A expert aposta no chamado oleogel. Trata-se da mistura de um óleo vegetal com algum outro ingrediente considerado estruturante. Para ser mais específico, ela juntou o óleo de soja com uma cera retirada da carnaúba (uma palmeira).
“Essa mistura é considerada mais saudável porque a técnica não causa nenhuma modificação química no óleo”, explica Rafaela. Ou seja, se um óleo é mono ou poli-insaturado — tipos de gorduras consideradas benéficas —, permanecerá com esse perfil.
“Isso é totalmente diferente do que acontece na hidrogenação”, completa, fazendo menção ao processo que resulta na trans. Mesmo que a gordura originalmente usada seja benéfica, esse método (usado para permitir que a gordura permaneça sólida em temperatura ambiente) acaba transformando-a naquela substância nada saudável.
Com o oleogel, porém, a tal hidrogenação é desnecessária. “Conseguimos fazer o óleo vegetal ficar sólido com a ajuda do agente estruturante, que, no caso do meu trabalho, foi a cera de carnaúba”, descreve.
O teste no sorvete
Rafaela conta que esse tipo de doce utiliza mais ou menos 10% de gordura em sua formulação. É bastante coisa — daí o motivo de escolhê-lo como matriz para aplicar o oleogel.
No sorvete de baunilha em que houve substituição de 50% da gordura tradicionalmente empregada, a aceitabilidade geral ficou em torno de 58% entre as pessoas que o provaram – ou seja, de cada dez voluntários, seis aprovaram o gosto e outras características.
Já no sorvete em que 100% da gordura foi substituída pela junção de óleo de soja com cera de carnaúba, a aceitabilidade geral ficou em 50% (cinco a cada dez).
“Os resultados são satisfatórios”, comenta a pesquisadora. “Mas ainda precisamos realizar modificações na fórmula para aperfeiçoá-la”, admite.
De acordo com a cientista de alimentos, esse novo tipo de gordura tem potencial para ser incorporado a diversos itens, como cream cheese — algo que inclusive está em estudo nos Estados Unidos —, produtos cárneos, margarina e por aí vai. Agora nos resta aguardar para ver se os estudos influenciarão nas prateleiras dos mercados.
As informações são da Abril.