A silagem de milho é um alimento tradicional na dieta de vacas leiteiras, contudo outros tipos de silagem têm ganhado destaque, como a de soja e de trigo e podem ser complementares ou até alternativas ao milho.
Silagem de soja
É possível economizar na ração seca, o chamado concentrado proteico, com a substituição desse insumo por silagem de soja, produzida na propriedade. Além de reduzir custos, a alternativa proporciona aumento no teor de proteína do leite. Em dois anos de uso da silagem de soja na alimentação das vacas, o produtor Renato de Souza afirma que já foi possível notar melhora no índice de proteínas no leite, em análise do produto feita em laboratório.
O manejo da lavoura de soja para a silagem precisa seguir alguns cuidados. Para a produção de silagem com o teor adequado de proteína, a colheita precisa acontecer após 90 a 100 dias do plantio. O segredo é fazer um teste manual para verificar o teor de massa do grão de soja, que não deve conter água, apenas uma massa esverdeada. E é importante também não deixar passar do ponto, pois, se os grãos amarelarem, já não servem para a silagem.
Mas o engenheiro agrônomo Hélio alerta que a silagem de milho continua sendo necessária, além de manter parte da ração seca pronta, para compor uma alimentação balanceada para o gado: “Uma coisa complementa a outra. Não estamos substituindo uma silagem de milho. E sim complementando um silo mais proteico, economizando na ração seca, que são os concentrados, que é o que realmente representa o maior custo para a produção de leite, com um peso de até 27%, o que pesa bastante no orçamento do produtor. Quando o produtor vende o leite fluido diretamente para o laticínio, o valor recebido não é suficiente para cobrir todos esses custos. Por isso, essa opção de complementar a alimentação com a silagem de soja é uma boa alternativa para a agricultura familiar”, explica o extensionista da Emater-MG.
Silagem de trigo
A grande vantagem de se utilizar a silagem de trigo é o fato de se tratar de uma cultura de inverno, que não concorrerá com as culturas de verão tradicionais do sul do Brasil ou do Cerrado, como soja, milho e feijão. Assim, surge a oportunidade de se produzir uma silagem no período da entressafra, quando, normalmente, há área disponível para isso.
A silagem de trigo é um alimento energético que pode substituir a silagem de milho na dieta do gado leiteiro.
Vantagens do uso do trigo para produção de silagem:
- É possível fazer corte direto, ou seja, em apenas uma operação faz-se o corte, a picagem, transporte e compactação;
- Rusticidade em comparação a outras culturas usadas no sul do Brasil, como a cevada. Isso faz com que suportem mais uma estiagem, por exemplo;
- Maior sanidade, demandando menor aplicação de fungicidas e tolerando um solo de menor qualidade do que a cevada, que exige mais;
- Substitui e/ou complementa o milho;
- Pode-se fazer safrinha no inverno, o que é uma vantagem em regiões que não permitem o cultivo do milho safrinha.
Desvantagens:
O uso da silagem de trigo também tem algumas desvantagens, que são:
- Produção menor (produz mais ou menos um terço do que o milho produziria);
- O custo ($/kg) é um pouco mais alto do que o do milho, devido justamente à menor produção.
Assim, é importante que o produtor considere todos esses fatores para ver se seu uso encaixa-se aos objetivos de sua propriedade. Seu custo será um pouco mais alto que o do milho, mas permite que se plante soja no verão. É possível que os benefícios dessas duas culturas (soja no verão e trigo no inverno) ultrapassem os benefícios de se fazer silagem de milho no verão e pasto no inverno. Assim, o produtor deve consultar um técnico para avaliar qual a melhor opção para a sua propriedade.
Parte das informações são da Revista Rural.