Depois de criar um negócio de cerca de R$ 3,5 bilhões na área de distribuição de insumos agrícolas, a Aqua Capital, gestora de fundos de private equity especializada em agronegócio, quer se consolidar no negócio de distribuição de produtos veterinários.
A intenção da gestora é que a VetBR, companhia responsável pelos investimentos da Aqua nessa frente, fature cerca de R$ 600 milhões até 2024, disse Bruno Santana, diretor da gestora à frente da iniciativa, em entrevista ao Valor.
A estratégia da Aqua nesse segmento teve início em 2017, com a aquisição da distribuidora mineira Casa da Vaca, forte na distribuição de insumos à pecuária leiteira. À época, a companhia faturava R$ 80 milhões, de acordo com Santana.
De lá para cá, a gestora fez aquisições menores e alugou um centro de distribuição em São Paulo para expandir a atuação. Com esses movimentos, a expectativa do executivo é que a VetBR feche 2019 com faturamento próximo de R$ 250 milhões, o que a coloca entre as principais companhias de distribuição de insumos veterinários do país.
A tacada mais recente, dada em junho, foi a aquisição do controle da Gretha, distribuidora de produtos (ração e medicamentos) para cães e gatos com atuação na Grande São Paulo. O negócio segue a mesma lógica de diversificação adotada em 2018, quando a VetBR comprou a Alfa, que também distribui produtos para animais de companhia, mas na Grande Belo Horizonte. Juntas, Gretha e Alfa dão à VetBR capilaridade no Sudeste, sustentou o executivo do Aqua.
Com a nova aquisição, o negócio de distribuição de insumos veterinários equilibrará o perfil de vendas, com cerca de 50% do faturamento gerado na área de animais de produção (sobretudo bovinos) e o restante para animais de companhia. A intenção da VetBR é que essa divisão permaneça mesmo com o crescimento previsto para os próximos anos, acrescentou Santana.
Com a aposta em animais de estimação, o Aqua quer acompanhar o rápido crescimento desse segmento. De acordo com Santana, as vendas de produtos para cães e gatos no Brasil crescem a taxas de "dois dígitos", uma tendência que já havia atraído o interesse de outros de fundos de investimentos - a varejista Petz, controlada pelo Warburg Pincus, fez um agressivo movimento de expansão de lojas.
Na avaliação de Santana, os gastos das famílias brasileiras com cães e gatos ainda tem muito potencial para se expandir. O país tem a segunda maior população de animais de estimação e a menor parte dela já é tratada como membro da família, cenário que vem mudando rapidamente, especialmente nas grandes metrópoles.
Questionado sobre a maior concorrência, o diretor do Aqua defendeu que as taxas de crescimento oferecem espaço a todos os players. No caso da VetBR, o modelo para animais de companhia é diferente do adotado por grupos como Petz e Cobasi, que vendem direto ao consumidor e, devido à maior escala, compram medicamentos e ração diretamente das fabricantes. Na VetBR, o foco é a distribuição para lojas de pequeno e médio porte.
Além disso, o crescimento da VetBR não está restrito ao segmento de animais de estimação. De acordo com Santana, novas aquisições podem ser feitas na área de animais de produção, para ampliar a plataforma de distribuição da companhia nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, especialmente em pecuária bovina.
Nos mercados de aves e suínos, as oportunidades são menores, reconheceu o executivo. Grandes integrações (BRF, Seara e Aurora, entre outras) compram os medicamentos veterinários diretamente.
As informações são do jornal Valor Econômico.