O Cepea divulgou ontem (29) o resultado de seu último levantamento de preços (valores pagos em julho pelo leite fornecido em junho). Segundo o Cepea, o preço do leite captado em junho e pago ao produtor em julho chegou a R$ 2,3108/litro na Média Brasil líquida; a elevação foi de 5% na comparação com o mês anterior e de 21,8% frente ao mesmo período do ano passado, também em termos reais.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou alta de 2,12% de maio para junho, puxado pela elevação média de 5,5% na captação dos estados do Sul do País. No entanto, o aumento dos custos de produção e o período de estiagem limitaram a oferta e intensificaram a concorrência entre as indústrias de laticínios para garantir a compra de matéria-prima durante o mês de junho – ocasionando a alta nos preços.
De acordo com o monitoramento do MilkPoint Mercado, como mostra o gráfico 1, esta elevação de preços trouxe um leve aumento no indicador RMCR (Receita Menos Custo da Ração), que tem boa relação com a rentabilidade do produtor de leite
Como mostra o gráfico, o RMCR teve pequena recuperação em junho e julho, ainda que, em julho esteja bem abaixo do que no ano passado. De fato, o produtor “amargou” desde fevereiro deste ano um período de rentabilidade bastante baixa, que vem dando alguns sinais de melhora nos dois últimos meses.
Segundo o Cepea, com estoques de derivados enxutos, as indústrias acirraram a competição pela compra de matéria-prima em junho. Nesse mês, as negociações de leite spot estiveram aquecidas, e o preço médio em Minas Gerais, por exemplo, chegou a R$ 2,78/litro, valor 17% acima da média de maio.
Com o leite mais caro no campo, a indústria precisou elevar os preços dos derivados lácteos e repassar a alta da matéria-prima ao consumidor. O queijo muçarela, o leite UHT e o leite em pó negociados entre indústria e atacado de São Paulo se valorizaram 16,1%, 8,6% e 2,6%, respectivamente, em relação a maio/21 – o que sustentou a valorização do leite captado em junho e pago ao produtor em julho.
Perspectivas
O Cepea indica que o movimento altista no mercado de derivados lácteos perdeu força em julho, uma vez que os preços dos lácteos estão em patamares muito elevados, o que começa a inviabilizar a demanda, já fragilizada pelo menor poder de compra do consumidor brasileiro.
De acordo com pesquisa diária do Cepea, realizada com apoio da OCB, os preços médios da muçarela, do UHT e do leite em pó recuaram 2,8%, 1,5% e 0,8%, nessa ordem, entre junho e julho (considerando dados até 28/07). Junto a isso, os maiores volumes de lácteos importados nos últimos meses diminuíram a forte competição entre indústrias pela compra de leite no mercado spot (leite negociado entre indústrias) em julho.
A pesquisa do Cepea mostrou que, em Minas Gerais, o leite spot registrou média de R$ 2,52/litro em julho, queda de 9,4% frente a junho. Esses resultados evidenciam que, mesmo com custos de produção ainda em alta e clima desfavorável à atividade, o preço do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto pode não superar o do mês anterior.
As informações são do CEPEA e do MilkPoint Mercado.
Leia também: