Visando longo prazo, Nestlé quer compartilhar valor

Para garantir sua presença no mercado, a Nestlé pensa no longo prazo, planejando ações socialmente responsáveis. A idéia é fazer com que benefícios sociais e ambientais sejam parte do processo de tornar a empresa mais competitiva no longo prazo, conforme um texto de Mark Kramer, da Escola de Administração Pública John F. Kennedy da Universidade de Harvard, que integra o balanço social da Nestlé.

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Segundo matéria de Célia Rosemblum, para o Valor Econômico, para garantir sua presença no mercado, a Nestlé pensa no longo prazo, planejando ações socialmente responsáveis. A idéia é fazer com que benefícios sociais e ambientais sejam parte do processo de tornar a empresa mais competitiva no longo prazo, conforme um texto de Mark Kramer, da Escola de Administração Pública John F. Kennedy da Universidade de Harvard, que integra o balanço social da Nestlé.

Dentro desse processo, em que o valor gerado pela companhia deve ser convertido em valor para todos os integrantes de sua cadeia de fornecimento, está o desenvolvimento de relações mais duradouras com fornecedores. Segundo a matéria, está fora de cogitação dispensar os produtores de leite que tradicionalmente abastecem a empresa para economizar dois centavos por litro de leite em uma eventual depreciação de preços no mercado. Poderia fazer sentido, já que apenas no Brasil a Nestlé computa anualmente a recepção de 1,5 bilhão de litros de leite. "Não atuamos assim", afirma Paul Bulcke, vice-presidente da Nestlé para os Estados Unidos, Canadá, América Latina e Caribe. "Amanhã esse fornecedor não estará mais com a gente e perdemos os outros que estão há vinte anos conosco."

O modelo utilizado pela organização é ilustrado por uma pirâmide. Na base está a responsabilidade - o cumprimento de leis, princípios empresariais, códigos de conduta. A camada intermediária é constituída pela sustentabilidade, pelo esforço para garantir o futuro. Na ponta do triângulo, figura a idéia de criar valor compartilhado: reduzir a pobreza, melhorar a saúde, capacitar as pessoas. "Não é possível haver uma atuação econômica sem responsabilidade social, mas é preciso uma hierarquia", explicou Bulcke.

Apesar do foco no longo prazo, a empresa procura um equilíbrio que visa o momento atual. O mercado reconhece isso: de janeiro de 2001 a 16 de novembro deste ano, as ações da Nestlé acumularam valorização de 51,9%. No mesmo período o Índice Dow Jones evoluiu 14,1% e o Índice de Sustentabilidade Dow Jones, que lista empresas socialmente responsáveis, subiu 18,7%.

A sociedade também parece reconhecer os esforços da companhia. Uma pesquisa feita pela GlobeScan no ano passado, com 21 mil entrevistas em 21 países, mostra que a cada quatro pessoas que consideram a atuação da Nestlé excelente ou boa existe apenas uma que a avalia como regular ou não-satisfatória. Nos países em desenvolvimento, a relação é de oito para um.

Os índices não transformam a Nestlé em uma unanimidade, mas a companhia tem conseguido vencer resistências que são verdadeiros pesadelos para algumas multinacionais. Embora continue como alvo principal das críticas e propostas de boicote da Baby Milk Action - uma organização não-governamental que pretende estimular o aleitamento materno e domina bem as técnicas para se fazer ouvir -, a empresa está em período de convivência harmônica com o combativo Greenpeace.

Hoje, o site do Greenpeace exibe os produtos da companhia na lista verde de seu Guia do Consumidor, o que significa que ela, comprovadamente, não usa alimentos geneticamente modificados nas linhas de produção.

Bulcke finaliza dizendo que "sair bem na foto" pode ser necessário, mas não pode ser um fundamento de gestão. "É preciso ser honesto com as pessoas", diz. "A atividade prioritária de uma empresa é criar valor para o acionista. Podemos achar o que quisermos. Mas essa é a dinâmica".
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Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/11/2006

Caro Frederico,

De todos os elos da corrente (pasme!) o produtor (que detém a matéria-prima e, por tal fato, deveria ser o melhor remunerado) é o mais sofrido. Os outros elos estão, sim, sempre em vantagem sobre ele: basta verificar quantos laticínios fecham por ano no Brasil e quantos produtores deixam a cadeia produtiva: a quantidade destes é muito maior do que daqueles.

E, acredite, não é porque somos em maior número, de sorte que a maior debandada tem sido dos produtores mais poderosos, profissionais do setor, e não dos pequenos e sem força financeira para bancar os custos. Isto nos mostra que alguma coisa está errada nesta pirâmide. E não se encontra a enfermidade em sua base: com certeza, esta tem residência em seu topo.

Que interesse posuem os laticínios em agir conjuntamente com o produtor, se nem na aplicação da IN 51 ajuda alguma nos destinam e nós e que temos que bancar, sozinhos, os custos da ordenha mecanizada, do tanque de expansão, da higienização ambiental e sanitária, além da mantença do rebanho, para recebermos, ao final, alguns centavos acima do custo do produto, já que preço por qualidade é coisa de americano?

Precisamos respeitar mais o produtor e passar a entendê-lo como essencial à indústria, ao invés de pretender mascarar a realidade que o sufoca.
Frederico Flauzino
FREDERICO FLAUZINO

XINGUARA - PARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/11/2006

O assunto em questão é pertinente, já que pode despertar interesse de outras empresas pelo mesmo tema, independente do tamanho da empresa.

Com relação à carta do leitor Guilherme Alves, produtor em Juiz de Fora, discordo pelo "preço pago pelo comprador de seu produto". A atividade leiteira realmente remunera muito mal todos os elos de sua cadeia, e se não houver ações conjuntas, continuaremos a imaginar que um ou outro elo dessa corrente sempre está em vantagem em relação a outro.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/11/2006

Afirmativas como estas nos deixam muito entristecidos, porque sabemos que a Nestlé é exceção no mercado lácteo brasileiro, onde os valores econômicos suplantam, em muito, aos sociais e aos de cultivo dos fornecedores, num verdadeiro mar de explorações.

O produtor nacional beira às linhas de pobreza porque não é valorizado, como deveria ser pelo comprador de seu produto. Se todos tivessem a visão da multinacional em estudo, a pecuária leiteira do Brasil estaria salva e nós não precisaríamos estar, constantemente, com os chapéus estendidos, à espera da esmola que nos pagam pelo leite que nossas vacas produzem, com o suor de nossas contas correntes.
Qual a sua dúvida hoje?