UE: produtores desaprovam novas medidas ao setor

A EMB, European Milk Board, que representa produtores de leite do bloco europeu, criticou a decisão da Comissão Européia de re-instaurar os pagamentos de subsídios às exportações, bem como os pagamentos de intervenção. O grupo pediu, ao invés disso, um sistema mais flexível de cotas de produção, afirmando que isso serviria melhor para controlar o equilíbrio entre oferta e demanda, com um congelamento indefinido nas mudanças futuras do sistema.

Outros grupos, como a European Dairy Association (EDA), não foram tão críticos às propostas, apesar de estarem incertos sobre sua efetividade em compensar as preocupações de longo prazo dos produtores com relação aos custos. A restituição do esquema de subsídios de exportação entrou em efeito na semana passada, após a comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, ter dito que espera dar melhor suporte aos produtores de leite que estão sob pressão.

De acordo com a EMB, desde o outono do ano passado, os preços caíram para menos do que o nível de subsistência. O presidente da EMB, Romuald Schaber, disse que ao se afastar de sua política de desregulamentação do mercado de lácteos pela Política Agrícola Comum (PAC), a Comissão estava potencialmente arriscando o futuro dos produtores.

Citando os compromissos do bloco com a Organização Mundial do Comércio (OMC), Schaber sugeriu que a UE pode arriscar a atual proteção existente do mercado externo voltando a medidas como subsídios de exportação. "As conseqüências negativas para a Europa irão ser maiores do que qualquer possível benefício desta medida. Além disso, alguns outros países, como a Rússia, já estão debatendo se deveriam aumentar desproporcionalmente as tarifas de importação de produtos lácteos como reação aos subsídios de exportação da Europa".

Schaber sugeriu que nos dez meses desde que o Conselho de Ministros da UE aumentou as cotas de leite em 2%, o mercado de leite na Europa começou a ficar fora de controle. "A medida da Comissão de liberar o mercado de leite da UE já estava condenada a falhar desde o começo". A EMB disse que é favorável à regulamentação das cotas como a forma mais efetiva de controlar a oferta e a demanda. "Os produtores de leite europeus estão preparados para adaptar seu nível de produção para a demanda do mercado. Esta é a única forma de implementar uma política leiteira que seja benéfica tanto aos produtores como para os consumidores com preços estáveis e justos".

Entretanto, nem todas as organizações da indústria da Europa criticaram a estratégia da Comissão. A EDA disse que, com a situação do mercado de lácteos da Europa se tornando crítica, é vital que sejam aliviadas as preocupações dos produtores com relação à lucratividade e custos. O secretário geral da EDA, Joop Kleibeuker, disse que ele aprova as medidas tomadas pela Europa, buscando encontrar uma solução para as preocupações da indústria, mas disse que está preocupado com os potenciais impactos.

"Nós, entretanto, estamos realistas e acreditamos que o impacto no mercado dependerá totalmente dos níveis destas diferentes medidas", disse Kleibeuker. Segundo ele, a EDA espera que os subsídios de exportação serão efetivamente introduzidos a um preço que mande uma mensagem clara aos compradores de leite. "Este primeiro sinal precisa claramente refletir a intenção da Comissão de começar imediatamente o subsídio no nível necessário, dando as direções claras do mercado nos preços".

A reportagem é do Dairy Reporter, adaptada e traduzida pela Equipe MilkPoint.