Os custos de produção são aqueles ligados ao processo produtivo, podendo ser divididos em custos indiretos, material direto e mão de obra direta, ou seja, todos os itens que são obrigatórios no processo produtivo.
Custo de produção refere-se ao valor de bens e serviços consumidos na produção de outros bens ou serviços (MATTOS, 1998).
O cálculo de custos é uma ferramenta muito empregada e objetiva para servir de base para subsidiar uma decisão gerencial de curto prazo, medir a sustentabilidade de um empreendimento em longo prazo, medir a capacidade de pagamento, definir a viabilidade econômica de uma tecnologia alternativa, subsidiar propostas ou implementar políticas agrícolas, entre outras possibilidades (CANZIANI, 1999).
Segundo Reis (1999), o estudo do custo de produção é um dos assuntos de maior importância na microeconomia pelo fato de fornecer indicativo para escolha das linhas de produção visando melhorar os resultados econômicos.
As diferentes finalidades de cálculo e de análise do custo de produção resultam em importantes diferenças que podem ocorrer em função dos dados disponíveis ou de diferenças metodológicas. Além da diferença relacionada aos dados para o cálculo, temos também aquelas devido ao fato de serem considerados diferentes itens na composição do custo de produção e esses itens podem ser agrupados de várias maneiras.
Quando avaliamos os artigos na área, que são escassos, podemos observar que são adotados diferentes classificações de custos, bem como são incluídos diferentes itens também. Isso dificulta na hora de compararmos os resultados obtidos nos experimentos.
Vamos apresentar então, algumas classificações possíveis para os custos de produção.
A priori e a posteriori
No esquema acima podemos observar que os custos podem ser determinados a priori ou a posteriori.
- a priori: o custo é estimado antes que o processo produtivo ocorra. Em casos de projetos para fazer previsão de cenários futuros ou elaborar fluxo de caixa o custo é estimado com base no resultado atual da propriedade e na experiência do técnico que o faz. Em uma situação a priori, as estimativas podem ter a finalidade de auxiliar na tomada de decisão entre sistemas de produção, auxiliar na identificação das atividades mais lucrativas ou servir de embasamento técnico para definições de alguns itens de política agropecuária (CANZIANI, 1999).
- a posteriori: o custo é obtido após o processo produtivo. Dessa forma, aquela informação de custo realmente foi observada na fazenda, é segura se foi bem coletada. A importância está na identificação da rentabilidade dos sistemas de produção estudados, suas reais causas e consequências, além de servir de apoio para o próximo planejamento.
Portanto, para nossos cálculos podemos utilizar essas duas formas de obtenção de custos, antes ou depois do processo produtivo. É importante lembrar que a estimativa a ser feita deve ser muito bem estudada e avaliada, pois erros nesse valor podem refletir em grandes diferenças nas análises posteriores. Temos que dispor de meios concretos para estimar e não simplesmente seguir os "achismos".
Outras classificações possíveis são apresentadas no esquema abaixo.
Custo fixo e variável
Na agropecuária os custos são, mais comumente, classificados como custos fixos e variáveis dependendo do que ocorre com o custo perante o aumento ou diminuição da produção. Basicamente, faz-se a seguinte pergunta: esse custo varia proporcionalmente à quantidade produzida?
Diante de uma resposta afirmativa, tem-se um custo variável. Por exemplo, o custo com concentrado para os cordeiros em confinamento varia proporcionalmente com a quantidade de cordeiros criados? A resposta é sim, pois quanto mais animais eu tiver, maior será a quantidade de concentrado necessária para alimentá-los, ou ao contrário, quanto menos animais, menor o gasto com concentrado.
Já se a resposta à questão é negativa, o custo é fixo. Por exemplo, o valor pago de Imposto Territorial Rural (ITR) varia proporcionalmente com a quantidade de cordeiros criados? Não, pois o pagamento do ITR relaciona-se ao tamanho da área e não conforme a produção. Note que, no caso do custo fixo, ele vai ocorrer mesmo que a produção seja zero.
O somatório do custo variável e custo fixo vai ser o custo total de produção:
CT = CV + CF
Além dessa divisão em CV e CF, podemos ter outras subdivisões para compor a estrutura de apresentação de estimativas de custos, sendo mais comumente utilizados os seguintes custos: total de produção, fixo, variável parcial, variável total, operacional efetivo e operacional total. Maiores detalhes desses custos e exemplos serão apresentados no próximo artigo sobre o tema.
Custo direto e indireto
Outra possibilidade de classificação é em direto e indireto. Os custos diretos são aqueles facilmente identificados no produto final e que podemos mensurar claramente por indicadores como horas de mão-de-obra empregada, quilos ou litros de determinado produto. Por outro lado, os custos indiretos são aqueles que não conseguimos mensurar com facilidade e são distribuídos por produto produzido com base em critérios de rateio.
Para a agropecuária essa classificação não é muito empregada, pois é difícil para nós mensurarmos os custos diretamente. Por exemplo, é possível eu saber quantos quilos de alimento concentrado foram gastos por cordeiro. Custos como alimentação e medicamentos podem ser mais fáceis de ser determinados por animal.
No entanto, como impostos e depreciação de máquinas, como distribuir um valor por animal? Já fica mais difícil. Isso exigiria tempo para pensarmos em estratégias de rateio para cada um dos custos que não são mensurados diretamente.
Outra forma simples de pensar é que os custos diretos surgem com o produto produzido e não existem sem sua produção. Por exemplo, só gastaremos com alimento se tivermos um animal para produzir, entretanto se temos um trator, ele vai depreciar mesmo que não tenha animal para produzir.
Custo implícitos e explícitos
Com relação aos custos caixa e não caixa ou explícitos e implícitos, esses são relacionados à saída direta de dinheiro. Os custos explícitos são aqueles que representam saída de dinheiro, como por exemplo, o custo com medicamentos, pagamento de mão-de-obra, alimentação, entre outros.
Já os custos implícitos são aqueles que não representam saída direta de dinheiro, como é o caso da depreciação que foi tema do artigo anterior Depreciação deve ser considerada como custo de produção?
No próximo artigo, essa classificação será abordada com mais detalhes e exemplos.
Unitário, médio unitário e total
Com relação ao grau de detalhamento o custo pode ser:
- unitário: é o custo de produção de uma unidade ou serviço obtido por metodologia de custo por ordem de produção.
- médio unitário: é o custo de produção de uma unidade ou serviço obtido pela divisão do custo total de produção pela quantidade de produto produzido, como por exemplo, quilos de carne.
- total: é o custo para produzir determinada quantidade de produtos.
Custos de produção e administrativo
Os custos de produção são aqueles ligados ao processo produtivo, podendo ser divididos em custos indiretos, material direto e mão-de-obra direta, ou seja, todos os itens que são obrigatórios no processo produtivo.
Já os custos administrativos são aqueles não vinculados ao processo produtivo, como as despesas com vendas, divulgação de produtos, participação em eventos da área, ou ainda despesas gerais e administrativas.
A seguir apresenta-se um quadro com o resumo das classificações de custo aplicáveis a agropecuária.
Considerações finais
É muito importante ter ciência das classificações de custo, bem como saber calcular seu custo de produção. Qualquer uma das formas acima descritas podem ser adotadas, o importante é que se faça um controle. Entretanto, em termos operacionais, o método mais prático é dividir os custos em fixo e variável. No próximo artigo serão apresentadas as subdivisões desses custos para que os leitores entendam a teoria e possam calcular seu próprio custo de produção.
Leia também:
Cinco principais itens no custo de produção de uma propriedade leiteira
Referências bibliográficas
BARROS, C.S.; MONTEIRO, A.L.G.; PRADO, O.R. CUSTARE. 1 CD-ROM. custare@gmail.com
CANZIANI, J. R. F. Uma abordagem sobre as diferenças de metodologia utilizada no cálculo do custo total de produção da atividade leiteira a nível individual (produtor) e a nível regional. In: SEMINÁRIO SOBRE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE, 1., 1999, Piracicaba. Anais... Piracicaba: USP, 1999.
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 463 p.