A importância de maior estabilidade na remuneração da atividade foi pontuada pelo representante da Fetag e presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, como essencial para tornar a atividade mais atrativa às novas gerações. “A oscilação na cultura do leite é muito grande. Isso traz desestímulo para o jovem seguir na atividade. Temos que ter em mente que o leite muito barato hoje ao consumidor pode significar um preço muito caro amanhã”, salientou. Em coro, o diretor da Farsul Jorge Rodrigues citou a relevância de mão de obra qualificada e estudo para melhoria contínua da produção. “Os jovens têm que saber que esse é um trabalho dignificante.”
Mais que isso, pontuou o assistente técnico em Criações da Emater Ivar Kreutz, é preciso diálogo e visão. “Sucessão não se faz quando os jovens já foram. Eles não vão voltar. É quando são pequenos que é fundamental se pensar em sucessão”.
A importância de integração de gerações para o sucesso dos tambos leiteiros gaúchos foi exemplificada na apresentação realizada pela jovem Mariane Moz, sócia da Agropecuária Moz, de Tuparendi (RS). Ao lado dos pais, do namorado e de quatro funcionários, ela administra a propriedade com olhos no futuro e na qualidade. Segundo ela, diferentemente do que comumente se diz, sucessão rural na Agropecuária Moz não significa “substituir o velho pelo novo”. “Na Moz é diferente. Usamos a experiência dos meus pais aliada ao meu conhecimento técnico e à orientação de gestão e administração de custos de meu namorado”, pontuou.
O tambo, que começou de forma tímida a integrar a renda da família em 1994, hoje é a principal atividade da propriedade, que produz 4,3 mil litros por dia com 115 animais em lactação de um rebanho de 280 animais. O amor de Mariane pela produção começou ainda criança. Com 12 anos já ordenhava os animais e ajudava a família. Alguns anos depois, é ela que pilota os projetos de qualidade do leite e transferência de embriões, além do sistema de compost barn que garante bem-estar animal e bons lucros aos Moz.
Terceirização da recria
Um grupo de 20 produtores da região de Tuparendi (RS) vem obtendo excelentes resultados com a terceirização de alguns processos produtivos que permitam aos tambos focar sua atuação exclusivamente na obtenção do leite. A sócia da Fazenda Bom Sucesso, Marjorie Ghellar, relatou o processo de terceirização da recria de terneiras realizado pela Cooperativa de Produtores de Leite Fronteira Noroeste (Cooperlat). “Isso nos permite focar apenas na produção de leite e abrir espaço na propriedade".
Pelo sistema, as terneiras são remetidas a Uruguaiana (RS) para recria e só retornam com sete meses de prenhez prontas para a produção. Além disso, informa ela, a cooperativa vem ajudando muito com a prestação de serviços de maquinário a seus associados. Criada em 2006, a Cooperlat tem um total de 1,8 mil animais e produz 26 mil litros/dia.
Foto: Carolina Jardine
As informações são do Sindilat.