilidade do custo do grupo Volumoso pode ser observada no Gráfico 2, que apresenta variações mensais e acumuladas em doze meses.

As variações mensais deste grupo foram estáveis no ano de 2020, à exceção do último trimestre, que passou a exibir variações mensais entre 2,9% e 3,0%, devido a sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis e defensivos. O ano de 2021 apresentou fortes variações positivas, com valores mensais atingindo 9,4% em outubro de 2021 e chegando a acumular 75,4% de variação em 12 meses em novembro.

Naquele ano, aconteceram expressivos reajustes mensais de todos os itens que compõem o grupo. A menor produção de fertilizantes pelos principais países fornecedores que, por consequência, reduziram a exportação para manter o abastecimento interno, o câmbio elevado, o aumento dos preços dos combustíveis e a alta dos fretes marítimos foram os principais fatores que impulsionaram as elevações de custo neste grupo em 2021.

Após este pico, houve queda no primeiro bimestre de 2022, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia limitou ainda mais a disponibilidade de insumos e alguns itens apresentaram variações incomuns, a exemplo dos fertilizantes nitrogenados com até 30% de aumento e da gasolina com 9% no mês de março.

Aumentos mensais de até 8%, como observado em março de 2022, se alternaram com quedas como -5,4% registrado em setembro de 2022. A inflação acumulada em 12 meses, no entanto, desacelerou no ano de 2022, fechando o ano em -11,7%, refletindo quedas ocorridas nos preços dos combustíveis, adubos e defensivos. Em janeiro/23, os preços permaneceram estáveis.

Gráfico 2 – Variação mensal e acumulada em doze meses do grupo Volumoso (jan/20 a jan/23).

custos volumosoFonte: Embrapa (2023).

O ambiente de incerteza dominou o período analisado, gerando a instabilidade de preços e ansiedade nos produtores de leite. Ao longo de 37 meses o ICPLeite/Embrapa acumulou alta de 59,9% resultante da combinação da elevação de preços do alimento concentrado em 2020 e do alimento volumoso em 2021.

Apesar de 2022 apresentar pequena variação (1%), no decorrer do ano, a instabilidade de preços causou insegurança nos agentes produtivos. Quanto ao grupo Volumoso, a volatilidade de seus preços ficou evidente no período, com elevação a partir do último trimestre de 2020 e intensa e sucessivas quedas a partir de março/22, a despeito da guerra ainda em curso.

Para 2023, espera-se maior estabilidade nos mercados, em função do arrefecimento dos fatores de instabilidade, tais como a redução no frete marítimo no segundo semestre de 2022, a manutenção da cotação do petróleo em patamar mais baixo e a maior importação de fertilizantes realizada pelo Brasil no final do ano passado. Tudo isso deverá contribuir para um cenário bem comportado, a exemplo do que se observou em janeiro, e tende a ajudar os pecuaristas no custos de produção de leite.
 

Autores

Manuela Sampaio Lana 
Alziro Vasconcelos Carneiro
Paulo do Carmo Martins
Samuel José de Magalhães Oliveira

MilkPoint Mercado

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SANDRO CHAROPEN MACHADO

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/03/2023

Muito bom, para o produtor entender que nunca se pôde descuidar dos custos de produção e agora, cada vez menos se pode fazer isso. Mas ainda assim acredito que temos muito como produzir com eficiência e ganhar dinheiro.

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