Depois de um compromisso firmado entre Washington e Paris em Biarritz para diluir os efeitos do imposto de Emmanuel Macron sobre as gigantes tecnológicas, a administração norte-americana ameaça retaliar a França com tarifas adicionais — até 100% — sobre a importação de produtos franceses, como o vinho, o queijo Roquefort e outros queijos típicos, iogurtes, produtos de cosmética ou mesmo malas de mão.
A intenção foi revelada por Washington depois de o Gabinete do Representante dos Estados Unidos para o Comércio avaliar os impactos do novo imposto francês para as multinacionais norte-americanas e concluir que o “GAFA” — acrônimo pelo qual é conhecido o novo imposto, por afetar a Google, a Apple, o Facebook e a Amazon — é “inconsistente perante os princípios prevalecentes da política fiscal internacional e é excepcionalmente oneroso para as empresas norte-americanas abrangidas”, refere a Reuters.
A Administração Trump ameaça ainda retaliar contra a Itália, a Áustria e a Turquia se estes países seguirem o exemplo francês. O momento em que o faz tem significado. Apesar dos avanços e recuos na “guerra comercial” sino-americana, Washington e Pequim continuam a negociar entre si para tentar impedir a entrada em vigor da nova vaga de taxas dentro de poucos dias (a 15 de Dezembro). Mas o motivo não é apenas este. A intenção norte-americana foi revelada na segunda-feira, a poucas horas de começar em Londres uma conferência da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), entre os chefes de Estado e de Governo dos membros da Aliança Atlântica, onde estará Trump.
Ao todo, o valor de tarifas que os Estados Unidos admitem lançar contra a França ronda os 2,4 bilhões de euros de dólares (mais de 2,6 bilhões de euros), representando um agravamento da carga fiscal face aos níveis de tributação atuais (o vinho francês e outros produtos europeus são atualmente alvo de uma taxa alfandegária de 25% quando entram nos Estados Unidos).
A resposta norte-americana já motivou uma primeira reação do governo francês, com o ministro da Economia, Bruno Le Maire classificando as ameaças da Administração Trump como “inaceitáveis”, cita o jornal Le Monde. “Não é o comportamento que esperamos dos Estados Unidos para com um dos seus principais aliados, a França, e de uma forma geral para com a Europa”, afirmou o governante já nesta terça-feira.
As informações são do Público.