UE: analistas acreditam em tendência de alta para 2008

A medida tomada pelas empresas de lácteos francesas Danone e Lactalis de aumentar os preços na semana passada faz parte de uma tendência de preços altos do leite, visto que a produção global não consegue acompanhar a demanda, disseram analistas.

A maior demanda por produtos lácteos, especialmente em países com economias prósperas, como Índia e China, coincidiu com a seca nos exportadores chave Austrália e Nova Zelândia que têm reduzido a oferta e aumentado os preços da matéria-prima.

Da Alemanha à Espanha e Grã-Bretanha, importantes fabricantes de alimentos, que também estão enfrentando maiores preços de grãos a frutas, todos tiveram aumentos nos preços dos lácteos. Alguns distribuidores, incluindo redes de supermercado, fizeram o mesmo nas 27 nações da União Européia (UE).

Com a demanda devendo crescer e a produção global incapaz de manter este ritmo, os preços dos lácteos na EU poderão somente subir daqui para frente, disseram analistas. "Em minha opinião, isso não pode ser evitado", disse o chefe da Atla, grupo que representa as principais companhias de lácteos francesas, Jehan Moreau. "Eu acho que as companhias serão forçadas a manter a pressão em 2008 e aumentar seus preços novamente".

A Danone, que na semana passada revelou seus planos de aumentar os preços dos lácteos na França em 10% a partir do próximo mês, espera que os preços do leite aumentem em 30% no primeiro trimestre de 2008 com relação ao mesmo período de 2007.

O presidente da francesa Lactalis disse que planeja aumentar os preços de seus queijos e outros produtos lácteos em 15% a 17% em dezembro.

Considerando que os varejistas tentarão manter suas margens, os consumidores da França e de outros locais da Europa enfrentarão maiores preços dos lácteos, ainda que este aumento não seja na mesma proporção do aumento feito pelas empresas.

Os preços internacionais dos lácteos aumentaram em 46% entre novembro de 2006 e abril de 2007, sendo que os preços do leite em pó aumentaram ainda mais rápido, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

As quedas na produção de leite não somente na Austrália e na Nova Zelândia, mas também na Europa, têm sido parcialmente responsabilizadas por isso. Alguns países como a França não estão conseguindo produzir a quantidade de leite permitida pelo sistema de cotas da UE porque muitos produtores deixaram a atividade leiteiras desde 2003, quando os preços caíram como resultado das reformas na política agrícola do bloco.

A França, segundo maior produtor de leite da Europa, agora sofre com a falta de vacas leiteiras e não é capaz de cumprir com sua cota de produção de leite anual de 24,47 bilhões de litros.

Associações de produtores dizem que os melhores preços do leite estão ajudando a estimular os produtores que permaneceram no setor, mas muitos danos ocorreram na Europa. Muitos produtores abandonaram o comércio para setores mais lucrativos, como cereais, e podem nunca mais voltar, disseram eles. Com os estoques de produtos lácteos da UE como leite em pó quase vazios e um período de três anos necessários para tornar vacas leiteiras jovens produtivas, os analistas disseram que os preços europeus irão inevitavelmente permanecer elevados em médio prazo.

A reportagem é da agência Reuters.