As empresas produtoras de leite se adaptaram à NBCAL (Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância) da Anvisa e hoje trazem nos rótulos informações quanto à importância do aleitamento materno. É o que afirma Jorge Rubez, presidente da Associação Leite Brasil.
Na semana passada, a Secretaria Estadual da Saúde divulgou estudo que 77% dos produtos analisados no Estado entre 2005 e 2006, a maioria formada por diferentes tipos de leite, não respeitam a norma da Anvisa e tem rótulos irregulares.
Em entrevista ao jornal Folha de SP, Rubez criticou os dados - diz que o leite foi comparado ao cigarro, como "se precisasse de um aviso "O Ministério da Saúde adverte".
A pesquisa analisou ainda diversos outros produtos. Os dados referentes aos alimentos para crianças de até três anos foram compilados e divulgados na última semana. Rubez comentou também o trabalho que é feito pelos produtores para evitar fraudes como a verificada no ano passado - em que uma operação da Polícia Federal detectou a presença de ácido nítrico e de soda cáustica no leite de produtoras mineiras.
Leia, a seguir, aos principais, trechos da entrevista:
Folha - Como vê a informação de que a maioria dos rótulos em São Paulo desrespeita a legislação?
Jorge Rubez - Os dados não correspondem à realidade hoje. Com a publicação da NBCAL pela lei 11.265, em janeiro de 2006, as indústrias estão cumprindo essa norma. Você pode olhar no leite longa vida ou em outros leites e estão lá os avisos: "Esse produto não deve ser usado para alimentar crianças, a não ser por indicação expressa de médico ou nutricionista" e "O alimento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos de idade ou mais". Não conheço nenhum leite que não tenha essas mensagens. Isso está sendo cumprido. Apesar de que o Sindicato dos Laticínios do Estado de São Paulo ganhou uma liminar que suspendeu o que a lei diz sobre os rótulos.
Folha - O dado prejudica a imagem que se tem do produto?
Jorge Rubez - Achamos ruim pelo fato de que compararam o leite como se fosse o cigarro, como se precisasse de um aviso "O Ministério da Saúde adverte" ou "A Secretaria da Saúde adverte". Somos a favor do aleitamento materno, podemos fazer propaganda disso. Mas da maneira como eles estão fazendo, daqui a pouco faltará colocar na embalagem uma caveira.
Folha - É a favor de uma campanha pelo aleitamento materno?
Jorge Rubez - A meu ver, nada substitui o aleitamento materno.
Tem que fazer campanha a favor, sim. Não pode dar leite para criança que tem até dois anos de idade. Quando terminar o aleitamento materno e a mãe não tiver mais leite, a única coisa que pode substituir [o aleitamento] é o leite de vaca.
Folha - E quanto aos leites voltados a lactentes?
Jorge Rubez - É o leite em pó. Os pediatras só recomendam quando a mãe não tem condições de amamentar. Ele tem os nutrientes mais próximos do leite materno que o leite longa vida e o pasteurizado não têm.
Folha - As associações do setor do leite estão se mexendo para evitar fraudes como a verificada no ano passado em Minas Gerais?
Jorge Rubez - Na verdade, aquela operação Ouro Branco foi cheia de falhas, e o Brasil todo acabou pagando. Vamos admitir que aquelas cooperativas pusessem soda cáustica no leite. Eram só duas cooperativas, o que representa 0,0000% da produção nacional. Foi divulgado de uma maneira tal que pareceu que todo leite estava com água oxigenada e soda cáustica. As indústrias de modo geral estão preocupadas porque perderam seu mercado. Isso traz muita dificuldade para as empresas, então ninguém quer ter seu nome no jornal com a notícia de que o leite foi contaminado. A fiscalização foi redobrada. Inclusive as entidades do setor estão preocupadas e estão fazendo análises, como faz a a ABLV (Associação Brasileira da Indústria do Leite Longa Vida).
As informações são do jornal Folha de SP, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
Setor diz cumprir regra para rótulo de leite
As empresas produtoras de leite se adaptaram à NBCAL (Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância) da Anvisa e hoje trazem nos rótulos informações quanto à importância do aleitamento materno. É o que afirma Jorge Rubez, presidente da Associação Leite Brasil.
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VILSON MARCOS TESTA
CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO
EM 05/10/2008
As leis brasileiras são muito "engraçadas", pra não usar o termos que melhor expressam a verdade.
Os consumidores são proibidos de consumir queijos feitos com leite não pasteurizado, mas podem comprar bebidas alcóolicas e fumar que, comprovadamente, causam muito mais danos e riscos a saúde humana. No caso do fumo e das bebidas alcoólicas se diz que o consumidor é que tem a autonomia pra fazer a escolha, mas o mesmo argumento não vale para os queijos.
No caso do leite a lei exige que se afirme "Esse produto não deve ser usado para alimentar crianças, a não ser por indicação expressa de médico ou nutricionista" e "O alimento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos de idade ou mais". E por que então, em critério similar, a lei não exige nos rótulos dos refrigerantes e bebidas alcóolicas frases como "tomar leite ou sucos é melhor pra saúde humana"? ou ainda impor fotos de fígados com cirrose no rótulo de bebidas alcoólicas?
E ainda tem gente que acha que saúde é tratada sempre e apenas como saúde.
"Qualidade e saúde são antes argumentos de comércio e jogo de interesses"
Os consumidores são proibidos de consumir queijos feitos com leite não pasteurizado, mas podem comprar bebidas alcóolicas e fumar que, comprovadamente, causam muito mais danos e riscos a saúde humana. No caso do fumo e das bebidas alcoólicas se diz que o consumidor é que tem a autonomia pra fazer a escolha, mas o mesmo argumento não vale para os queijos.
No caso do leite a lei exige que se afirme "Esse produto não deve ser usado para alimentar crianças, a não ser por indicação expressa de médico ou nutricionista" e "O alimento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos de idade ou mais". E por que então, em critério similar, a lei não exige nos rótulos dos refrigerantes e bebidas alcóolicas frases como "tomar leite ou sucos é melhor pra saúde humana"? ou ainda impor fotos de fígados com cirrose no rótulo de bebidas alcoólicas?
E ainda tem gente que acha que saúde é tratada sempre e apenas como saúde.
"Qualidade e saúde são antes argumentos de comércio e jogo de interesses"