Venezuela segura saldo positivo na balança comercial em abril; Brasil começa a exportar para o México

Apesar do atual cenário de política cambial, o mês de abril fechou superavitário na balança comercial de lácteos, sendo o terceiro mês consecutivo que o saldo fecha positivo. Exportamos cerca de US$ 13,7 milhões e importamos aproximadamente US$ 12 milhões, gerando assim um saldo de US$ 1,7 milhão.

Para Vicente Nogueira, diretor do Departamento Econômico da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), certamente este saldo foi resultado de contratos antigos que estão sendo cumpridos agora. "No entanto, o Brasil construiu um bom nome no mercado internacional e não pode romper contratos já estabelecidos".
"Se nada for feito, ou seja, se não tiver alguma mudança na política cambial ou de conjuntura nos preços internacionais, dificilmente a balança comercial segue com esta performance", conclui Nogueira. A preocupação se justifica: no ano passado, maio e junho foram os meses de balança comercial mais negativa, resultando em importação de grandes quantidades de leite. Foi nessa época e com essa conjuntura que os preços, até então em elevação, começaram a cair.

Marcelo Costa Martins, assessor técnico da CNA, acredita também que este saldo positivo é proveniente de contratos antigos. "A partir de junho a balança comercial de lácteos deve fechar com um saldo negativo, devido ao dólar e ao fim de contratos antigos".


Importações

As tabelas 1 e 2 mostram as importações em volume e valor, do mês de abril de 2006, abril de 2005 e março de 2006. As importações, em valor estão 10% menores que em março de 2006 e 81,5% maiores em relação a abril do ano passado.

O principal produto importado pelo Brasil é o leite em pó com 53,2% das importações totais do mês de abril, em valor, seguido pelo soro de leite com 33,1%. Houve importação de leite condensado da Argentina, diferentemente do que ocorreu nos outros meses.

A Argentina exportou para o Brasil cerca de 75% do total, em valor, de leite em pó, enquanto que o Uruguai exportou o restante. Neste mês, o principal país exportador do soro de leite para o Brasil foi a França. Das 2.997 toneladas importadas, 31,7% vieram da França, 22,8% da Argentina e 12% vieram da Austrália.

Tabela 1: Importações em quantidades (mil kg)


Tabela 2: Importações em valor (mil US$)


Exportações
As exportações estão colocadas nas tabelas 3 4 e 5. Em volume, exportamos cerca de 7,9 milhões de quilos, aproximadamente 1,5 milhões de quilos a menos que em março de 2006. O valor exportado de US$ 13,7 milhões foi 18,5% menor do que em março de 2006 e 72% maior que em abril do ano passado.

O principal produto exportado pelo Brasil continua sendo o leite em pó, responsável por cerca de 47% das exportações totais, em valor, no mês de abril. Países como Venezuela e Argélia, são os principais importadores de leite em pó, respondendo por 66% e 10% das exportações brasileiras, respectivamente. Este mês o Brasil começou a exportar para o México; foram exportadas 22 toneladas.

O segundo maior produto exportado pelo Brasil continua sendo o leite condensado sendo o responsável por 31% das exportações totais, em valor neste mês. O maior importador de leite condensado foi a Venezuela, com participação de 29,5%, seguido de Angola, com 24% e Trinidad e Tobago, com 14%.

Considerando os valores exportados de leite em pó e condensado, conclui-se que cerca de 40% das exportações brasileiras foram destinadas a Venezuela, principal importador dos lácteos brasileiros em abril.

Tabela 1: Exportação em quantidade (kg)


Tabela 2: Exportação em valor (US$)


Tabela 3: Exportações em quantidade (kg) e valor (US$) dos leites em pó, condensado, evaporado e creme de leite


Gráfico 2. Evolução dos preços por tonelada (US$), em 2006, pagos pelas exportações do leite em pó, leite condensado, leite evaporado e creme de leite


Joice Rodrigues, Equipe MilkPoint