Mesmo com a crise provocada pela Central Leite Nilza, oriunda das dificuldades em pagar fornecedores e funcionários, fato que tomou conta do noticiário no início deste ano, o mercado esteve praticamente estável. Os preços do leite apresentaram um leve recuo, mais relacionado a um ajuste entre os compradores, do que a uma tendência de mercado. Em média, os preços variaram negativamente 0,5%, menos de um centavo por litro (R$0,01/litro).
Na tabela 1 estão apresentados os preços do leite pagos em janeiro e as respectivas variações, em porcentagem e em centavos, em relação ao pagamento de dezembro.
Tabela 1: Preços do leite por região pago em janeiro de 2005 e variação em relação a dezembro de 2004.
A preocupação com relação à crise da Central Nilza baseava-se na possibilidade de "sobrar" leite originado de fornecedores que naturalmente evitariam vender à empresa.
O aumento da oferta provocaria sobra de leite no mercado "spot".
Vale lembrar que é na época das chuvas o período mais favorável para as indústrias ampliarem o quadro de fornecedores de leite para o ano. É mais fácil negociar! Neste caso, as indústrias compram dos produtores e pressionam para baixo os preços no mercado "spot".
Temia-se que a crise da Central provocasse o mesmo cenário que a crise da Parmalat havia provocado. Mesmo que em menores proporções.
Pois bem, a crise não se configurou. Em janeiro, os preços "spot" recuaram 3,42%. Na crise da Parmalat, a queda nominal (dinheiro da época) dos preços "spot" chegou a 31%. Embora com algum problema regional, a crise não foi suficiente para alterar significativamente o cenário geral.
Os agentes de mercado continuam apontando tendência de estabilidade e 17,5% deles sinalizam alta nos preços. Observe a opinião dos agentes de mercado em janeiro.
Além do mercado interno se recuperando, há a expectativa do aumento das exportações. Em volume, as exportações brasileiras foram 22% superiores às importações em 2004, segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio), tabuladas pela Terra Viva Consultoria. No caso do leite em pó, por exemplo, as indústrias brasileiras exportaram 120% mais do que importaram ao longo de 2004. Quando comparadas a 2003, as exportações de 2004 foram 53% superiores.
No mercado do leite longa vida, a linha de fluído mais consumida no país, os preços de janeiro estiveram 1,32% mais altos em relação aos de dezembro.
No início do ano sempre são esperados aumentos nos preços para o longa vida. É a volta às aulas e a recuperação do mercado entre os meses de fevereiro e março.
Vale ressaltar que, neste ano, o carnaval próximo das férias de janeiro acabou por prolongar o recesso. Tanto é assim que tem sido notícia na mídia a dificuldade das famílias em ajustar o orçamento com férias alongadas, festas e contas de início de ano.
Em função dos resultados do varejo em 2004, e a expectativa da indústria de embalagens, é provável que apesar do aperto no orçamento familiar o consumo de alimentos não seja afetado.
A Associação Brasileira de Embalagens estima elevar em cerca de 10% as vendas, baseadas na demanda interna. A produção de embalagens cresceu 9% em novembro de 2004, quando comparada com novembro de 2003.
Portanto, com relação à demanda, janeiro justifica a expectativa de mercado firme e o otimismo da virada de 2004/2005.
Que assim seja!