No último dia 20 ocorreu o 334º leilão Global Dairy Trade, que encerrou novamente apresentando uma variação mista entre os principais produtos ofertados.
Em relação ao preço médio do leilão, foi observada uma estabilidade, com a tonelada sendo negociada em média por US$ 3.479, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
Sobre as principais categorias negociadas, após o leite em pó integral ter apresentado uma importante queda no evento anterior (-3,0%), desta vez se manteve em estabilidade, sendo negociado na média de US$ 3.172/tonelada.
Já a manteiga continuou apresentando alta consecutiva, renovando o maior patamar de negociação desde agosto/22, sendo negociada na média de US$ 5.379/tonelada, um avanço de 5,5% em relação ao evento anterior.
Ao mesmo tempo, o queijo e o leite em pó desnatado apresentaram desvalorizações nos preços praticados. Após um avanço de 7,4% obtido no primeiro leilão do mês, o queijo recuou em 3,3%, chegando ao preço médio de US$ 4.533/tonelada, ao passo que a desvalorização observada no leite em pó desnatado foi de 2,3%, sendo negociado em média por US$ 2.667/tonelada, o menor patamar observado nos último seis eventos.
Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 20/06/2023.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
Já relação ao volume negociado, o segundo evento do mês voltou a apresentar uma queda no total negociado, que chegou a 20.372 toneladas de lácteos, como pode ser observado no gráfico 2, ficando 11,9% abaixo do obtido no leilão anterior.
Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
Em relação aos contratos futuros do leite em pó integral, novas correções negativas puderam ser observadas nos contratos divulgados pelo GDT e negociados pela Bolsa de Valores da Nova Zelândia (NZX), sendo que os contratos futuros da NZX enfrentaram desvalorização ainda maiores quando comparado com o observado no GDT, onde somente os contratos com vencimento mais próximos apresentaram essa desvalorização, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral.
Fonte: GDT X NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2023.
Muito provavelmente, um dos principais pontos relacionados com essas desvalorizações observadas no mercado futuro é a demanda chinesa, sendo a China o maior país consumidor atualmente. Não é novidade que a China, assim como diversos outros países, possui como meta política a autossuficiência na produção de alimentos, e nos últimos dois anos, essa autossuficiência na produção de leite evoluiu de forma mais intensa, mostrando que existem de fato incentivos para a produção interna.
Porém, é importante salientar que apesar do aumento na produção de leite na China no 1º trimestre de 2023, o país ainda está longe de interromper sua necessidade de importação, e não coincidentemente este movimento de incentivo e aumento da produção interna está ocorrendo próximo ao início do acordo de livre comercio entre China e Nova Zelândia, seu principal parceiro comercial de lácteos, que permitirá importações de leites em pó sem tarifas a uma quantidade ilimitada a partir de janeiro/24.
Portanto, neste momento, essa desvalorização observada nos contratos futuros é um reflexo principalmente desta menor demanda chinesa atual, mas é importante esclarecer que isso não significa uma interrupção nas importações do grande asiático.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Bom destacar que, apesar de o GDT ser o principal balizador de preços de lácteos do mundo, nos últimos meses os nossos principais fornecedores de lácteos para importações (Argentina e Uruguai) continuam praticando preços bem superiores aos do GDT, em função da Tarifa Externa Comum (TEC) de 28% para importações de fora do Mercosul.
Neste cenário de preços internacionais em baixa, as importações do Mercosul seguem competitivas em preço no mercado brasileiro. Porém, com as atuais baixas de preços dentro do Brasil, o Mercosul terá também de reajustar suas cotações, sob pena de perder competitividade no mercado brasileiro.