O avanço verificado nos últimos meses por parte de capitais estrangeiros - fundamentalmente mexicanos e venezuelanos - no setor de lácteos do Uruguai está pondo à prova a fortaleza do complexo e preocupa alguns membros do setor que vêem neste novo cenário uma ameaça para a estabilidade de um setor que cumpre um papel fundamental nos planos de desenvolvimento do Governo.
A aquisição por parte de capital mexicano da planta da Inlasa em Salta e da tradicional Quesería Helvética em Colônia se somam à compra por parte da Dulei S.A. da planta de lácteos do Frigorífico Modelo e a participação do grupo venezuelano Maldonado no pacote acionário da Ecolat S.A.
A Dulei S.A. é uma empresa de capital nacional, mas com forte presença no mercado da Colômbia, e o grupo venezuelano Maldonado está estreitamente ligado à neozelandeza Fonterra. Este havia participado da capitalização do grupo para saldar uma dívida de US$ 30 milhões na operação de venda da ex-Parmalat Uruguai, reservando-se a opção de passar seu capital a ações da nova empresa, decisão que finalmente adotou.
A presença dos grupos mexicanos adquirindo plantas no Uruguai modifica, por exemplo, o domínio das cotas para entrada de queijos no mercado mexicano, reconheceu a Cooperativa Nacional dos Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole). Fontes da cooperativa indicaram que até agora essas cotas eram distribuídas através da Câmara de Indústrias Lácteas do Uruguai, mas, a partir do novo cenário, são as empresas mexicanas que pretendem ter o poder de decisão sobre o que é enviado a este mercado.
Além das conseqüências para a Conaprole, a vulnerabilidade das pequenas e médias empresas preocupa o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai. O técnico da Oficina de Programação e Políticas Agropecuárias (Opypa), Manuel Marrero, advertiu que neste novo cenário há risco de o Governo perder a direção do desenvolvimento do setor.
Segundo ele, este tipo de empresas, em sua maioria transnacionais e que jogam nas "grandes ligas" do setor leiteiro, apóiam-se em uma base mais reduzida de produtores, mas muito selecionada quanto aos níveis de produção. Ele disse que não se opõe à entrada de capitais estrangeiros, sempre e quando estes são orientados de formas associativas com empresas já instaladas ou à geração de novas bacias leiteiras. O risco está na compra de empresas substituindo o atual esquema de funcionamento.
A Opypa considera fundamental impulsionar associações entre as indústrias pequenas e médias como forma de estabelecer um escudo de proteção contra as transnacionais.
A reportagem é do El País.
Uruguai: entrada de multinacionais muda cenário
O avanço verificado nos últimos meses por parte de capitais estrangeiros - fundamentalmente mexicanos e venezuelanos - no setor de lácteos do Uruguai está pondo à prova a fortaleza do complexo e preocupa alguns membros do setor que vêem neste novo cenário uma ameaça para a estabilidade de um setor que cumpre um papel fundamental nos planos de desenvolvimento do Governo.
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ARIBERTO LINDEMANN
TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 21/08/2006
Excelente o artigo, que retrata o movimento dos grandes conglomerados, que vem entrando nos mercados e desetabilizando todo o setor, além de não ter qualquer tipo de comprometimento com a cadeia. Acredito ser primordial esse comprometimento com toda a cadeia, de forma que possa haver crescimento e estabilidade, além de remuneração positiva e justa.