Setor espera aumento das exportações em 2007

Em função da alta dos preços internacionais de lácteos, o setor espera um ano mais favorável para as exportações do segmento. Segundo André Mesquita, diretor da trading Serlac, há uma projeção de avanço de 20% nas exportações. De acordo com ele, já é possível observar aumento no volume de negócios devido aos preços mais altos. Desde outubro, o leite em pó subiu 20% a 25% no mercado internacional.

Entre dezembro de 2005 e dezembro do ano passado, a tonelada do leite em pó aumentou cerca de 46% (de US$ 2.050 para US$ 3.000 por tonelada), de acordo com Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).

Segundo Alvim, em 2006, o real valorizado em relação ao dólar desestimulou as vendas externas de produtos lácteos; para este ano, não há expectativa de grandes mudanças no câmbio, mas os preços mais altos dos lácteos devem ampliar o ritmo das vendas externas.

"Falta leite no mercado internacional", afirma André Mesquita. Ele explica que com a ampliação da União Européia - que passou de 15 para 25 países-membros - aumentou o consumo de lácteos dentro do bloco. Assim, a UE, maior exportador mundial, perdeu capacidade para atender à demanda externa. Além disso, segundo Mesquita, houve "crescimento significativo" da procura no Sudeste Asiático. A região importa da Austrália e Nova Zelândia que, para atenderem a demanda dos asiáticos, acabaram abrindo espaço para o Brasil no mercado.

Alvim acrescenta que a produção de leite da Austrália também diminuiu por conta da seca. E também houve queda na captação de leite na França e Alemanha, importantes produtores europeus.

Além de viabilizar as exportações, a alta dos preços no mercado internacional também deve desestimular as importações de lácteos. Para Alvim, a expectativa de aumento nas exportações já aquece a demanda por leite. Segundo Gustavo Beduschi, do Cepea/Esalq, o aumento das exportações pode aquecer o mercado, juntamente com a competição entre as empresas pelo produto. As chuvas também podem afetar a oferta.

As informações são de Alda do Amaral Rocha para o jornal Valor Econômico.