Variação de preços foi maior no atacado e varejo

Nos últimos dias, diversos leitores do MilkPoint questionaram os ganhos desproporcionais entre os elos que compõem a cadeia do leite frente à elevação dos preços dos lácteos, especialmente o leite longa vida, que inclusive já começou a perder força.

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Nos últimos dias, diversos leitores do MilkPoint questionaram os ganhos desproporcionais entre os elos que compõem a cadeia do leite frente à elevação dos preços dos lácteos, especialmente o leite longa vida, que inclusive já começou a perder força.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, entre janeiro e julho deste ano, os preços pagos aos produtores aumentaram cerca de 40%.

As cotações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), mostram que o leite longa vida integral vendido no atacado aumentou, em média, cerca de 65% no mesmo período. E, no varejo, a variação alcançou 62%.

Do mesmo modo, na comparação de julho deste ano com o mesmo mês de 2006, o acréscimo no preço médio do atacado foi superior ao do preço pago ao produtor e ao do mercado varejista, como pode ser visto no gráfico 1.

Gráfico 1. Variação dos preços pagos pelo leite in natura aos produtores e do leite longa vida integral vendidos no atacado e varejo, em porcentagem.

Figura 1

Entre julho de 2006 e janeiro deste ano houve queda de preços em todos os elos da cadeia. No entanto, a variação foi maior no setor varejista - redução de 7,6%. O atacado obteve a segunda maior variação negativa - de 5,6% - e o preço ao produtor caiu 2,3% no mesmo período.

Gráfico 2. Preços obtidos pelo leite in natura ao produtor e pelo leite longa vida integral no atacado e varejo, em reais por litro.

Figura 2

Analisando uma possível margem dos mercados atacadista e varejista, através da diferença entre o preço obtido com a venda do leite longa vida integral e o custo de cada elo (leite in natura pago ao produtor, no caso do atacado, e o produto obtido no atacado, no caso do varejo), observa-se que em julho houve um acréscimo de quase 70% no atacado, ao passo que, no varejo, houve redução de 10% em relação ao mesmo mês do ano passado (gráfico 3). Essa situação faz com que o varejo procure recuperar margens perdidas, utilizando estratégias como as descritas no último panorama de mercado.

Também, os dados mostram que, de março em diante, a indústria de leite longa vida foi o elo que obteve maior acréscimo de margem. Agosto veio com um começo de reversão do quadro, com o leite longa vida cedendo até R$ 0,40/litro no atacado. Como as margens do produto subiram muito nos últimos meses, a redução nesse produto, caso não seja acompanhada da redução em outros lácteos, pode não repercutir no preço ao produtor.

De fato, não há indícios ainda de redução nos preços ao produtor para o leite produzido em agosto, que deve ainda apresentar elevação. A expectativa é de manutenção em setembro, refletindo ainda o período de entressafra e preços internacionais elevados.

Gráfico 3. Evolução do índice da margem bruta do atacado (preço obtido menos custo com leite pago ao produtor) e do varejo (preço obtido menos custo de atacado).

Figura 3

Equipe MilkPoint.
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Roberto Antonio Pinto de Melo Carvalho
ROBERTO ANTONIO PINTO DE MELO CARVALHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/09/2007

Gostaria de enfatizar que, mesmo se o aumento (%) do preço for igual para o produtor e para outro estágio da cadeia (por exemplo, a indústria do longa vida), esta teria ainda aumento desproporcional, pois os outros componentes de custo (energia, mão-de-obra, embalagem, transporte), atualmente, não estão sofrendo aumento.

Em outras palavras, e supondo que o leite ao produtor tenha tido recuperação de 60% do preço e os demais componentes de custo permaneçam estáveis e representem 50% do custo, o setor longa vida manteria a margem absoluta de lucro com reajuste de 30%.

Concluo que o aumento exagerado do longa vida nas prateleiras foi um oportunismo condenável! Agora, estão retornando à racionalidade e responsabilidade social.
Helder de Arruda Córdova
HELDER DE ARRUDA CÓRDOVA

CASTRO - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 10/09/2007

É o momento para os produtores se capitalizarem e, se possível, investir na atividade. E não ir para a mídia (TV) dizer que estão ganhando dinheiro, como aconteceu recentemente com alguns produtores da região de Castro, PR.
Qual a sua dúvida hoje?