As maiores associações de fazendeiros europeus querem que o Brasil seja considerado país desenvolvido nas negociações agrícolas globais e são contra a conclusão de um acordo entre a União Européia (UE) e o Mercosul antes da conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para o fim de 2006.
"É impensável fazer acordo com o Mercosul, com concessões da Europa, e outro na OMC com mais concessões. Não podemos abrir duas vezes nossos mercados ao Brasil", afirmou o presidente do Comitê das Organizações Agrícolas Profissionais da EU, Rudolf Schwarzbock.
Ele lembrou que as exportações agrícolas brasileiras estão crescendo 20% ao ano. "São taxas impressionantes". Em sua avaliação, o impasse nas negociações entre Mercosul e UE decorre da "intransigência" do Brasil em abrir seu mercado. O processo está parado desde outubro de 2004.
O comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, disse ontem esperar que o debate seja retomado em setembro. Uma das opções é aguardar o fim das negociações na OMC, em dezembro, para tentar o acordo regional já sabendo o que ocorre no âmbito multilateral. "Há várias opções e vamos avaliá-las no início de setembro", afirmou o comissário.
Os fazendeiros acham que o Brasil, seja qual for o acordo, deveria deixar de ser considerado país em desenvolvimento diante de seu crescimento agrícola. Indagados sobre os problemas sociais do país, eles responderam que a culpa não pode ser atribuída aos outros. "Se a repartição dos ganhos das exportações do Brasil é mal feita, não é culpa da Europa", afirmou Schwarzbock.
"Se a UE parasse de plantar e o Brasil passasse a fornecer toda a alimentação européia, ainda assim não acredito que seriam os pequenos fazendeiros brasileiros que ganhariam e sim as grandes famílias e as próprias multinacionais européias instaladas no país", afirmou o presidente da entidade.
Os fazendeiros ainda partem para o ataque contra a situação social e ambiental no país, considerada "indecente". "Muitos no Brasil ganhariam se o país adotasse o modelo social europeu e os próprios agricultores brasileiros nos dizem isso. Agora, ninguém ganhará nada se adotarmos o modelo brasileiro", disse Schwarzbock.
Para ele, os ganhos nas exportações nacionais estão ocorrendo "às custas dos pequenos trabalhadores rurais e das florestas".
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe MilkPoint
UE quer considerar Brasil um país desenvolvido
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