No total, foram apresentadas 83 propostas de todo o país, sendo classificadas dez para a final. O julgamento foi feito por 112 profissionais da cadeia do leite, incluindo produtores, pesquisadores, donos de laticínios, investidores e empresários do setor de inovações tecnológicas.
O agrônomo Nilson Morais Junior, da Systech Feeder,apresentou o equipamento de monitoramento que começou a ser desenvolvido por sua equipe há 18 meses. O sistema, que tem custo estimado de R$ 500, é acoplado a uma casinha com painel solar no teto, reservatório para o concentrado, leds que avisam o tratador sobre a condição em tempo real do animal, sensores que pesam a bezerra a cada entrada na casinha e medidores de altura.
Equipe da Systech Feeder comemora o prêmio do 2º Ideas For Milk em Juiz de Fora (MG) (Foto: Divulgação/Embrapa Leite)
Os dados totais são disponibilizados para o produtor, mas o tratador recebe na hora informação sobre o status do animal por meio de luzes de led. Se a bezerra atingiu a meta de consumo alimentar, a luz é verde. Se houver alteração no consumo, passa para azul. Se faltou alimento, acende a luz vermelha. O objetivo é informar o produtor o momento certo do desmame, otimizar o desempenho do animal e reduzir o custo alimentar.
A segunda colocada no desafio foi a Smart Farm, de Santa Maria (RS), que apresentou uma solução que “conversa” com a vaca. Trata-se de uma coleira que monitora as variações comportamentais do animal pela análise do tempo de ruminação, atividade e ócio. O equipamento capta uma série de parâmetros do animal, como se está no cio, temperatura, possíveis doenças, satisfação com o alimento etc. A empresa, que vem sendo desenvolvida há 5 anos, já monitora mais de 6.000 vacas em 43 fazendas.
A Mobi Milk, que criou uma inovadora sala de leite e de ordenha que chega pronta à propriedade montada em um container, foi a terceira colocada do Ideas for Milk. Lançado há 3 meses na Expointer pelo CEO Andrew Jones, o equipamento desenvolvido em Canoas (RS) é transportável por caminhão, dispensa obras civis na fazenda, tem ordenhadeira, resfriador de leite de 1.500 litros, sistema de escoamento total dos dejetos, funciona com apenas um ponto de energia e um de água e garante conforto ao ordenhador e ao animal. A capacidade é ordenhar de 24 a 30 vacas por hora e o custo do modelo standard é de R$ 58.700. Já está em testes na Cooperativa Santa Clara, na Serra Gaúcha.
Inovação integrada
Paulo Martins, chefe-geral da Embrapa Leite, disse que o desafio de startups nasceu em 2014 da necessidade de inserir a unidade nesse novo mundo de inovações que estava surgindo. “Percebemos, então, que o problema não era da Embrapa e sim do agronegócio porque são dois mundos diferentes que fazem a inovação digital.” De um lado, tem o conhecimento do zootecnista, veterinário e agrônomo e de outro o conhecimento de quem trabalha com computação, matemática e física.
“São dois mundos que não se cruzam. Quem entende de computação e matemática é urbano e não tem vínculo com os problemas do meio rural. A ideia era integrar esses dois mundos.” A Embrapa procurou, então, as universidades para fazer essa integração. A maioria das startups que apresentou projetos nasceu em aceleradoras de empresas ligadas a universidades. “Com o Ideas For Milk, percebemos que é possível sim fazer amizades e projetos em torno de um copo de leite".
Vacathon
Já no Vacathon - 1ª Maratona de Programação Rural para Produção de Leite - a equipe vencedora foi da instituição Insper. A maratona é uma competição na qual “times” vinculados a instituições de ensino superior no Brasil são desafiados a encontrarem soluções voltadas para a produção de leite em propriedades rurais.
Os times inscritos foram formados por integrantes que atuam de modo interdisciplinar ou multidisciplinar com conhecimentos complementares e que contemplassem a bovinocultura de leite.
As informações são da AgriPoint, Globo Rural e Pequenas Empresas e Grandes Negócios.